Fala Galera!
PaladinoMonge na área para dar minhas primeiras impressões sobre o jogo Roll Player, um jogo de alocação de dados onde os jogadores vão construir personagens de RPG através dessa alocação, tentando cumprir os requisitos de atributos, bem como seu alinhamento e background, para realizar a maior pontuação possível. Claro que também teremos a oportunidade de comprar skills, personalidade, armas e armaduras, visando, claro, construir o melhor herói.
Essa é a premissa de Roll Player, um jogo bem divertido que emula bem essa criação de personagens de jogos de RPG. Podemos até dizer que é praticamente a criação do antigo AD&D e D&D terceira edição.
Mas antes, vamos aos dados do jogo retirados da Ludopedia:
Designer: Keith Matejka
Quantidade de jogadores: 1a 4
Mecânicas: Colecionar Componentes, Rolagem de Dados
Dependência de Idioma: Moderada (tem textos nas cartas com poderes e habilidades)
Vai sair no Brasil? Mandala prometeu que sim!
Como eu estava dizendo, o jogo emula toda a criação de um personagem de jogos de RPG de fantasia medieval. Já começa com a escolha das raças, que é feita aleatoriamente ou a escolha do jogador. Teremos as raças clássicas: Elfo, humano, anão, halfling, orc, entre outras. O jogador poderá escolher o sexo do personagem, pois o tabuleiro é frente e verso. Achei isso uma pegada bem legal.
Cada raça tem características diferentes para seus atributos, podendo ter bonificação ou penalizações que afetam diretamente cada atributo do personagem: Força, Destreza, Sabedoria, Inteligência, Constituição e Carisma. Por exemplo, um personagem orc terá uma bonificação de +2 na força, mas uma penalização de -2 na inteligência. Esses modificadores devem ser levados em conta na hora de cumprir o objetivo de cada classe escolhida pelos personagens. A única exceção a essa regra são os humanos, que não tem bonificação nem penalização.
Nossa PaladinoMonge, mas é igual a RPG de fantasia mesmo, bem no estilo D&D.
Eu falei, não falei meu caro aprendiz de bárbaro?
(Se você já jogou D&D, ou mesmo outro jogo parecido, a nostalgia vai bater forte ao jogar Roll Player)
Mas vamos continuar que as coisas não acabam por aí. Mas antes, espero que, no decorrer da presente aventura... digo... texto, vocês consigam perceber como esse jogo é temático naquilo que ele se propõe: construir um personagem fantástico.
Depois da escolha da raça, os jogadores irão escolher sua classe. E temos várias classes: mago, feiticeiro, guerreiro, ranger, bárbaro, druida, entre outros. Mas aqui o Roll Player já começa a surpreender. Essas classes não são escolhidas pelo jogador, mas tiradas aleatórias. Todas as classes são colocadas na mesa e um a um cada jogador, pela ordem do turno, tira um dado. Se o dado tirado corresponder a uma cor de classe, essa será sua classe para aquela partida.
Isso é muito bacana porque podemos ter muitas variações diferentes, e até algumas inusitadas (eu mesmo fui um orc mago). Mas o bacana é que a classe define quais valores cada atributo deverá ter para ganhar determinados pontos de vida impressos na carta. E é nesse ponto que aquelas variações de cada raça contam. Se eu sou um orc bárbaro que precisa de 18 de força para ganhar 3 pontos de vitória, eu já tenho 2 pontos por causa da minha raça, facilitando minha vida para conseguir essa pontuação. Por fim, cada classe ainda tem um poder específico que poderá ser utilizado pelo jogador na sua rodada.
(Algumas das classes que vem no jogo Base.Claro que tem que ter Orcs né?)
(e também algumas das classes que podem ser jogadas. Olha aí meu nome!!!)
Depois de escolhidas as classes, é hora de cada jogador receber de forma aleatória um alinhamento (que seria a personalidade do personagem. Se ele é bom, ruim, altruísta, narcisista, etc) e um background (uma história por trás de seu personagem).
Se você já jogou RPG como eu deve tá louco pra testar esse jogo né? Mas calma que ainda tem mais coisa. E olha que nem falei das mecânicas ainda hahahahha
O alinhamento e o background são dois pontos que deixam o jogo ainda mais imersivo, sem deixar de lado as mecânicas do jogo em si. Começando pelo alinhamento, a carta possui pontos de vitória e pontos de penalização que o jogador vai movendo no decorrer da partida (logo mais falo um pouco mais sobre isso). Se seu marcador tiver numa estrelinha dourada no final do jogo, ganha aquela quantidade de pontos. Mas se tiver na estrelinha prata, vai perder aquela quantidade de pontos. Mas o mais interessante aqui é que se você pegar cada carta e olhar o seu título, vai perceber que os pontos de vitória e penalizações se encontram em pontos que atendem a esse título. Deixa eu explicar melhor. A carta tem um grid 3 x 3, sendo que a parte de cima é Boa, a do meio é neutro e a de baixo é maligna. Então, se eu pego uma carta Altruísta por exemplo, eu terei estrelinhas na parte de cima, enquanto minhas penalizações estarão na parte de baixo. Afinal, não há uma pessoa altruísta que seja má não é mesmo?
Claro que esse ponto chama atenção de quem já jogou RPG. Quem nunca jogou, vai passar desapercebido.
Agora vamos falar sobre o Background que é uma peça muito importante no jogo pois é mais um lugar onde podemos ganhar pontos de vitória, além de ser mais uma forma do jogador sentir o tema do jogo, pois cada carta tem uma descrição sobre o background, o que é bem legal. Cada background vem com 6 dados de cores diferentes alocados em algum local do seu grid de atributos (carisma, inteligência, etc). Se ao final do jogo você conseguir fazer com que dados daquela cor estejam nos locais indicados, você ganha pontos por isso. E aqui o Roll Player surpreende novamente. Porque é uma tarefa hercúlea você conseguir atender todos os requisitos da carta de classe e todos os 6 dados da carta de background. Na boa, o dono do jogo nunca viu isso acontecer.
(alguns dos alinhamentos do jogo. É muito legal você juntar tudo e ver que fez um Paladino Halfling Diplomata hahahaha)
Mas porque PaladinoMonge? Deve ser bem fácil.
Bom, ta na hora de falar um pouco das mecânicas para você entender o motivo disso ser difícil e porque essa junção de carta de classe e carta de background deixa o jogo altamente estratégico e queima cuca total.
O jogo se passa por várias rodadas divididas em fases: Fase de Drafting de Dados (que já contém a alocação do dado propriamente dita), fase de mercado e fase de limpeza.
No drafting, o primeiro jogador da rodada vai pegar a quantidade de dados indicado pelo número de jogadores, rolar e alocar eles nas cartas de iniciativa de compra no mercado. Essa organização é feita em ordem crescente: na carta 1 fica o dado de menor valor, enquanto que na carta 5 (para um jogo de quatro jogadores) fica com o dado de maior valor. Depois, um a um, em ordem do turno, os jogadores pegam o dado, a carta de iniciativa de mercado, e alocam seu dado em algum espaço disponível de seus atributos. Essa alocação tem apenas a restrição de começar da esquerda para a direita, ou seja, não posso pôr em um espaço que não tenha um dado adjacente naquela linha, com exceção do primeiro é claro.
Depois de alocar, o jogador pode fazer uma ação opcional que é um poder que cada atributo tem. Essa ação não é obrigatória, mas são elas que fazem com que o jogador possa manipular os dados e os locais onde eles estão alocados. Por exemplo, seu eu aloco na força, posso girar um dado que se encontra no meu tabuleiro, para a face oposto (1 vira 6). Agora, se eu alocar em destreza, eu posso trocar 2 dados de lugares, o que pode auxiliar bastante em atender os requisitos do background. Contudo, cada atributo tem apenas 3 espaços de dados, deixando esses poderes limitados.
Depois de todos os jogadores escolherem seus dados, vamos para a fase de mercado. Nessa fase os jogadores terão a possibilidade de comprar cartas que podem dar bonificações de pontos ou habilidades ao jogador. No mercado encontramos skills (habilidades), Traits (personalidades/traços), armaduras e armas. Só que a ordem não é pela ordem do turno, mas pela ordem das cartas que o jogador pegou quando escolheu o dado.
(e seu personagem vai ficando completão no decorrer da aventura)
Armadura é o set collection do jogo. Quanto mais você tiver cartas de um determinado tipo de set, mais pontos você ganha. E tem sets que são feitos para cada classe, dando um ponto extra no final da partida. As armas dão bônus para os jogadores. Esses bônus são passivos e os jogadores sempre receberão quando o pré-requisito ocorrer. Traits são cartas que poderão dar mais pontos aos jogadores no final da partida, caso eles atendam seus requisitos. E as habilidades são poderes que devem ser ativados pelo jogador para manipular todas as facetas do jogo. Com essas cartas, o jogador pode usar um poder de atributo sem colocar dado, comprar cartas a mais do mercado, trocar todos os dados que vão ser escolhidos pelo jogador. É uma gama muito grande de possibilidades e que agregam muita estratégia ao jogo.
A ativação dessas skills, assim como a compra de algumas cartas, tem um custo que é a movimentação do marcador do jogador na carta de alinhamento. E é com essa ativação que os jogadores podem manipular seu alinhamento para tentar maximizar os pontos que lá se encontram. Nem preciso dizer que, se você não consegue atender o movimento solicitado pela habilidade para ativá-la, você não poderá usar. E o uso pode ser feito a qualquer momento, mesmo na vez de outro jogador. Após ativar a carta, ela deve ser flipada.
Os jogadores ainda podem descartar uma carta para ganhar dinheiro, em vez de comprar cartas.
(algumas das cartas do jogo que o jogador poderá comprar na fase de mercado.)
Depois dessa fase é o momento de limpar a área de jogo para começar uma próxima partida. O dado restante volta pra sacola, as cartas que sobraram são descartadas e é abertas novas cartas e cada jogador poderá flipar uma carta de habilidade.
Caramba PaladinoMonge, você pode retornar uma carta de habilidade por vez? Quer dizer que se eu usar todas as minhas cartas de habilidades, terei que aguardar outras rodadas para voltar a jogar uma carta utilizada anteriormente e que não resetei ela?
Isso mesmo. Você pegou o espírito do jogo. O uso das habilidades é um ponto que pode definir o vencedor do derrotado.
Por fim, cada jogador ainda ganha 1 ponto por dado que ele tenha da cor de sua classe.
Depois de falar um pouco sobre as mecânicas (tem mais alguns detalhes, mas para o objetivo desse texto, eles não são necessários) vamos voltar a discussão sobre a dificuldade em conseguir completar a carta de background e a carta de classe.
Acho que você deve ter percebido então que os jogadores lutarão pelos dados correto? Afinal, cada um deles terá seu próprio background, alinhamento e classe. A grande questão é que, como os dados são alocados por valores, nem sempre haverá um dado de determinado valor que você precisa para colocar em um atributo. Mas ele pode contar para o background, pois o que conta nessa carta é a cor. Isso sem falar que os jogadores buscarão dados da sua cor para pontuar.
(tentar completar seu background juntamente com sua classe é um trabalho hercúleo)
A junção disso tudo faz com que haja uma dificuldade muito grande em ter os dados necessários para completar tudo com facilidade. Claro que é possível, mas vai depender do jogador em utilizar os poderes dos atributos, cartas de habilidades e escolha de turno para conseguir essa façanha.
Por isso mesmo considerei o jogo um ótimo puzzle em que você precisa pensar em todas as possibilidades para pontuar mais. Vale a pena pegar um dado menor para ser o primeiro a comprar uma carta que dará pontos valiosos no final? Ou que permitirá uso de poderes sem precisar alocar dados? Aonde devo alocar o dado para utilizar da melhor forma possível os poderes dos atributos? Qual o momento certo de usar as habilidades?
São muitas perguntas que o jogador vai respondendo enquanto joga, escolhendo a melhor estratégia para construir o melhor personagem possível.
Nem preciso falar que o conjunto raça, classe, background e alinhamento, sem contar as cartas do mercado, fazem com que o jogo tenha uma rejogabilidade absurda.
Tematicamente, eu adorei o jogo. Mas entendo que para jogadores que não gostam ou não jogaram RPG ou mesmo não gostem de tema medieval, esse jogo possa passar despercebido e até tenham receio de jogar. Mas o que posso falar é: Joguem. Apesar de existir um tema e ele ser presente, ele vai ser mais imersivo para quem jogou RPG. Caso contrário, o tema tá lá. Mas você consegue jogar e desvencilhar do tema, pois a jogabilidade e dinâmica do jogo é muito boa.
(Dá gosto de ver seu personagem no final. Agora é partir pra briga... o que ocorre na expansão manolo!)
Roll Player é um jogo que todo fã de RPG precisa jogar e, quem sabe, ter em sua coleção. Ele emula muito bem a criação de um personagem de RPG, em um jogo muito estratégico e denso, com várias possibilidades de pontuação e caminhos a seguir. Talvez depois de você jogar você vai se perguntar: Espero a Mandala trazer ou compro lá de fora? Essa pergunta eu ainda não consegui responder.
Abraços
* Imagens do Google
). E agora com seu review só afirmou a posição dele na lista. 
