Parece que o mercado de jogos de tabuleiro está ficando muito similar ao de jogos eletrônicos. Há quem lance um jogo razoável e depois lança uma expansão ou DLC que agrega coisas óbvias que deveriam ter sido lançadas no jogo base.
As editoras estão sendo sacanas? Sim, mas o próprio mercado consumidor incentivou isso, basta ver o oba-oba que aparece quando vem a palavra "expansão". Quem possui fica naquela expectativa de querer ter a expansão de qualquer forma, mesmo que não agregue muito ao jogo. Por exemplo, o Diablo 3 tem uma expansão que acrescenta a classe do necromante. É essencial para o jogo? Não. Poderia ter sido lançado no jogo base? Sim. É possível jogar sem ele? Sim. A classe adicional dá uma outra maneira de jogar? Sim também. Outro exemplo: Civilization 6, que teve vários DLCs com uma ou duas civilizações extras. Essas civilizações extras são essenciais para o jogo funcionar? Absolutamente nâo. Dá para jogar sem elas? Claro que sim. Poderiam ter sido lançadas com o jogo base? Óbvio que sim. Vale a pena gastar 10 reais por civilização extra? Só se estiver muito a fim de jogar com alguma em específico. Os 6 pacotes juntos pelo preço de lançamento chegam no total a 80 reais, quase o preço do jogo base. Foi uma forma que a editora arrumou de ganhar muito dinheiro fazendo pouca coisa.
Se fizermos paralelos com jogos de tabuleiros, as práticas são as mesmas. O Imperial Settlers vem com 4 civilizações e houve outras que lançavam uma civilização extra cada uma. Óbvio que aumenta a rejogabilidade, mas não são essenciais, até dá para jogar sem elas. Há o fato que o jogo chegou aqui já tendo várias expansões lançadas lá fora, ou seja, poderiam lançar logo uma "big box" com todas. Ficaria mais caro, lógico, mas pelo menos seria uma consideração com o público daqui.
O Alhambra tem várias expansões que não lançaram aqui, mas foi lançado um pacote com duas, em um saco plástico mesmo, economizando os custos da embalagem e que podem ficar na própria caixa do jogo. O Suburbia também veio em um pacote sem caixa e pode ser guardado na própria caixa do jogo. Por outro lado, a expansão Sorcery para o Barony vem em uma caixa que fica inútil quando se coloca tudo na caixa do jogo base, é um dinheiro gasto à toa. Idem para a expansão Peloton para o Flamme Rouge. O pior é que são jogos que poderiam vir já com as expansões embutidas no próprio jogo e que agregam maior número de jogadores, que é outra sacanagem comum dos criadores de jogos. Sagrada ser um abstrato e ter uma expansão que adiciona o quinto jogador é uma sacanagem sem tamanho, deveria sair assim de fábrica.
Por outro lado, há exemplos louváveis de jogos que vieram já com as expansões. O Metro veio pra cá com 4 expansões (que eu me lembre) que já existiam que eram vendidas separadamente. O 1920 Wall Street veio com dois módulos extras adicionais (embora sejam só algumas cartas extras). O Alhambra poderia ter seguido o exemplo e ter vindo com as duas expansões na caixa base.
Eu acho que os dois lados precisam mudar a postura. As editoras devem trazer jogos antigos com todo o material disponível de uma vez ou, na medida do possível, juntar vários pacotes de expansão em uma só (donos de Terraforming Mars que o digam). Já os jogadores devem adquirir aqueles jogos que julgam ser completos sem expansão e não criar altas expectativas cada vez que escutam a palavra "expansão".