Fala Galera, como vocês estão meus queridos?
Novamente estou aqui para passar minhas primeiras impressões após jogar uma partida de um determinado jogo. Como são primeiras impressões, já sabe que é uma análise mais superficial, mas que nem por isso não deixa de ser uma análise. Eu acho. Sei lá.
Bora pro texto?
Bom, hoje vou falar sobre o jogo Rattus. É, talvez seja um jogo bastante desconhecido por uma grande parcela de jogadores o que, na minha visão, é algo que deveria ser desfeito. Mas vamos a ficha técnica do jogo
Quantidade de jogadores: 2 a 4
Mecânicas: Controle/Influência de área, jogadores com diferentes habilidades (depois que compra uma carta)
Tempo de partida: 20 a 40 minutos
Ranking Ludopedia/BGG: 1346 / 866
(Jogo montado na mesa. Ele não ocupa muito espaço)
Ué PaladinoMonge, colocando ranking nos dados do jogo?
Sim, meu querido. Achei que seria válido para tentar mostrar a vocês que ranking nem sempre (ou quase todas as vezes) não quer dizer nada. Pode ser um balizador para vocês escolher os jogos que quer experimentar, mas pode também esconder pérolas que devem ser descobertas.
Claro que tudo depende do gosto do freguês, mas deixa eu tentar passar minhas impressões após a partida e como Rattus me conquistou por sua simplicidade, interação entre os jogadores e diversão.
Rattus se passa no período em que a Peste Negra assolou a Europa. Os jogadores tentarão defender sua população enquanto tenta assolar com a peste negra, a população de seus adversários. E para isso usará de sua astúcia e poderes de determinados personagens para que, ao final do jogo, tenha a maioria da população no tabuleiro.
(Você precisa defender seu povo da peste negra)
Esse é o tema de Rattus, mas nem preciso dizer que esse tema é bastante superficial e, tirando o fato de que a peste negra realmente aconteceu e que existem tokens de ratos que impactam os cubos dos jogadores (que seria sua população), você nem se lembraria desse tema. Na verdade, as mecânicas são completamente destoantes do tema, sendo que você poderia colocar qualquer outro tema onde há um tipo de infecção/praga/desastre e um componente que remetesse a isso (ao invés de um token de rato, ser um token de ave para um jogo com a gripe aviária como foco). Logo, se você procura um jogo temático, Rattus não vai te proporcionar isso.
Agora, deixando isso de lado, se prepare para embarcar em um jogo de controle de área com regras simples, de fácil assimilação, muito dedo no olho e estratégia para conseguir mantes seus cubos no tabuleiro. Na verdade, todas as suas ações terão esse foco: deixar seus cubos e tirar os do adversário. Afinal, quem tiver mais cubo ganha o jogo.
O jogo funciona da seguinte forma. Na sua vez, você poderá fazer 3 coisas (nessa ordem): Pegar 1 carta, colocar cubos (população) no tabuleiro e espalhar a praga. Vamos ver cada uma dessas ações.
(Você precisa colocar seus cubos no tabuleiro se quiser ganhar)
Vamos começar falando sobre a ação de pegar 1 carta. Essa ação é opcional. O jogador simplesmente pega uma carta disponível no estoque ou uma carta de outro jogador. Essas cartas dão uma determinada habilidade/poder a um jogador que poderá usar ou não no seu turno. No jogo base temos 6 cartas com poderes variados que auxiliam o jogador na sua estratégia. Tem carta que você coloca um cubo a mais, tem carta que permite tirar um cubo seu do tabuleiro (caso não tenha praga naquele momento no espaço) e alocar no castelo que é um espaço seguro (seus cubos não são mais afetados pelos jogadores) e até carta que permite olhar 2 tokens de rato e trocar eles de lugar. Ou seja, dependendo do momento do jogo e de sua estratégia, você poderá usar essas cartas de forma mais efetiva, ao mesmo tempo que elas ficarão concorridas. Contudo, uma vez que você tenha adquirido a carta (seja de outro jogador ou do mercado) não poderá se desfazer dela a menos que outro jogador pegue ela de você.
Ué PaladinoMonge e porque isso seria algo ruim?
Simples meu caro, os tokens de ratos têm ícones que se referem a essas cartas e que, ao ser revelada, atingem o jogador que detenha aquela carta. Mas calma, irei explicar isso na última ação da rodada, que é espalhar a praga. Saiba apenas que as cartas trazem um benefício muito bom ao jogador, ao mesmo tempo que aumenta seus riscos de ter seus cubos retirados do tabuleiro.
Vamos falar agora da ação de colocar cubos. Ela é bem simples. O jogador escolhe uma área do tabuleiro e coloca uma quantidade de cubos igual a quantidade de tokens de ratos que lá existam. Por exemplo, se eu escolho um local onde tenham 3 tokens de ratos, eu coloco 3 cubos. Eu só posso colocar cubos onde não há praga (tokens de ratos) se tiver a carta que me dá o poder de colocar um cubo a mais (no caso, seria 0+1). Bem simples não?
(Colocar seus cubos junto com outro jogador é uma estratégia valida de defesa. Mas também pode chamar a atenção dos outros jogadores)
Mas aqui é que mora o perigo. Literalmente. Depois dessa fase iremos para a fase de espalhar a peste que é o momento onde revelamos os tokens de ratos e retiramos cubos após solucionar cada um dos tokens.
Ainda não entendi o perigo disso Paladino?
Eu explico. Os tokens são revelados, mas eles só são ativados e, consequentemente, resolvidos, se a quantidade de cubos existente naquela área seja igual ou maior ao número que se encontra no token. Se você revela um token onde apareça o valor 5+, ele só será ativado se tivermos 5 cubos naquele momento. Assim, quanto mais cubos em um determinado local, maiores as chances dos tokens serem ativados e você perder cubos por causa disso.
Vou falar sobre a última ação, que é a de espalhar a peste, e aproveito e falo um pouco mais sobre o que há nesses tokens, até mesmo porque eles são revelados somente nessa ação.
(Algumas das cartas do jogo. Elas tem habilidades poderosas)
Assim como as demais, ela é simples: escolha um local adjacente de onde está a peste (que é um peão preto) e mova para lá. Você pode mover apenas 1 espaço na sua vez (a carta do cavaleiro permite andar 2 espaços). Depois disso, você verifica se há tokens de ratos no novo espaço. Se tiver, você vai espalhar a peste, pegando novos tokens de ratos do estoque geral igual ao número de tokens de ratos que tem no novo local, limitado a 2 tokens. Esses tokens devem ser alocados em locais adjacentes onde a peste se encontra.
Depois de espalhar a peste, é o momento de revelar os tokens de ratos. E é nesse momento que o tabuleiro vai sofrer mudanças com as retiradas de cubos dos jogadores.
Como falei acima, o token só é ativado se a quantidade de cubos for igual ou maior ao número impresso. Se for menor, apenas descarte o token. Se for maior, aí é hora de rezar e ver se você será impactado.
Os tokens terão 2 informações: Ícones de cartas (quem tem uma carta com aquele ícone perde um cubo) e letras (A – todos perdem 1 cubo / M – quem tem a maioria perde um cubo. Se empatar, os empatados perdem um cubo). Pode parecer pouco, não é? Mas saiba que um token desse pode ter várias informações, por exemplo, mostrar as letras A e M e ainda apresentar 3 ícones das cartas.
Isso pode acarretar em um efeito cascata e fazer com que um jogador que tenha 6 cubos naquele local, após a resolução de um token, fique zerado. E eu estou falando apenas de 1 token revelado (os outros tokens revelados posteriormente terão que atender ao requisito de quantidade de cubos para ser ativado). Se outros tokens revelados naquela rodada impactar o jogador novamente, ele terá seus cubos retirados de novo.
(O risco de ter uma carta na mão deve ser bem avaliado pelo jogador)
A dinâmica de toda a partida é essa: você pega ou não uma carta, coloca cubos no tabuleiro, olhando o melhor local para se defender da praga e conseguir manter esses cubos no tabuleiro. Depois espalha a praga, revela tokens, e torce para não ser impactado. Simples. Rápido. Dinâmico.
Mas o jogo não iria brilhar somente por isso. Ele brilha por causa da interação entre os jogadores. Ele é fator primordial para esse jogo ser tão divertido e tenso ao mesmo tempo. Suas ações serão baseadas nas ações dos outros jogadores. Você precisa prever o que seu adversário quer ou pode fazer e tentar ao máximo não permitir que ele faça isso ou, pelo menos, tentar mitigar o estrago que ele fará.
E haverá estragos.
Rattus é um jogo cuja pontuação é baixa por causa dessa interatividade. Raríssimas vezes você não irá tirar cubos do tabuleiro. E isso ocorre por causa das ações dos jogadores. Sim, isso é que me conquistou no jogo.
Você, através da ação de espalhar a praga, tem a capacidade de boicotar o plano de outro jogador colocando tokens de ratos onde ele está. Claro que há sorte envolvida nesse ponto, pois o token pode não ser ativado, mas existem maneiras de você mitigar essa sorte (colocando mais tokens ou usando cartas).
Mas PaladinoMonge, eu posso preparar todo o terreno, mas aí o jogador simplesmente sai de lá usando poderes das cartas.
É. Realmente isso pode ocorrer se você não pensar no fator fura olho do jogo e nos outros jogadores. Rattus é um jogo onde você acaba marcando sempre quem tem mais cubos e, se possível, tentando atingir o segundo lugar. E se você prepara um terreno que o jogador com mais cubo pode ser impactado, outro jogador fará isso por você. Não para te ajudar, mas para usar o que você planejou.
(A liderança passa de mão em mão até o final do jogo)
E não fique chateado. Você fará isso também. É parte integrante do jogo. Cada um marcando um ao outro até que o fim da partida acabe. Ou melhor, esteja para acabar. Pois nesse momento, as estratégias mudam um pouco de figura. Isso porque, depois que o trigguer de final de jogo é ativado, em ordem reversa, os jogadores poderão usar suas cartas mais uma vez.
Isso tem um peso muito grande no gameplay. Se você não tiver uma carta que te permita fazer alguma coisa, você não vai querer acabar o jogo e por isso fará outras jogadas tentando se beneficiar dessa última fase.
Eu sei que você deve estar se perguntando: Como é que jogo acaba? Quando os tokens de ratos do estoque acabarem. Quando isso ocorre, em ordem reversa, os jogadores poderão utilizar suas caras mais uma vez e, depois, todos os tokens de ratos são revelados. Essa dinâmica pode fazer com que reviravoltas ocorram e por isso mesmo os jogadores precisam se lembrar desse ‘pequeno’ detalhe e se planejar para essa parte.
Rattus é um jogo divertidíssimo que roda bastante rápido e que traz uma interação à mesa com uma tensão maravilhosa a cada rodada, uma vez que sua jogada deve ser uma resposta as jogadas dos outros jogadores, sem perder de vista quem está na frente e tentando tomar o lugar dessa pessoa, ou se manter nela.
E é por causa desse conjunto da obra (regras simples, interação, diversão) que não concordo nenhum pouco com o ranking o qual o jogo se encontra. Não vou me alongar aqui e falar sobre ranking, gostaria apenas de salientar, mais uma vez: Não deixem de experimentar um jogo por causa de sua posição em uma lista. Jogue o jogo. E se surpreenda. Vários jogos estão nessa mesma situação: sem hype, não muito conhecido, mas que, ao pôr na mesa, a diversão é garantida.
Rattus tem essa proposta e a entrega de forma exemplar. Talvez se tivesse miniaturas de ratos, ou meeples ao invés de cubos, ele seria mais bem avaliado. Mas ao meu ver, o jogo é lindo do jeito que é e consegue deixar aquela sensação de quero mais.
Vamos então lutar contra a peste negra?
Abraços e até uma próxima galera!