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Dinosaur Island-Euro que valoriza mais tema do que mecânicas

  • Quantidade de partidas jogadas - 5


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    Dinossauros, uma paleta de cores neon fluorescentes e uma arte repleta de elementos que nos remete diretamente aos anos 80/90, mais dinossauros, dados de ambar com informação genética, mais dinossauros, a possibilidade de construir um parque de diversões repletos de... DINOSSAUROS e por fim, peraí, o que é esse saquinho com uma centena de meeples azuis? Dinossauros MARINHOS... 


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    Se jogos Euros tem por definição, uma baixa dependência ou associação de tema, Dinosaur Island está aí para mostrar que um tema bem implementado pode sim sustentar um jogo Euro. Desde o momento do unboxing, aliás, desde o primeiro contato visual com a caixa do jogo até a contagem do score final de uma partida, Dinosaur Island cria uma consistente atmosfera  que dá vida, de forma extremamente divertida, à experiência de se construir um parque de Dinossauros.

    Atmosfera essa com uma pegada meio irônica/canastrona numa vibe kitsch que flerta com o brega mas que ambienta os jogadores nos filmes dos anos 90 com uma competência raramente vista. A experiência até aqui só tem um breve intervalo de frustração, que se dá pela decisão na escolha da caixa para esse jogo. A quantidade de papelão, plástico e metal é absurdamente grande e incompatível com o formato default de uma caixa 30x30. Inclusive da expansão. Após o unpunch então é um deus nos acuda os primeiros setups e ainda pior reorganizar tudo, tanto que me fez entrar no KS do insert da folded space pro jogo.

    Cabe aqui um parêntese rápido:  faço essa análise baseada na versão Xtreme edition que tem uns componentes a mais da versão retail que chega pela Meeple BR em breve, mas que não altera em nada (apenas esteticamente) a experiência do jogo. A não ser a expansão modular Totally Liquid que resumirei no final.



    https://storage.googleapis.com/ludopedia-posts/0030e_seqwe6.jpg

    Voltando ao jogo, Dinosaur Island espalha tabuleiros compartilhados e individuais que vão ocupando a mesa de uma forma quase que um pouco desordenada mas delimitando bem as fases de um turno, tornando o sistema principal do jogo, praticamente uma sequência de mini games com diferentes mecânicas básicas:

    A fase 1 acontece no primeiro tabuleiro compartilhado e traz uma tradicional alocação de trabalhadores onde você aloca seus meeples cientistas para selecionar dados de DNA, obter receitas genéticas para construir dinossauros, aumentar sua capacidade de estoque de DNA, ou ainda passar a vez para obter mais pontos de ação na fase 3

    A fase 2 (outro board comum) é basicamente uma fase de mercado, onde você pode ir as compras para obter upgrades para o seu laboratório, comprar dna, atrações para seu parque e especialistas que vão constituindo seus poderes variáveis durante a partida.

    Partimos então para uma solitária fase 3 onde numa mistura de sistema de pontos de ação com mais um pouco de alocação de trabalhadores os jogadores simultaneamente executam ações em seus laboratórios, representados por boards individuais, como criar os dinossauros das receitas obtidas na fase 1, fazer um trade de DNAs, aumentar a capacidade e nível de segurança do parque, entre outras ações especiais que podem ser adquiridas nos upgrades de laboratório.

    Chegamos na fase 4 que acontece em outro board individual representando os parques de cada jogador que foram sendo construídos através de um tile placement de atrações e receitas de dinos, adquiridas nas duas primeiras fases. Aqui as coisas acontecem já no automático e a fase consiste basicamente num check de parâmetros construídos nas etapas anteriores para definir pontuação. O Nível de excitação (no geral definido pelos dinossauros do seu parque) determina o número de visitantes que você receberá gerando a receita de bilheteria, sendo também a hora de saber se dinossauros enlouquecidos sairão comendo seus meeples caso seu nível de segurança não esteja parametrizado de acordo com a periculosidade das atrações do seu parque. Score e parte-se pra fase 5 que nada mais é que um reset de turno.



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    Mesmo com uma produção MUITO acima da média e componentes simplesmente maravilhosos (outro parêntese pra falar das moedas de metal, esse gimmick já é default, mas eu realmente nunca vi moedas tão caprichadas e bonitas como desse jogo, nota 23,7 de 10) o lance de vários tabuleiros espalhados, mais as cartas de objetivos, plot twists, e centenas de meeples de dinossauros, etc.. não deixam a mesa vistosa, no entanto, funcionam muito bem para orientar o fluxo da partida e fazer com que após os turnos iniciais não haja mais dúvidas nenhuma sobre como o jogo funciona.

    Apesar da sensação de vários mini jogos, nada parece ser desconexo. O efeito de causa e consequência do que é feito durante as fases é extremamente bem amarrado dando o caráter estratégico na medida certa. Você sabe exatamente que se fizer determinada ação, precisará mais a frente ajustar uma outra para que no final não aconteça algo que não deseja. 


    A extrema simplicidade das mecânicas (não há absolutamente NENHUMA inovação nesse sentido) ajuda no baixíssimo downtime. E é nessa simplicidade e total ausência de criatividade em seus sistemas que Dinosaur Island encontra seus méritos. O exercício a ser observado aqui é justamente o de adequação dessas mecânicas mais básicas de jogos euro ao tema, esse sim, o protagonista absoluto. 

    Isso faz com que qualquer um que já tenha tido o minimo contato com Euros, já saia jogando e se divertindo com o foco na experiência de criar seu próprio parque de dinossauros. E em termos de design eu achei isso de uma beleza incrível. Pois me ficou a impressão que o objetivo de Dinosaur Island era exatamente o que o jogo se tornou, uma experiência agradável e imersiva sem ser pesado.

    A variabilidade do setup é enorme e afeta diretamente a rejogabilidade, já que os objetivos para condição de final de partida são sacados de um deck bastante variado, além das duas cartas de plot twists (também de um deck extenso, e diga se de passagem uma adição magnífica) que alteram algumas mecânicas. A competência e criatividade dos plot twists dão uma variabilidade rara ao jogo.

    As cartas de objetivos variam de acordo com a determinação da duração da partida (longa, média e curta) e as tornam exercícios estratégicos completamente diferentes de acordo com as cartas que são sorteadas. No entanto o sistema de final de jogo pode ser um pouco abrupto demais para alguns jogadores (lembrando o de Scythe por exemplo) já que tem seu gatilho disparado quando resta um objetivo não cumprido. Isso faz com que , apesar da baixíssima interação que Dinosaur Island traz, os jogadores fiquem sempre atentos ao jogo dos outros, pois uma vez que um reivindica um objetivo os outros precisam fazer aquilo na mesma fase, ou então o objetivo se torna indisponível e somente o primeiro jogador que o cumpriu levará os pontos referentes a ele no final. Não chega a ser uma marcação, mas é necessário acompanhar o jogo dos outros jogadores que se aproximam de determinados objetivos adequando o seu para nao ficar pra trás.


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    Como todos os jogos, Dinosaur tem seus problemas. As atrações genéricas demais destoam do excelente trabalho na amarração do tema e basicamente dão espaços para visitantes, 2 de dinheiro ou pontos no final, nenhuma diferenciação das mais simples, como montanhas russas por exemplo gerarem algum nível de excitação para seu parque, são notados nos tiles. O sistema de final de partida pode se tornar abrupto e incomodar alguns jogadores (não é meu caso) além de às vezes dar uma sensação de corrida, mas ainda assim, como disse anteriormente, tem seus pontos positivos e traz variabilidade na definição de estratégias para o jogo. Definitivamente (principalmente para a edição deluxe com expansão) a escolha da caixa ainda por cima sem insert é um erro, tornando o setup e organização um exercício bem chato. Por fim, confesso que fiquei com a sensação de faltar alguma coisa, não sei dizer bem o que, para que Dinosaur island fosse uma obra prima. Talvez mais decisões de gerenciamento dos parques, mais consequências quando as coisas dão erradas (overbooking e assassinatos nos parques) Mas nada disso  invalida o fato de ser um excelente jogo que verá muita mesa ainda.

    Se você está buscando um euro com alta profundidade estratégica, com mecânicas elaboradas ou um jogo com idéias novas e criativas, passe longe de Dinosaur Island. Agora, se você ama dinossauros, curte euros médio/leves, gosta de uma experiência agradável com um tema bem amarrado e uma variabilidade enorme de setup gerando diferentes caminhos estratégicos, pode começar a pesquisar mosquitos preservados em Ambar e seja bem vindo ao parque dos dinossauros.

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    EXPANSÃO - TOTALLY LIQUID

    A expansão que vem com a última versão do KS traz módulos que incrementam a experiência do jogo, além de novos tiles e cartas do jogo base. Vou passar rapidamente por cada módulo só para dividir o que a caixa traz a mais:

    Quinto jogador - Não há muito o que dizer aqui rs, mas confesso ter jogado somente com 2 a 4 jogadores e não sei se um quinto jogador é algo recomendável. 

    Dinossauros Marinhos - Mais meeples incríveis de dinossauros, dessa vez azuis rs... esse módulo basicamente adiciona mais variabilidade para o gerenciamento na escolha da criação de seus dinossauros, a diferença é basicamente que os tiles de dinos marinhos possuem uma alocação individual de cientistas e composições mais desbalanceadas entre seus níveis de ameaça, excitação e pontos de vitória. Não sei dizer se proposital ou não.

    Facilities e Executivos: De longe o módulo mais irado do jogo, é basicamente um módulo de poderes variáveis mas com uma criatividade e adequação ao tema incríveis. As facilities são espaços novos para alocações de trabalhadores, mas muito distintas uma das outras, vão de cassino até incubadora e criadouro de bebês dinossauros (sim temos mais meeples dessa vez de dinossauros filhotes e ovos) passando por um mega ultra T-Rex. Já os executivos são trabalhadores com poderes diferenciados.

    Blueprints: Outro módulo interessante que dá uma dinâmica diferente e recomendo bastante. As blueprints são basicamente um gabarito secreto do jogador de planta baixa para construir seu parque, no final do jogo quanto mais atrações tiver construindo respeitando o gabarito mais pontos leva

    PR cards: Cartas de pontuação secretas. Cada jogador recebe duas dessas cartas e no final do jogo revela uma. A carta revelada fornece a pontuação para toda mesa. Ou seja no final do jogo todos pontuarão um objetivo particular que mantiveram secretos durante a partida e mais os objetivos secretos dos outros jogadores. Só joguei uma vez com PR e ainda tenho dúvidas se gostei ou não. A idéia me agrada bastante mas não sei dizer se se adequa bem a esse jogo.

    Por fim, não sei se a MeepleBR trará a expansão também, mas caso tenham a oportunidade eu recomendo tê-la e adicionarem os módulos que gostarem mais.



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    O Área 21 é um canal que ainda está engatinhando e aprendendo como contribuir com o hobbie, a idéia é sempre tentar focar em jogos menos falados ou versões diferentes, inclusive daí vem a brincadeira com o conteúdo desconhecido da área51 mas com o ddd do RJ (localidade da base rs...) mas isso não impede de falar também sobre jogos mais "famosos" que aparecerão uma vez ou outra por aqui. O mais importante é gerar debates sobre o hobbie e os jogos e interagir com a galera seja por identificação ou por discordarem completamente com minha opinião. 
    Se quiserem acompanhar futuras resenhas é só se inscrever no canal aqui da ludopedia, e se quiserem acompanhar o que tem visto mesa e saber de uma ou outra novidade segue lá no instagram @area21_bg


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    Comentários:

  • Mais um review primoroso!!!!!
    Mas.... cadê o primeiro review de um Feld heim!?!?!?   :)

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  • RMaia8::Mais um review primoroso!!!!!
    Mas.... cadê o primeiro review de um Feld heim!?!?!?   :)


    Lendo hoje o manual do carpe diem e provavelmente segunda chega o macao... veremos kkkk

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  • Excelente texto meu camarada! Espero até o final do ano um Review de algum Coin, abraços.

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  • Queria tanto que a Meeple BR trouxesse essa versão extreme. Esses meeples diferentes são irados !
    Mas acho que não vai rolar...

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  • bhenrique::
    RMaia8::Mais um review primoroso!!!!!
    Mas.... cadê o primeiro review de um Feld heim!?!?!?   :)


    Lendo hoje o manual do carpe diem e provavelmente segunda chega o macao... veremos kkkk


    Nem me importo se vc começar pelo Macao.... melhor Feld de todos os tempos hoje e sempre!!!!!!!!!   :)

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  • Rafael Silva::Excelente texto meu camarada! Espero até o final do ano um Review de algum Coin, abraços.


    Esse ano pelo menos umas primeiras impressões saem por aqui de alguns coins. O problema é que é dificil jogá-los mais de 4 5 vezes pra poder fazer uma review mais aprofundada :)))

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  • Excelente review!! Estou de olho no Dinosaur Island desde que lançou, só não o peguei antes por causa do idioma mesmo, o que atrapalharia a jogatina para os demais membros do meu grupo. Fiquei muito feliz que ele será lançado esse ano e o comprarei assim que possível.

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  • Tu tá muito sinistro nessas reviews cara, parabéns. Me atrevo a dizer que esse é o euro mais imersivo que já joguei, inclusive mais temático que aquele ameritrash lovecraftiano que a galera idolatra.

    Que venham mais reviews!

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  • Gostei do texto, ele me fez dar uma segunda olhada no jogo. Há algum tempo, eu pesquisei por jogos com o tema dinossauros, é algo que gosto, mas com poucos jogos de destaque. Diria nenhum até.
    Esse chamou minha atenção, mas vendo imagens e passando rápido por videos e manual, achei ele confuso, visualmente, além de todo esse clima 80/90 e cheio da vibe neon, não me agradar nem um pouco, preferia algo mais cru como nos filmes do Jurassic park.
    Fico satisfeito de saber que sairá no Brasil, além de saber que a mecânica, apesar de simples, casa bem com o tema, dependendo do preço, talvez eu ignore os "problemas" estéticos e dê uma chance ao jogo.

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Ilha dos Dinossauros - Dinosaur Island-Euro que valoriza mais tema do que mecânicas

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