
Parece que seguir os passos do que foi lançado para o aplicativo Elder Sign: Omens deu certo para a Fantasy Flight Games e para a versão física do jogo, então, continuando por esse caminho, em 2017 a quarta expansão de Elder Sign é lançada.
Parte 4 - Omens of the Deep (2017)

Como sempre, a nova expansão não decepciona. Mesmo não sendo, novamente, tão revolucionária quanto Gates of Arkham (vai ser difícil isso acontecer), ela insere novas e interessantes mecânicas ao jogo, mantém o que deu certo nas expansões anteriores e, de forma muito bem executada, traz a história mais conhecida do nosso querido Lovecraft para o mundo dos dadinhos verdes.
Em Omens of the Deep os investigadores estão de posse de um amuleto resgatado de um naufrágio e que os impele de forma sobrenatural para o oceano. Eles precisam encontrar as partes que faltam do amuleto, espalhadas pelas águas escuras do Pacífico para que tenham condições de chegar à lendária cidade submersa de R'lyeh e evitar que o antigo mal que está adormecido por lá desperte novamente. Isso se conseguirem escapar das hordas de monstros marinhos que os atacam incessantemente durante toda a jornada.

As cartas de Omens of the Deep podem ser identificadas por um pequeno ícone no formato da cabeça do Cthulhu em seu canto inferior direito. Essa expansão cria uma nova versão do jogo chamada de Ascensão de R'lyeh (R'lyeh Rising) que traz várias mudanças nas mecânicas e novos componentes.
Sobre a compatibilidade de componentes, todos os itens, feitiços, aliados, cartas de investigadores, de Outro Mundo e de Anciões podem ser usadas tanto na versão Ascensão de R'lyeh quanto nas outras versões do jogo. A mecânica de Bênção e Maldição da primeira expansão também está presente em algumas cartas, mas sempre que esses ícones aparecerem em algum lugar, os jogadores tem a opção de escolher recompensas ou penalidades diferentes, então se você pretende jogar Omens of the Deep sem ter Unseen Forces, não terá problemas. Essa expansão também retoma as cartas de Habilidades (Skills), apresentadas inicialmente em Gates of Arkham. Essas cartas podem sem misturadas e utilizadas tanto na versão Ascensão de R'lyeh quanto na Ruas de Arkham.

Omens of the Deep possui uma nova carta de “entrada” (o navio Ultima Thule e sua face inversa, Destroços do Ultima Thule) e seu próprio deck de Mythos e de Aventuras. Sendo assim, esses decks e cartas utilizados no jogo original e as versões utilizadas nas expansões anteriores são totalmente substituídos quando jogando Ascensão de R'lyeh. Além disso, outros novos componentes que só serão usados nessa versão são trazidos ao jogo. São eles: Cartas de Aventura Especiais, tokens de Amuleto Quebrado, token de Presságio, marcadores de Missão, marcadores de Abissais e Carta de Cenário.

Mantendo o esquema iniciado na expansão anterior, Omens of the Deep também traz uma narrativa mais elaborada para os jogadores seguirem na forma de Cartas de Aventuras Especiais. Mais uma vez elas são quatro cartas que dividem a partida em duas etapas: Estágio I e Estágio II. Cada um desses estágios com seu bloco de Cartas de Aventura específico. Uma dessas cartas especiais do Estágio I já começa na mesa, no início da partida (em adição às 6 Cartas de Aventura iniciais) e é praticamente igual as cartas comuns, com a diferença de que ao invés de dar uma recompensa quando é explorada, permite que os jogadores “sigam” com a história, substituindo essa carta pela próxima carta especial. A diferença em relação a expansão Omens of Ice é que aqui o Estágio II só tem início após os investigadores encontrarem R'lyeh ou o navio em que estão navegando for destruído pelos monstros Abissais. E como isso acontece? - você pergunta. Só um minuto que já explico.

Omens of the Deep trás consigo um novo tipo de carta chamada Carta de Cenário, com duas faces. A primeira face, chamada As Águas Escuras, possui uma trilha em que o token de Presságio é usado para marcar o quão perto os investigadores estão de encontrarem a cidadela de R'lyeh ou de serem afundados pelos Abissais que vão aparecendo no navio (marcadores de Abissais são parecidos com marcadores de Monstro comuns, mas não são misturados junto a eles no início do jogo. Eles são colocados em jogo toda vez que o token de Presságio atinge o extremo esquerdo da trilha na Carta de Cenário ou por efeitos de cartas de Mythos ou do Ancião). Algumas Cartas de Aventuras, como recompensa por serem exploradas com sucesso, deixam que o token de Presságio seja movido para a direita (em direção à descoberta da localização de R'lyeh) ou, como penalidade por um investigador ter falhado em explorá-la, faz com que o token se mova para a esquerda, podendo causar o aparecimento de um Abissal. Quando o token de Presságio chegar ao extremo direito da trilha, os investigadores descobrem R'lyeh e a carta de Cenário é virada para sua segunda face. Porém, se em qualquer momento do jogo houver quatro ou mais marcadores de monstro Abissal na mesa, o navio é destruído por eles (a carta de entrada Ultima Thule é virada e se torna Destroços do Ultima Thule) e então a Carta de Cenário também é virada.

De qualquer forma, com os investigadores descobrindo a localização sozinhos ou acordando em meio aos destroços do Ultima Thule nas margens de uma praia estranha, nesse momento começa o Estágio II do jogo, na antiga cidadela perdida de R'lyeh.
Ao chegarem no Estágio II a Carta de Cenário é virada e se torna O Amuleto de R'lyeh. Nela existem três espaços que podem ser preenchidos pelos tokens de Amuleto Quebrado, que podem ser encontrados como recompensas em Cartas de Aventuras e Cartas de Aventuras Especiais. Cada um desses espaços que não for preenchido por um token de Amuleto Quebrado trava um dado da cor correspondente até que o token seja colocado ali. Isso pode dificultar MUITO o jogo caso os tokens não sejam encontrados logo. Agora os investigadores precisam correr para encontrar Elder Signs suficientes para evitar que o Antigo da vez desperte totalmente.
Além de todas essas mudanças, Omens of the Deep ainda trás (de forma um pouco perdida, mas bem interessante) os marcadores de Missão. Esses marcadores tem o mesmo formato dos marcadores de Monstro e funcionam da seguinte forma: eles são misturados junto com os outros monstros e se forem retirados do Repositório quando algum efeito pede a entrada de um monstro no jogo, funcionam da mesma forma. Porém, ao serem investigados com sucesso, ao invés de ter um valor de troféu como recompensa no verso, os marcadores de Missão tem um custo de troféus a ser pago pelo investigador que o possui e que, ao ser pago, dá àquele investigador a recompensa descrita (elas variam bastante, podendo dar intens, retirar marcadores de Perdição, etc).

Sim, eu sei, parece que essa expansão deixa o jogo extremamente complicado, com minúcias e regrinhas demais. Mas, apesar de eu concordar um pouco, ainda acho que durante as partidas, tudo isso é assimilado de forma tranquila e o jogo flui de forma natural, sem confusão. Omens of the Deep não traz muita inovação em termos de jogo mas entrega bastante coisa nova, partidas desafiadoras e uma história muito interessante na forma como é construída e contada. Além de nos colocar dentro do conto mais famoso de Lovecraft, junto com o adorado (desculpa, não consegui evitar...) Cthulhu. Para fãs do jogo, uma adição valiosa e memorável.