Meus dois tostões:
MOITA1980::O que pode ser, aí não sei se é o caso do amigo, para a gente que joga muita coisa, pode ser que bata aquela sensação de que "já vimos tudo". Isso acontece às vezes comigo, hoje em dia é mais comum eu ser surpreendido por coisas mais leves do que mais pesadas.
Eu também ando meio assim com relação aos euros (e aos jogos de modo geral), Moisés. Bem saturado, particularmente com os "euros raiz"... Ultimamente parece tudo muito "mais do mesmo": um monte de jogos genéricos, usando as mesmas mecânicas e com tema colado a cuspe.
Tanto que da lista dos anunciados em Essen, só me interessaram aqueles que parecem ter algo novo (mecânicas, implementação do tema, etc.):
Arquitetos,
Gùgong e
Valparaíso (e também talvez eu pegue dois clássicos que serão relançados em breve),
Firenze e
Endeavor.
Os lançados que estão surfando no hype, como Newton ou Coimbra não me animaram tanto quanto animariam um tempo atrás.
RMaia8::Se vc olhar pro que sai NO BRASIL, talvez seja um amontoado de jogos com penduricalhos de apelo comercial, visual e estético (os Scythes e Invasores da vida...), mas tem um mercado muito mais amplo que isso. Cada vez mais vai ter Eric Langs e Jamey Stegmayers no nosso mercado, pq é o que vende em maior volume [...]
Aí, Maia, vou discordar veemente de ti, pois vamos cair naquele que conversamos nesta semana: é a questão subjetiva do gosto e da máxima de ouro dos jogos de tabuleiro:
nem todo jogo é para mim. Ou como você e o Marcius fizeram nas suas listas.
Sinceramente, vejo Stegmayer e Lang como designers excelentes, que conseguem trazer coisas sempre inovadoras. Você não gosta deles, ok. Não significa que os jogos deles sejam ruins. Você também odeia
Amerigo,
Bruxelles 1893,
Ora et Labora,
Eclipse ou
Twilight Imperium por motivos pessoais (frescurite aguda...

), mas nem por isso estes jogos são ruins. Pelo contrário, são espetaculares.
Lembra o que aquele nosso colega polêmico disse: "jogo é igual bunda".
Aí tem os pentelhos mais radicais que reclamam que os euros estão super-produzidos, que o bom era na época dos cubinhos e do guaraná de rolha e que miniatura é coisa do capeta. Bom, essa questão da produção caprichada é uma tendência de mercado muito forte, e eu não acho que irá acabar tão cedo (nunca, na minha nada humilde opinião - é algo que veio para ficar). Basta ver os clássicos que estão sendo reeditados em edições mega caprichadas (
Brass,
Vanuatu,
London,
Princes of the Renaissance, etc.).
Reclamar disso parece ser questão puramente de gosto, e nenhum problema quanto a isso. Tem gente que prefere vinil a CD até hoje.
Sei que os mais chatos vão falar "bobagem, o que vale é a mecânica". Eu não vejo dessa forma. Eu vejo os jogos de maneira holística: tudo, mas
tudo mesmo, tem de me agradar. Mecânica, arte, produção e implementação do tema (quando existe). Simplesmente não consigo ver um destes elementos isoladamente ou superior aos outros. Daí, para mim, a genialidade de alguém como o Jamey Stegmeier ou Martin Wallace, que sabem combinar brilhantemente todos estes elementos.
"Ah, mas Scythe mecanicamente é fraco". Pode ser. Mas eu não fui atraído somente pela mecânica. Foi pelo "conjunto da obra", para usar um clichê - e cada vez mais é o que me interessa nos jogos. Se eu quisesse saber só de mecânicas, iria jogar gamão ou abalone. Nada contra quem pensa assim (ou que vai no diâmetro oposto, valoriza apenas as miniaturas), mas não funciona para mim.
É o motivo pelo qual jogos como
Terra Mystica ou
Antiquity não me descem, de modo geral; mecanicamente podem ser muito bons, mas a falta de conexão entre mecânicas e tema (a ponto de serem, na prática, jogos abstratos) e a produção paupérrima (xexelenta mesmo, em alguns casos) faz com que sejam, para mim, o que Scythe é pra você.
Resumindo: não é porque um euro tem um tema bem implementado ou uma produção bacana que ele será ruim. Temos muitos exemplos que provam o contrário. Mas eu, particularmente, estou saturado de euros "secos".
Agora, tem uma coisa importante na qual eu quero chegar, como o colega abaixo disse, e eu concordo:
Animoita::O que eu entendo que ele quis falar é que existe um declínio criativo. Os jogos estão apelando mais pra roupagem e temática do que em criar uma experiencia ou mecânica nova de jogo. A maioria dos euros atuais é reciclagem de jogos antigos com mais recursos, mais meeples, mais produção, mas com uma experiencia parecida.
Aqui é que mora o perigo, e eu acho que foi isso que o Maia estava se referindo: coisas medíocres camufladas por baixo de uma super-produção. E eu concordo que jogo "bonitinho, mas ordinário" também não me desce.
Infelizmente, isso já é uma tendência que e gente tem visto em muitas e muitas áreas, principalmente no cinema, só para dar um exemplo: muito filme ridículo que tenta esconder histórias medíocres e roteiros pífios debaixo de toneladas de efeitos especiais - embora você encontre bons diretores que sabem usam EFX na medida certa para ajudar a contar boas histórias e engrandecer sua produção, sem tirar o foco do que realmente interessa (Chris Nolan é um exemplo disso).
No final, acho que o que eu, Maia e Flávio, juntamente com o @
rodrego, estamos tentando dizer é que muitos jogos têm se sustentando em super-produções para buscar exclusivamente na estética seu diferencial.
E, como disse, isso é uma tendência ruim - tão ruim como valorizar exclusivamente a mecânica e não reconhecer os méritos de um bom jogo só porquê não usa só cubinhos.
Fico por aqui e desculpem pela dissertação!