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  2. Geral
  3. Por que paramos de jogar RPG ???

Por que paramos de jogar RPG ???

  • avatar
    Angelucci24/04/19 11:05
    avatar
    Angelucci
    24/04/19 11:05
    108 mensagens MD

    Quando eu comecei o canal eu queria abrir um espaço para compartilhar um pouco do gosto que tenho pelo RPG que foi o hobby que veio bem antes do meu contato com os jogos modernos de tabuleiro. No primeiro tópico do canal eu contei como comecei a jogar RPG na minha adolescência.


    Mas o que é o RPG ? A resposta mais óbvia é que ele é um jogo de interpretação de papéis.



    Se formos analisar friamente jogar RPG é exercitar sua imaginação. É conseguir construir um mundo paralelo sem limitações e cheio de perigos, desafios e aventuras. É conseguir visualizar nas suas mãos uma espada Vorpal e utilizar a mesma para cortar em pedacinhos dezenas de Goblins e Orcs. Quem nunca fez isso ?


    Não sei vocês mas eu já joguei no intervalo das aulas, durante as aulas (meu garoto que não leia isso rs), já joguei na praça, na rua em frente de casa, em qualquer lugar literalmente. nunca nos importamos se estavamos passando vergonha ou se tinha o  mundo olhando para você. Não nos importavamos onde estavamos jogando.



    Mas o tempo passa. Vamos crescendo e virando adultos. Responsabilidades, afazeres, projetos, estudo, graduação, pós-graduação, mestrado, doutorado, mercado de trabalho, etc. Muda nosso ambiente, nosso gerenciamento de tempo. Para agravar ficamos cada vez mais conectados. Cada vez passamos mais e mais tempo online. Não desgrudamos dos nossos smartphones. Acho que para muitos a última atividade do dia é checar seus emails e mensagens antes de dormir e a primeira ação ao acordar é a mesma coisa.


    O crescimento dos modernos jogos de tabuleiro tem conseguido tirar os jogadores por alguns momentos desse mundo digital. Sempre que iniciamos uma jogatina temos certeza que iremos passar algumas horas bem divertidas.


    Esse movimento offline dos Jogos de Tabuleiro não é uma moda, eu vejo como uma nova forma de interagir, de voltar a socialização pessoal, seja com a família ou amigos. Sem falar que as possibilidades envolvendo os jogos de tabuleiro são enormes nas áreas da educação e treinamento corporativo.



    Mas a pergunta que fica é: Por que paramos com o RPG ??


    Será que é porque não temos tempos para longas partidas ? Mas quantas vezes não passamos 4h horas jogando Eldrich Horror ou Zombicide ?


    É a dificuldade para se organizar as agendas do grupo ? Mas não conseguimos marcar nossas jogatinas ?



    Será que é por que os componentes do jogo de tabuleiro fornecem uma “desculpa” mais fácil para um grupo de marmanjos se sentar em torno de uma mesa e jogar ?


    Ou será que com o passar do tempo perdemos nossa capacidade de IMAGINAR ? Será que chegamos num ponto onde perdemos a capacidade de criar mundos, aventuras some ?



    Ou será que acabamos nos consideramos adultos e maduros demais para ficarmos sentados em torno de uma mesa com folhas de papel, às vezes algumas miniaturas, contando nossas histórias.



    Já pensou nisso ? Já pensou por que paramos de jogar RPG ??


    Te convido a parar por 5 minutos e refletir sobre isso. que tal lembrar de suas experiências, suas aventuras, até a compartilhar esses momentos conosco ?



    E lembre-se da próxima vez que ver um grupo de crianças correndo pelo parque ou nos “plays” da vida e brincando de “Polícia e Ladrão” não olhe para eles como crianças terríveis e sim como pessoas que ainda tem dentro de si o poder de sonhar, de imaginar. Quem sabe isso te faça lembrar que você também tem esse poder dentro de você e te motive a pegar seus antigos livros (sim pode ser a 2ª Ed do AD&D ou a 1ª do GURPS) chamar seus amigos e voltar a enfrentar Goblins e Orcs para salvar um reino de um destino cruel.




    Um abraço a todos e na dúvida sempre rolem a sanidade.




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    Comentários:

  • Paulo_Segundo
    821 mensagens MD
    avatar
    Paulo_Segundo24/04/19 12:12
    Paulo_Segundo » 24/04/19 12:12

    Eu ainda tento jogar rpg com certa regularidade. Tenho optado por sistemas mais simples, que deem menos trabalho de preparação para o mestre (eu) e investido mais em experiências narrativas do quem em crunch de regras. Atualmente estou narrando uma aventura de Arquivos Paranormais com 3 jogadores, passada nos anos 40 no Rio de Janeiro com uma pegada entre True Detective e Call of Cthulhu.

    Os BG são mais fáceis pq exigem menos tempo de preparação e possuem regras mais condensadas (dai minha busca por sistemas mais enxutos e maior enfase na história do que no crunch de regras fe combate)

    2
  • igorfernandespi
    593 mensagens MD
    avatar
    igorfernandespi24/04/19 13:14
    igorfernandespi » 24/04/19 13:14

    O RPG é meio incompatível com a vida adulta. O compromisso semanal ou mensal com o mesmo grupo é difícil. Além disso  eu costumava ser o mestre, dá muito mais trabalho que ser jogador.
    Hoje, não tenho interesse algum em RPG, pois como magic e jogos colecionáveis, para pegar um exemplo mais parecido com os board games, o RPG é um estilo de vida. As pessoas praticamente só jogam RPG. Não tenho vontade de ficar praticamente limitado a um jogo, em meio a infinidade de jogos existentes. 

    3
  • red_alert
    48 mensagens MD
    avatar
    red_alert24/04/19 13:20
    red_alert » 24/04/19 13:20

    Parei pelo mesmo motivo que a maioria pára: vida adulta. Mas após entrar no mundo dos BGs, lá em 2014, meu coração ainda pulsava forte quando o assunto era RPG. E em uma dessas conversas, uma amiga do grupo de BG disse que sempre teve vontade de conhecer o tal RPG mas nunca teve oportunidade. Era o que eu precisava ouvir. Como havia me desfeito dos meus livros antigos, tive que ir atrás das novidades do mercado e me deparei com o Dungeon Crawl Classics. Paixão a primeira vista! Desde então, além de participar periodicamente de eventos aqui no RJ, ainda tive o prazer de iniciar meu cunhado, que na época tinha 8 anos. Hoje em dia, meu tempo é dividido entre esses dois universos, Boardgames e RPGs.

    2
  • barao
    284 mensagens MD
    avatar
    barao24/04/19 13:43
    barao » 24/04/19 13:43

    Parei de jogar inicialmente porque estava surgindo um pessoal muito "bitolado" e levava tudo radicalmente a sério e pro lado pessoal. Hoje, penso que era indício da geração nutella.

    Acho que isso foi em 1999.

    Presenciei muitas discussões que o pessoal perdia a razão por motivo muito besta.

    Depois, a vida adulta ajudou a colocar uma pá-de-cal nas jogatinas.

    2
  • RenatoW
    313 mensagens MD
    avatar
    RenatoW24/04/19 14:10
    RenatoW » 24/04/19 14:10

    Meu problema em jogar RPG (ainda mais como mestre) é que devido a rotina nunca conseguia dar andamento a campanhas.

    Não que não seja legal One Shots de vez em quando, mas o melhor pra mim no RPG e desenvolver personagens e a historhi com a campanha, porém ficar sem prazos para jogar a próxima sessão é extremamente brochante.

    Nesse ponto acabei migrando para os boardgames, juntamos um dia esporádico e jogamos o quanto der. Mas ainda pretendo voltar a narrar futuramente.

    1
  • viniciusjf
    2713 mensagens MD
    avatar
    viniciusjf24/04/19 14:18
    viniciusjf » 24/04/19 14:18

    Na minha opinião, e em termos muito objetivos, porque exige tempo e mais do que isso - compromisso, exige envolvimento pessoal, coloca as pessoas diante de conflitos mais desafiadores que desejam encarar, e porque exige imaginação, o que tem atrofiado cada vez mais no nosso tempo. 

    4
  • Grima
    130 mensagens MD
    avatar
    Grima24/04/19 14:29
    Grima » 24/04/19 14:29


    Olha, vou responder por mim. Sigo jogando. De 15 em 15 dias geralmente. D&D 5ª Edição, mas já passei pela 3ª, 3.5  e 4ª edição. 

    Então, não vejo essa relação de que as pessoas estão "parando de jogar RPG". Nunca houve mares e mares de pessoas jogando RPG, pois sempre foi uma atividade de nicho. E continua sendo.

    Os jogos de tabuleiros modernos são muito mais massificados e objetivam atingir um número muito maior de pessoas. É muito mais fácil apresentar takenoko, 7 wonders e Carcassonne pra um novato do que um sistema de RPG.

    Ou seja, o próprio hobby dos jogos de tabuleiro já é mais acessível. Não espanta que existam muito mais jogadores de board games do que de RPG. Sempre foi assim. Sempre houve muito mais pessoas jogando monopoly, War, Detetive e Scotland Yard do que pessoas jogando RPG.

    O hobby dos jogos de tabuleiro também tem um lado consumista que movimenta muito mais a indústria e o capitalismo do que o RPG. Isso favorece a difusão dos board games muito mais facilmente quando comparada com o RPG.

    Enfim, meu ponto é que o RPG é muito mais de nicho do que os jogos de tabuleiro modernos, então é natural que menos pessoas o joguem.

    Eu particularmente, ando jogando mais RPG do que board games. Estou mais satisfeito. Me divirto mais. E sem gastar 1 tostão sequer. Mas cada um cada um.

    3
  • Angelucci
    108 mensagens MD
    avatar
    Angelucci24/04/19 14:50
    Angelucci » 24/04/19 14:50

    Já que comecei a discussão vou pontuar algumas coisas com os colegas.

    Realmente a vida adulta afasta a gente de determinadas atividades que demandam um tempo de preparo grande, como é o caso de se preparar uma boa aventura de RPG, se for uma campanha pior ainda, pois irá demandar muito mais tempo. Devido a isso as vezes prefiro as aventuras One Shot e quando tenho dificuldade de reunir o grupo parto para o Roll20, além de jogar boas partidas ainda consigo fazer amizades.

    Claro que vivemos sobrecarregados, mas quando tenho vontade de criar uma nova aventura eu acabou me abstendo de assistir alguns episódios de um seriado na netflix (netflix paga nois) e bolo a aventura. Mas isso é um ponto particular meu.

    Também vejo os board games como um elemento muito mais acessível. Mais fácil de apresentar e de atrair um público. São sempre jogos bem coloridos, cheios de peças e que mesmo que você um jogador eventual vai conseguir apresentar a ele um determinado jogo e rolar algumas partidas.

    Concordo que o RPG sempre foi nicho, e provavelmente é o nicho do nicho e vai continuar sendo. Também não acho que o número de jogadores está diminuindo, pelo contrário acho que novos estão surgindo em uma onda offline, os amigos dos meus dois filhos jogam, inclusive meu material de D&D 4ª edição está com o mais novo e os amigos dele.

    O problema das regras hoje é contornavel por sistemas com regras simples ou até mesmo pelo improviso. Me lembro que uma vez rolei uma aventura de CoC usando 2d6 onde os acertos eram computados se o resultado fosse menor que o atributo. E olha a ventura foi muito divertida.

    Quando ficamos adultos alguns desafios da juventude perdem um pouco o brilho, confesso que adorava jogar aventuras fantásticas quando era adolescente, mas hoje prefiro as que tenham terror, horror, suspense e dramas internos. E ai
    o que o viniciusjf disse é muito importante neste debate.


    viniciusjf:: Na minha opinião, e em termos muito objetivos, porque exige tempo e mais do que isso - compromisso, exige envolvimento pessoal, coloca as pessoas diante de conflitos mais desafiadores que desejam encarar, e porque exige imaginação, o que tem atrofiado cada vez mais no nosso tempo. 


    Hoje por procurarmos, falo por mim, temas mais adultos e com situações com maior impacto psicológico muitos jogadores se veem confrontados com sua própria essência.  Alguns se assustam com o que veem. Quem já jogou Kult por exemplo sabe do que estou falando. Vou dar um exemplo em uma partida de Vampire uma caçadora precisou tomar uma decisão onde colocou uma criança em risco e esta acabou morrendo. O impacto na jogadora foi visível. Nos jogamos para nos divertir, mas agora adultos as coisas ganham outro peso.

    Isso sem falar no atrofiamento da nossa imaginação.

    Gosto de board games ? Gosto e muito. Mas está tudo ali na minha frente. A miniatura representa nos mínimos detalhes meu personagem. Os efeitos das minhas ações também.

    Claro que são mundos diversos. Mas será que as vezes não estamos deixando o lado "adulto" obliterar nossa essência ?


    0
  • DWilliam
    650 mensagens MD
    avatar
    DWilliam24/04/19 15:05
    DWilliam » 24/04/19 15:05

    Joguei e mestrei RPG principalmente nos anos 90. Não posso dizer pelos outros, mas as minhas principais motivações para parar foram:
    - Necessidade de partidas de longa durações em formato campanha com as mesmas pessoas para extrair o potencial do jogo (desafio da sincronia de agendas);
    - Frustração em relação ao tempo investido (muitas campanhas sem fim ou com desfecho ruim por diversos motivos);
    - Dependência de mestre/narrador, que ainda por cima precisa ter várias habilidades para desempenhar bem sua função;
    - E mesmo com regras em excesso, muitas vezes me deparava com falhas em relação a equilíbrio (seja balanceamento entre personagens, de sorte, verossimilhança, etc, etc) ou de cobertura para diversas situações (dando ainda mais peso para a subjetividade do mestre/narrador).

    Mesmo com tudo isso, espero voltar a mestrar/jogar algo de curta duração (?) para breve. Considero RPG um nicho dos nossos queridos jogos de mesa, e por mais que tenha tido alguns problemas no passado, tive muitas horas de diversão também. Só não acho que irão ocupar o mesmo espaço de antes.

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