O novo é melhor?
Cult of the New ou Culto das Novidades poderia considerado um fenômeno comercial. Ele começa quando um novo produto é oferecido com sendo melhor que o antigo e o consumidor aceita isso como verdade.
Sabemos que nem sempre o novo é melhor, ainda mais se considerarmos produtos de base intelectual como jogos, onde entramos no campo abstrato das medidas de "experiência" e "satisfação".
Independente do novo suplantar o velho, o que precisamos saber é: novos produtos precisam ser desovados, independente das verdades da propaganda.
Onde entra nosso hobby?
Não faz muito tempo a industria dos board games entendeu essa lógica do consumo. Já se foi a época em que eram produzidas 30 mil cópias de um título e depois se esperava sentado pelos depósitos, estoques e prateleiras esvaziarem lentamente. Agora a moda é fazer 4 mil cópias, vender rapidão e xablaw, virou out-of-print.
Segundo um profissional do ramo isso teria acontecido por que foi identificado que o ritmo de vendas é mais fortes no lançamento comparado com a venda de longo prazo, ou seja, produzir muitas tiragens pequenas pra aproveitar esse período de "lançamento/re-lançamento" e manter o estoques baixos, abrindo espaço pra novas tiragens ou novos títulos.
Notem a lista de Hotness do BGG que muda toda a semana com novos jogos adicionados. Isso é o retrato do Cult of the New trabalhando.
E qual o impacto disso pra nós, consumidores/jogadores?
Qualidade dos lançamentos: As editoras querem lançar muita coisa, abrindo as portas pra vários projetos que talvez nunca vissem a luz do dia. Tais projetos podem não ter passado por boas baterias de playtests, pouco tempo para iterações de design gráfico e usabilidade, manual sem revisão e decisões de produção equivocadas. O típico jogo que quando chega na sua casa, você abre, até acha bonito mas não entende direito o manual, joga 2 vezes, sente aquele vazio e pensa que seria melhor "ter ido ver o filme do Pelé".
Mais gastos: claro que pra "ficar em dia" com os lançamentos vamos comprar mais jogos. Também é importante fazer parte do grupinho que faz review na primeira semana do lançamento. Wow, estou atualizado!
Valor no mercado secundário: menores cópias por tiragem podem ajudar na valorização do jogo para revenda, principalmente se o jogo for bom (cada vez mais raros) e ficar out-of-print.
Menos tempo: jogamos mais novidades e não rejogamos os grandes clássicos ou pior, o jogo que compramos mês passado. Toda sessão passa a ser um sermão de regras, enquanto o seu Agricola fica lá parado com as madeirinhas mofando (sério, aconteceu com a cópia do Israel Fonseca).
Tem solução?
Da parte da industria acredito que não, aliás, ela nem vê isso como problema, então não há uma solução a ser procurada. As editoras trabalham da forma que mais lhe convém, e se tem gente comprando é por que a lógica do mercado atual funciona, não é?
Da parte do cliente, ai sim, acho que temos pleno controle. Com a enxurrada de notícias, hype, lançamentos e a eterna busca pelo "Melhor Jogo com Mecânica/Tema/Designer/Arte XYZ", é importante reduzirmos o ruído de informação implementando um filtro. Filtro esse baseado no que você já gosta, ou o mais importante, no grupo (quem somos sem nossos grupos!).
Fica meu convite pra você tirar o pó do seu Puerto Rico ou The Castles of Burgundy, um Tigris & Euphrates e porque não, o Brass antigão que parece uma cartolina branca com uns quadradinhos (lol). Chame uns 3 amigos, feche uma mesa fixa e jogue repetidamente por 1 mês o mesmo título para ver se a chama não reacende e a procura por novos jogos da uma reduzida. Não garanto que a vontade de comprar suma, mas quem sabe mais competitividade e profundidade nas partidas, mais tempo jogando e menos aprendendo/ensinando regras.
Tendo dito tudo isso, agora vou pedir licença aos amigos pra ir lá no BGG ver quais os próximos lançamentos Pfister e do Martin Wallace, a lista de KS do mês e jogos com bovinos por ranking e data de lançamento.
+Moedas de Metal GWT (Moedas CO)
Após 2 meses de espera para fabricação, o belo kit de dólares americanos do velho oeste. Em meu jogo que mais pedia por um upgrade desse tipo devido a altíssima manipulação que as moedas sofrem durante a partida. Esse kit ficou famoso até no BGG, e vejam só, feito por brasileiros. Recomendo.
Prêmio Spiel des Djows de Melhor Upgrade de Metal Nacional
+ Brass (App iOS)
Tanto se falava de Brass nessa época que eu fiquei louco pra jogar, mas o caminho mais curto era esse App. A arte do app é diferente do Brass original e do Brass: Lancashire a usabilidade não é tão ruim, mas algumas informações que são super acessíveis na edição de mesa aqui estão escondidas em diversos clicks. Valeu a pena pra conhecer melhor antes de investir nos Brass da Roxley.
Jogatinas
GWT continuava sendo um favorito da turma, e com a chegada das Moedas de Metal só aumentou a vontade de coloca-lo na mesa.
Numa mesma noite jogamos GWT novamente e tiramos pó do Isle of Skye(ambos do mesmo designer). O jogo é extremamente agradável e tem algo que me instiga muito que é o fato dele não ser "resolvível", ou seja, não importa o tempo observando a mesa e os tiles dos oponentes você não vai conseguir fazer "A Melhor Jogada"… ela não existe nesse jogo e você tem que trabalhar com algum blefe e probabilidades. Uma coisa que acontece comigo nesse jogo (e que não me agrada) é ter que trabalhar de narrador: "vamos receber dinheiro", "quem tá atrás recebe 2 por cada oponente", "agora compre 3 tiles", "agora joguem"… isso me enche um pouco o saquinho.
Concordia FULL PAWA (Base + Salsa + Forum Tiles). Experiência sólida, grande jogo onde as expansões só agregam e não geram complexidade indesejada. Precisa ir mais pra mesa!
Conheci Lovecraft Letter. Não é meu tipo de jogo, mas tem características inegavelmente boas. Produção ótima, tempo de jogo na medida, somado ao twist do Cthulhu + Sanidade. Arte do Vincent Dutrait, mesmo do Medici.
Village + alguns módulos da expansão com o Bob_. A principio foi meio difícil visualizar tudo que está no board como algumas cartas que ficam abertas pra compra (butéco), mas depois que o jogo engrena ele vai longe, da pra pensar alguns turnos a frente e queimar bastante massa cinzenta. Achei um ótimo jogo.
Cacheta (isso mesmo, o jogo dos tiozões). Não sou muito de jogos populares com baralhos normais, então de vez em quanto aceito entrar numa roda dessas pra ver qualé. Não consegui jogar por jogar e tive que analisar cada ponto do jogo, mecânicas, sorte X habilidades. Me parece o jogo mais simples que se pode jogar com um baralho, e já vi jogos de cartas (modernos) xupinhando regras daqui. Bacana conhecer essa coisas.
Depois de jogar Stone Age no Board Game Arena meses atrás (e tomar um pau por não ter entendido o set collection) tive o prazer de jogar esse belíssimo tabuleiro com TheConcer e Lanzen no mundo real. Apesar de ter entendido as regras dessa vez, me sai como como se não o tivesse (pontuação pífia). Fiquei com aquela impressão de que é um ótimo jogo de entrada como dizem, mas para meu gosto ele é um pouco simples nas mecânicas e a parte da matemática (divisão do valor dos dados) eu dispensaria.
Na mesma brincadeira jogamos o badalado Sagrada. O jogo é tão simples que foi só abrir o manual e sair jogando. Esse puzzle me lembrou levemente o Blueprints (mas esse é 3D). Ótima produção, excelente arte na caixa e com componentes bem robustos. Um ótimo exemplo de jogo familiar que toda a casa poderia ter.
Depois de jogar uma vez Ganges no Yucata foi hora de colocar ele na mesa. Sai maravilhado da partida, ótimo jogo com proposta de estar sempre recompensando as jogadas com diversos combos possíveis.
Rolaram mais alguns Marco Polo no Yucata e depois tivemos um hiato grande no site.
IKI veio da coleção nipônica do Lanzen. Um jogo underground de um designer underground que consta como um ótimo jogo pelos poucos reviews no BGG. Parece que ele teve um KS de sucesso mas que gerou poucas cópias, então podemos dizer que estamos com um jogo bem raro no grupo.
Wishlist
Após ler inúmeros reviews, assistir gameplay e ler manual, Feudum sai da lista por um fator que eu não havia pensado até então: não parece ser o mesmo jogo em 2 jogadores.
Ainda na dúvida sobre qual Brass. butilheiro me recomendou o Birmingham, será?
O anúncio de On Mars do Vital Lacerda mexeu com você, mexeu comigo. No aguardo de mais detalhes.
Após jogar o Ganges no Yucata fiquei com agua na boca por mais. De olho numa cópia.
Root entrou pra sua listinha também que eu sei, entrou pra de todos por conta do barulho que ele fez. Me acalmei e deixei passar. Mas essa história de jogo assimétrico tá crescendo aqui no meu peito.
Acompanhei Essen, vi alguns videos de jogos que parecem promissores como Teotihuacan: City fo Gods, Newton, Gugong, Blackout Hong Kong, Ceylon(mais sobre esse no futuro). Expansões para os queridinhos GWT e Isle of Skye.
Apareceram no BGG alguns cadastros de Promos do Brettspiel Adventskalender 2018. Fui ver se tinham promos pra alguns jogos meus e estavam lá: do GWT (The Poker Table), Wildlands (The Thorns & the Roses) e Keyflower (Delivery Man).
E não percam no próximo episódio: Nada de mais acontece