Na absoluta falta do que fazer enquanto espero as 4 longas horas até o início da oitava temporada de Game of Thrones, resolvi escrever alguma coisa sobre a jogatina de ontem, na Ludotecabgc, aqui em Brasília. Embora desta vez o quórum tenha sido baixo (apenas três almas), foi uma tarde muito boa, com ótimos jogos. De repente eu pego o jeito e esse registro acaba virando uma coisa meio semanal.
Aparecemos eu, Ricardo (Gamapol) -- fonte inesgotável de jogos, apesar de ele alegar que está "comprando menos" (deve estar comprando "apenas" uns 15 por mês) -- e Bernardo, um amigo meu que decidiu finalmente investigar se existe mesmo algum outro jogo no mundo além de Catan e Ticket to Ride.
Começamos com um velho jogo do Rüdiger Dorn: Goa, cujas regras eu havia aprendido na semana anterior com uma cópia da Ludoteca que eu havia levado pra casa. É interessante como cada designer tem suas obsessões: a do Dorn são tabuleiros com um grid por onde os jogadores vão deixando uma fileira de peças, como em Istanbul, Genoa e esse Goa. Eu achei o jogo mediano, com baixíssima interação fora da breve fase do leilão, além de não ter narrativa: não há uma história se desenrolando, a primeira rodada é igual à terceira que é igual à quinta que é igual à oitava. Pra quem gosta de sopas de chuchu como The Castles of Burgundy, Goa é um prato cheio. Pra mim, faltou pancadaria e sangue no olho. Ricardo levou a melhor com 36 pontos, Bernardo ficou em segundo com 30 (ambos adoraram o jogo), e eu amarguei a lanterna com 27. Fuén.
No jogo seguinte entramos no meu território: Ricardo sacou da sua sacola uma cópia de Power Grid, um dos meus jogos favoritos, ao ponto de eu ter um grupo que se reúne uma vez por mês pra jogar exclusivamente PG. O mapa foi Benelux, o mais indicado pra 3 jogadores. Nesse mapa, a usina mais barata é descartada na fase da burocracia dos steps 1 e 2 (e não só no step 3, como acontece na regra normal), o que acelera bastante o jogo. Se uma usina ecológica for a mais barata do mercado futuro, ela também pode ser leiloada, como se estivesse no mercado presente. Acho que essas são as principais mudanças desse mapa. Como eles não são powergrideiros viciados como eu, foi uma vitória relativamente fácil, em que eu iluminei 18 cidades na rodada final, contra 16 do Ricardo e 14 do Bernardo. Destaque para os recursos realistas bacaníssimos que o Ricardo usou pra incrementar a cópia dele.
Dali partimos pra Medina, um abstrato de 2001 do alemão Stefan Dorra, que também fez um dos melhores fillers de todos os tempos, For Sale. Jogamos a minha surrada cópia da primeira edição do jogo. É um jogo enganosamente simples, com muitas decisões agonizantes a serem tomadas. Abstratos com uma pegada espacial e possibilidade de passada de perna são minha praia, e levei minha segunda medalha de ouro no dia, com 52 pontos, contra 48 do Ricardo e 21 do Bernardo.
Bernardo precisou ir embora, mas eu e Ricardo ainda tínhamos mais mufa pra queimar. A saideira foi uma partida rápida de 7 Wonders Duel, jogada com faca no dente por ambos os jogadores. Eu investi em construir minhas maravilhas e nas cartas militares. Ricardo investiu nas cartas azuis, mas precisou ficar na ponta do dedo o tempo inteiro pra impedir que eu atingisse a supremacia militar. Acabei vencendo por 65 a 53, embora 7WD não seja muito meu tipo de jogo.
A tarde rendeu bem, ainda mais porque fiz barba, cabelo e bigode, vencendo três das quatro partidas -- uma raridade, pois geralmente sou o pato da mesa.
Terça-feira tem mais jogo, e quem sabe mais um texto. Valeu!