Sobre a rejogabilidade. Eu começo a ver AH e EH como bem parecidas só que com decisões estéticas diferentes. No EH você tem as cartas de mistério e o baralho de encontros especiais além das aventuras. Tudo isso muito solto na verdade. A mecânica é basicamente seguir as instruções para encerrar um mistério e ponto. Se você consegui fazer isso antes do relógio chegar a 0, o baralho de encontros especiais nem é usado. Isso garante uma rejogabilidade maior, mas sem nexo porque é tudo muito solto e no fim você só quer evitar que o boss final acorde e destrua tudo.
No AH eles unificaram as cartas de mistério e aventura no Arquivo e transformaram o Baralho de Encontros Especiais misturado com os Encontros de Outro Mundo no baralho das Anomalias. Bem, isso garante a AH uma coisa mais coesa e narrativa. Você ainda tem que fazer a mesma coisa do EH, por um fim aos mistérios satisfazendo as condições das cartas, mas ao invés de ser uma coisa jogada, a coisa tem um sentido. Em ambos os jogos o fim vai acabar sendo o mesmo, enfrentar um grande chefão no final dependendo de uma série de fatores e cenários (para o AH). Pra mim o fim não importa tanto (em qualquer caso vou conseguir acordar o chefão ou conseguir impedir que ele acorde), o que importa é a partida que pode acabar se tornando bem caótica em AH dependendo do que você decide fazer no jogo. E sobre enfrentar um mesmo chefe de novo e de novo ou refazer um mesmo cenário de novo e de novo, pra mim é a mesma coisa. É isso que acontece em vários jogos online como Silent Hill, Resident Evil e The Evil Within ou Alan Wake (meus jogos favoritos), até Fortnite e LOL são assim. Você sabe o fim, mas o que instiga é a aventura, ainda mais se você ir tecendo sua própria historia em conjunto com as cartas, o que torna a coisa toda bem mais RPG. Claro que essa comparação foi muito surreal, mas só para mostrar que o fim é obvio em qualquer um dos jogos e em qualquer um as escolhas vão levar a dois fins. Eu particularmente gosto de jogar de novo e de novo para sentir o gosto da aventura.
Sobre a fase do mito, eu fico meio em duvida sobre qual a melhor forma de conduzi-la. Mas tem um ponto em AH que quase ninguém observa, mas que pode dar uma opção de rejogabilidade mais foda que a do EH. Você pode eliminar as manchetes do cenário e ve o que acontece, você pode criar a condição de ler uma manchete na fase de mitos e puxar três fichas uma única vez e depois devolve-las a sacola (criando algo mais parecido com as velhas cartas do EH). Enquanto o EH tem apenas as cartas como condição, o AH tem as fichas e as cartas criando possibilidades para você brincar com isso e elevar a dificuldade da coisa ou reduzir.
Para mim o arquivo e o codex foram uma coisa brilhante. Eu só queria uma arte melhor nessas cartas, porque o EH pode ter o mistério mais meia boca do mundo em termos narrativos, mas tinha uma arte legal e acho que isso faz falta em AH, mas ai é só uma questão estética. E uma das coisas que faz a diferença em certas aventuras no AH e a possibilidade de remover ou adicionar peças de cenarios. Coisa que vem com as expansões, mas nossa isso deixou a coisa toda muito incrível. Por falar nisso, as expansões são ótimas, principalmente Sob Ondas Tenebrosas que adiciona os encontros complexos do EH juntamente com a possibilidade de viajar.
Enfim, eu amo tanto o EH pelo fator de viajar pelo mundo vendo todas as loucuras possiveis assim como amo o AH que acaba tendo uma pegada de Survival bem maior, mas se tiver oportunidade explore a cidade de AH também principalmente no inicio do jogo. O triste é que Rulebook Deluxe que tem a historia de cada bairro e localidade não veio para o Brasil.