
O Peão de Tabuleiro avalia: primeiras impressões sobre Carcassonne 2ª edição (DEVIR)
Introdução:
Carcassonne é um jogo de tabuleiro familiar, tendo sua 2ª edição publicada no Brasil pela Devir. Criado por Klaus-Jürgen Wrede e com arte de Anne Pätzke e Chris Quilliams, esta versão já traz incluída na caixa as expansões "O rio" e "O abade". Carcassonne serve de 2 a 5 pessoas de 7 anos ou mais, em partidas de 35 minutos.
Mecânicas:
As principais mecânicas do jogo são influência/controle de área e colocação de peças.
Componentes:
Caixa:
A caixa tem formato retangular, parecida, mas menor que a caixa da edição "Carcassonne" da Grow. As dimensões são 19,0 x 27,0 x 7,0 cm. É confeccionada em papel Paraná não muito grosso, mas com aspecto suficientemente resistente. Acho que ficaria num ponto próximo, mas logo abaixo da média entre as caixas da Pais&Filhos e Mandala/Funbox*.
Devo dizer que deram uma caprichada legal na arte desta edição: está bastante colorida, viva, chamando a atenção da maneira correta. Há informações sobre quantidade de jogadores, idade mínima e duração da partida em todas as faces da caixa, exceto a frontal. Não posso deixar de comentar um detalhe incomum na arte, que é o papel de destaque do personagem feminino. Não quero discutir aqui sobre questões de gênero e seus desdobramentos, mas considero positiva a escolha de uma personagem feminina como destaque não-sexual da arte de um produto.
Insert:
Gosto muito quando a editora pensa em um insert para o jogo que produziu, então é algo que logo me desperta a atenção quando abro a caixa e vejo que há um insert.
Achei a arte muito bonita, ilustrando o tema do jogo. O nicho maior acomoda os meeples com conforto. O nicho menor tem a largura aproximada das peças do jogo e parece servir para acomodá-las. Acontece que o comprimento deste nicho do insert não comporta bem a pilha de peças que deveria comportar. Por algum equívoco no desenho do insert, este veio com uma dobra, digamos, precoce, que faz com que o insert não aproveite completamente as dimensões da parte inferior da caixa.
Fiquei pensando por um tempo se não teria sido uma escolha, para que as peças ficassem desalinhadas e que fosse mais fácil retirá-las do insert e usá-lo como dispenser, mas esse desalinho permite a visualização da face das peças, o que não deveria ser possível. Ainda, me incomoda esse desalinho e o atrito/pressão que os componentes podem sofrer com a caixa fechada, estando nesta disposição.
Manual:
O jogo vem com um manual principal e um suplemento ao manual, que explica as regras dos camponeses e das duas expansões presentes nesta edição. Os manuais vieram confeccionados em um material que irei chamar daqui pra frente de papel de tablóide. Tablóide é aquele papel fino de que são feitas as ofertas de supermercado que deixam em sua caixa de correio. Este manual é feito com papel do mesmo tipo, mas com gramatura um pouco maior. Este tipo de papel me incomoda um pouco pois amassa e esgarça quinas e pontas com facilidade. Fico menos preocupado neste caso pois o insert, com o tabuleiro alocado, evita dobras e o contato do manual com demais componentes, o que deve manter a integridade do manual por muito tempo.
O texto está claro, sem que eu pudesse evidenciar erros de tradução ou de português grosseiros. A diagramação está ótima, com destaques para detalhes importantes e diversas imagens com exemplos.
Tabuleiro:
O tabuleiro nada mais é do que apenas uma trilha bonita de pontos. O tema do jogo está presente na arte da trilha, que conta ainda com pequenos detalhes de carinho do artista, como crianças pegando frutos em uma árvore e uma senhora arrebanhando seus gansos. Os números são bem visíveis e as casas de pontuação são grandes o suficiente para não causarem problemas quando mais de um jogador estiver na mesma casa.
Meeples:
Os meeples são feitos de boa madeira, muito agradáveis ao toque e vêm nas cores amarelo, preto, vermelho, azul e verde. São dois tipos diferentes de meeple: os clássicos e os abades. Os abades possuem uma espécie de chapéu, braços mais abertos e parecem usar um tipo de robe. É possível diferenciá-los com facilidade mesmo misturados dentro do ziplock.
Tiles:
Os tiles são quadrados, cada um com pequenos pedaços de estradas, cidades, monastérios, jardins, rios e campos. São grossos e resistentes e prazerosos ao toque. Os punchboards vieram com o corte muito bem feito, e não tive dificuldade nenhuma em retirar os tiles. Alguns tiles permaneceram com pequenos fiapos de papel nas quinas, mas facilmente removíveis mesmo por um homem de unhas curtas.
A arte dos tiles é muito, mas muito bonita. Achei estranho, a princípio, os telhados azuis das torres das muralhas, mas só porque na minha cabeça telhados são vermelhos e pronto. Passado esse estranhamento, pude ver melhor os detalhes presentes em cada tile.
A artista teve o carinho de colocar pequenos arbustos e variações de cor ao longo dos campos, é possível definir os tijolinhos das casas e as telhas dos telhados, em alguns tiles há ladrões escondidos atrás de moitas, em outros aparecem pequenos currais, e a artista ainda se deu ao trabalho de ilustrar animais diferentes, como porcos, vacas e jumentos. Nos jardins é possível ver cada pedra que forma seu cercado, e nas cidades e entroncamentos de estradas há ilustrações de atividades diárias, como feiras, um homem com seu carrinho de mão, uma mulher alimentando aves, e a fumaça saindo das chaminés. É a vida fervilhando na medieval Carcassonne que pretendemos construir!
Conclusão:
Carcassonne é um clássico. Comprei esta edição com o objetivo de ter as expansões, já que não via a possibilidade de aparecerem no Brasil e não gosto de importar jogos. Gostei demais de tudo o que esta edição trouxe, com exceção apenas ao comprimento do nicho das peças no insert, um detalhe que incomoda mas não atrapalha. Todos os componentes vieram com qualidade impecável e uma arte belíssima.
Em breve pretendo postar um comparativo entre as edições "Carcassonne" da Grow e esta 2ª edição da Devir.
Esta foi minha terceira avaliação de primeiras impressões. Espero ter colaborado com sua busca por informações. Todos os comentários e sugestões são bem-vindos.
*Andei pensando sobre essa média. Arbitrariamente pensei em colocar as caixas da Pais&Filhos com o valor 1, e as caixas da Funbox/Mandala com valor 2. Valores entre 1 e 2 forneceriam um parâmetro numérico interessante para as caixas com qualidade que se enquadra entre estas duas referências. 0 (zero) seria o valor dado a um jogo sem caixa alguma, e valores entre 0 e 1 seriam atribuídos a outras formas de apresentação do jogo, mais frágeis que as caixas da Pais&Filhos, como bornais, sacos ou caixas eventualmente inferiores em qualidade. Valores acima de 2 seriam atribuídos a caixas especiais, feitas em madeira, metais ou outro material notoriamente mais resistente. O que acham? Conto com sua colaboração para pensarmos nisso.
Seguuura, peão!