Os resultados do top 100 de jogos solo da 1 Player Guild Brasil estão sendo divulgados! Por favor não deixe de conferir!
Esse é o segundo post da série que visa à avaliação dos modos solo não oficiais de Great Western Trail (GWT). No
anterior, fiz uma análise de Brisco, criado por Wil Gerken, com base nos preceitos da Automa Approach, do pessoal da Automa Factory. Hoje o objetivo é falar de Garth, criado por Steve Schlepphorst, também autor do modo solo oficial de Gugong. Para o texto não ficar muito extenso, o foco será Garth e, numa próxima oportunidade, farei uma comparação direta entre os dois, Brisco e Garth, para que vocês possam ter uma ideia de qual vai se enquadrar melhor em suas preferências.
Como o material de Garth ainda não havia sido traduzido aqui para a Ludopedia, fiz a tradução das regras e montei, juntamente com as cartas, um arquivo único, disponibilizado na área de arquivos de GWT. O link está
aqui. Garth foi adaptado para contemplar a expansão Railways to the North. Eu não a possuo e, como a esmagadora maioria de nós tem somente o jogo base, o arquivo aqui disponibilizado contem somente as regras para ele. Mais adiante faço o upload da versão com as regras da expansão.
Em primeiro lugar, as regras para Garth são mais complexas, mas muito bem explicadas e, logo que você o coloca na mesa, é bem fácil de entender como ele funciona. A iconografia adotada para as cartas é muitíssimo semelhante àquela do jogo base e fica fácil jogar depois que você a compreende. Não é nada como ocorre em Race for the Galaxy, de modo algum! Isso nos trás a um ponto que acho particularmente relevante: Garth é 100% independente de idioma. Lidas as regras e aprendida a tal iconografia, você está apto a jogar. No material há 3 cartas com instruções de setup e para a expansão, mas você não precisa delas para jogar. Para facilitar ainda mais, no material que disponibilizei, fiz uma modificação em relação ao original, colocando cada uma das cartas com um texto ao lado que explica os ícones. Só usei isso uma única vez para entender o que cada símbolo dizia, depois não foi mais necessário. É de fato fácil de entender.
Os componentes de Garth são também bastante simples. O deck é composto por 15 cartas, mas elas tem um tamanho meio esquisito. Na foto, consegui usar os sleeves do tamanho padrão USA, mas as cartas não são grandes o suficiente para ficarem bem dentro dele. Minha impressão foi 100% caseira, utilizando uma configuração de qualidade ótima da impressora com um papel um pouco mais rígido (100 g/m2), mas ainda assim não fiquei satisfeito com o resultado final. Como eu tinha cartas em excesso de outros jogos, cortei algumas delas (sim, fiz isso!) no tamanho adequado e coloquei por dentro do sleeve e daí ficou bem melhor. Se você não quiser ter esse tipo de trabalho, o
betoritter criou uma
implementação eletrônica para o Garth e você pode utilizá-la direto no celular. Isso faz com que só seja necessário ler as regras, sem a necessidade de imprimir as cartas.
Cartas de Garth impressas e devidamente sleevadas!
O setup do jogo contra Garth é idêntico ao de uma partida para dois jogadores. Ele precisará dos componentes para um outro jogador, mas não faz diferença onde você coloca os discos, ele não leva isso em conta. Esse é um ponto positivo, porque é uma coisa a menos que você precisa prestar atenção, ou seja, menos manutenção para o automa. Uma coisa que muda, e esse é um ponto muito interessante a respeito de Garth, é que ele se especializará em um tipo de trabalhador desde o início da partida. Para tanto, você seleciona uma ficha número 2 aleatoriamente e pega o marcador de contratos de Garth, colocando-o sobre o tipo de trabalhador sorteado para indicar a especialização. A depender do nível de dificuldade que você escolher para a partida, Garth também começará com uma certa quantidade de trabalhadores que variará de 0-4. Ademais, Garth receberá uma carta de objetivo inicial e será sempre o segundo jogador na partida. O último passo é embaralhar o deck dele e você já pode começar. Todas as cartas do deck são sempre utilizadas na partida, o que também ajuda um pouco mais no setup.

Setup de Garth. Repare o cubo dos contratos sobre o vaqueiro, indicando a especialização.
Assim como em outros automas, as regras gerais do jogo são um pouco diferentes para as ações de Garth. Ele toma muito emprestado de Brisco nesse aspecto. Entre outras coisas, por exemplo, sua movimentação é governada exclusivamente por cartas, ele não coleta dinheiro e, quando o peão dele passa por suas construções que exigem cobrança, você coleta o dinheiro diretamente do banco.
Minha experiência com Garth foi extremamente prazerosa e desafiadora. Um aspecto brilhante nesse automa é a especialização. A forma como ele se comporta variará demais em função disso e sua pontuação final refletirá isso muito bem. Em uma partida em que Garth se especializou nos vaqueiros, ele fez nada menos do que 40 pontos em cartas! GWT é um jogo muito mais estratégico do que tático e esse elemento de especialização é fantástico, impondo uma camada adicional de (boa) complexidade para suas decisões. Há ainda a possibilidade de que ele mude a especialização ao longo da partida e se comporte de forma diferente dali por diante.
Garth é um oponente difícil, que me lembrou muito um outro automa que me bate muito, o do
Projeto Gaia, sobre o qual também já
escrevi. Mesmo na dificuldade normal, Garth é difícil. Talvez, com partidas repetidas contra diferentes especializações, seja possível descobrir caminhos para bloqueá-lo e aproveitar suas fraquezas, mas ainda não consegui enxergar quais são. Se você não gosta muito de jogar solo, mas tem interesse em se tornar um expert nesse jogo, esse automa é um adversário que lhe permitirá explorar justamente esse tipo de estratégia customizada para adversários focados em caminhos específicos de pontuação. Se você bater Garth com frequência, certamente será um jogador melhor de GWT multiplayer.
Minhas primeiras partidas foram um pouco mais travadas por conta da necessidade de consultar as regras com maior frequência, mas isso acabou depois da terceira. De modo análogo a Brisco, entre o setup, jogar e guardar o jogo, dá para fazer tudo em 1h a 1:15h.
Embora amador, o trabalho de Steve em Garth é excepcional! Há, sim, alguma margem para que o texto fique mais claro, sempre há, mas nota-se uma evolução em relação ao que se fez em Brisco. Embora o autor reconheça no próprio texto que, eventualmente o jogador deverá tomar decisões para Garth, de um modo geral, as decisões dele são muito bem parametrizadas e com uma série de critérios de desempate muito claros. Em minhas partidas não foi necessário decidir por ele em momento nenhum. Pela minha experiência com automas de outros jogos, esse é um excelente indicativo de qualidade do design, pois demonstra que o designer foi capaz de se antecipar aos problemas do modo solo.
Eu gostei demais desse modo solo, sem dúvida alguma. Para mim, ele abrilhanta um jogo que já acho brilhante por si só. A questão da especialização foi uma sacada genial, que vai dar trabalho até para os melhores jogadores de GWT.
No próximo post, para fechar a série sobre GWT, farei uma comparação direta entre Brisco e Garth. Quem sabe vocês não se animam a testá-los até lá e também compartilham suas opiniões comigo?
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