Depois das seletivas, doze duplas se classificaram para a grande final. Somente nove delas compareceram na Omniverse para a partida. Momentos de tensão enquanto a galera ia chegando. Alguns se cumprimentavam, outros meditavam... Com meia hora de atraso, o organizador chamou todo mundo e realizou um sorteio da mesa em que cada dupla se sentaria... Pegamos a mesa 4, que não existia! Uma pequena confusão... nos encaminharam para a mesa 10 e nos sentamos.

Regras revisadas, personagens revelados. Eu fiquei com o Arquivista e meu parceiro com o Médico. Uma ótima dupla, enquanto um se preocupa em coletar cartas para as curas o outro pode controlar rapidamente o tabuleiro.

Após a infecção inicial, tivemos dois minutos para traçar a estratégia de jogo. Com 3 cartas amarelas nas mãos, optamos por forçar a Estirpe Virulenta ser a amarela, afinal conseguir curar rápido nos daria certa tranquilidade na partida.

Nos primeiros turnos, retirei um cubo de Algiers. Meu parceiro retirou os 3 cubos de Bancok. Dois riscos de outbrake a menos. Para isso descartamos uma carta preta e o Apoio Aéreo, tudo ainda tranquilo. Meu parceiro comprou mais uma carta amarela, a terceira em sua mão, e o Apoio Governamental que já usou imediatemente, fazendo um centro em Bangkok. Aqui foi nossa primeira decisão importante: Quem guarda cartas amarelas na mão? O Arquivista que pode recolher facilmente cartas descartadas pelo Médico ou o Médico liberando a mão do Arquivista pra uma maior mobilidade. Optamos por “travar” a mão do Médico, liberando o Arquivista para coletar as outras cores. As azuis e pretas estavam bem distribuídas em nossas mãos e havia apenas uma carta vermelha em jogo.

No meu segundo turno retirei um cubo de Lagos, agora nenhuma cidade com 3 cubos no tabuleiro, estavámos tranquilos para a epidemia... que saiu na minha compra. Bem a tempo! Como a cidade infectada foi Miami, conseguimos nosso primeiro objetivo, a virulenta seria a amarela. Já possuíamos cinco cartas amarelas nas mãos. Porém a primeira virulência foi a Estrutura Molecular Complexa, o que aumentava a quantidade necessária de cartas para conseguir a cura. Como eu possuia a Pesquisa Reexaminada só precisávamos passar duas cartas para o Médico encontrar a cura, tudo tranquilo ainda. Jogando de forma conservadora o Médico retirou os três cubos de Miami no seu turno, atrasaria um pouco a cura mas evitaria outbrakes.

No meu turno, tivemos nossa primeira combinação de grande jogada (modéstia a parte, ) com golpe de sorte: fiz um Centro em Cartum e recomprei a carta. Assim fiquei esperando o Médico no Centro de Pesquisa com a carta para passá-la, como a compra estourou minha mão, descartei Lima, assim teríamos uma carta amarela no descarte para o Médico comprá-la com a Pesquisa Reexaminada. Usando o Tempo Extra, o Médico retirou os 3 cubos de Nova York, foi para Cartum e pegou a quarta carta amarela, com a Pesquisa Reexaminada pegou Lima, a quinta carta... e em sua compra, comprou a sexta carta... ótimo, já era possível curar a Virulenta.

No meu turno fui para o norte da Europa. Duas coisas eram necessárias agora, precisávamos de um centro nessa região do tabuleiro e o Arquivista precisava começar a coletar cartas para sua próxima cura. Aqui tivemos que tomar nossa segunda decisão importante... tinha tanto cartas azuis quanto pretas na mão. Qual delas correr atrás? Como havia mais cartas pretas na pilha de descarte, optei por manter as azuis na mão e descartar o excesso de pretas.

O Médico curou a amarela, olhamos em volta e quatro outras duplas também curaram... O jogo estava empatado. Nossa vantagem é que como o Médico estava em Cartum no início do turno, conseguiu retirar quase todos os cubos amarelos do tabuleiro na sua vez. Estávamos muito perto da erradicação. Havia sobrado somente dois cubos em Lagos e um cubo em São Paulo.

E então saiu a segunda epidemia, Atlanta e a partir de agora era necessário retirar cubos da virulenta para poder sair da cidade infectada. Atlanta foi sorteada novamente durante a infecção e causou um outbrake em todas as duplas, sem chances de reação.

No meu turno voei para Atlanta para evitar futuras crises, voltei para St. Petesburgo e recomprei a carta. Estavámos perto da cura da Azul!

O Médico conseguiu erradicar a Virulenta... comemoramos, mas ouvimos aplausos e olhando em volta, vimos que duas duplas haviam encontrado a segunda cura. O jogo estava muito equilibrado. Ficamos para trás em curas, mas com a virulenta erradicada ainda estávamos na briga.

Durante os próximos 5 turnos o jogo foi virando uma corrida contra o tempo e a tensão ia aumentando... Enquanto eu corria atrás das cartas pretas descartadas, o Médico ia fazendo o controle do tabuleiro. Apesar de outras duas duplas chegarem na terceira cura antes da gente, as coisas pareciam sob controle. A terceira epidemia saiu, mas não nos afetou, pois a carta sorteteada foi Santiago e já havíamos erradicado a Amarela. Tínhamos somente um outbrake (empatado com uma das duplas que já possuía 3 curas) e até esse momento só haviam saído 4 cartas vermelhas em jogo, ou seja, ninguém poderia vencer a partida ainda. No nosso caso, o Médico estava com 3 cartas vermelhas e tínhamos Jacarta descartada, que estava ao lado do centro em Bangkok, fácil para eu coletar e passar para o Médico. Uma dupla já havia caído com outbrakes, outra delas estava com 6 outbrakes... três duplas com somente uma cura, duas duplas com mais de 3 outbrakes. Nesse ponto, a única dupla que tinha chances de nos vencer era a dupla de Florianópolis. Tudo sob controle... ainda...

Foi aí que o mundo pareceu ruir... Assim que fizemos nossa terceira cura, não tivemos tempo de comemorar. Veio a quarta epidemia em Teerã e com ela veio mais um outbrake pra gente. Olhamos tensos para o placar da dupla de Florianópolis e eles não levaram o outbrake, estávamos agora atrás no critério de desempate. Para piorar as coisas, eu comprei Sidney... a partir de agora haviam cinco cartas vermelhas em jogo e qualquer um poderia vencer.

Foi aqui que paramos, olhamos o tabuleiro e analisamos as opções:

Eu estava em Istambul em um Centro. O Médico estava em Bagdá. Algiers estava com 3 cubos, Nova York, Londres, St. Petesburgo e São Francisco estava com 2 ou 3 cubos. Poderíamos usar o turno do Médico e o meu para erradicarmos a Preta e limparmos quase que totalmente a azul, afinal tínhamos a carta Ordens Especiais na mão do Médico. Ou... poderíamos correr em busca da vitória, abandonando o tabuleiro a própria sorte. Havia dois turnos com certeza antes da próxima epidemia, e para o que precisávamos tínhamos que contar com a estatística: 5/8 de chances de não sair outra epidemia em 5 turnos...

Decidimos arriscar... E assim foram os próximos cinco turnos:

1- O Médico usando uma carta preta foi até Sidney, retirando os cubos qua haviam lá.

2- O Arquivista passou por Jacarta, coletou a carta Jacarta e foi até Sidney.

3- O Médico pegou Sidney do Arquivista, foi pra Jacarta, usando as “Ordens Especiais” puxou o Arquivista e pegou a carta Jacarta! Ótimo... cinco cartas vermelhas na mão do Médico! Era só esperar sua próxima vez e venceríamos. Como foi uma estratégia pouco usual, era improvável que outra dupla tivesse pensado nela...

E então, em sua compra o Médico comprou mais uma carta vermelha... Com isso eu quase infartei. Todo esse risco que corremos poderia não significar nada... Essa poderia ter sido a quinta carta para os catarinenses e perderíamos no desempate.

4- Os setenta e cinco segundos do meu turno pareceram uma eternidade... Simplesmente fui até Algiers e tirei os cubos de lá... Afinal o segundo critério de desempate é cidades com 3 cubos... Veio a infecção e nada dos catarinenses tomarem outbrake...

5- Se meu turno foi longo... os Setenta e Cinco segundos do turno do médico pareceram horas... Ele curou a vermelha!!! Foi até Jacarta e erradicou a vermelha... Voou até Instambul e retirou os cubos de lá... Ficamos olhando tensos para a mesa dos catarinenses... Se eles fizessem a quarta cura, perderíamos... Foi então que um deles balançou a cabeça em sinal negativo e o juiz anunciou o final do turno!!!

Somos os campeões brasileiros de 2018...

Depois das comemorações fomos conversar com os catarinenses e ver as diferenças de estratégia. Eles curaram a preta antes da azul e a erradicaram, por isso não tomaram o outbrake em Teerã. Ao invés de optarem pelo Médico curar a vermelha, escolheram o Arquivista... com isso eles só conseguiram segurar a quinta carta na mão no turno 19... estávamos com a vantagem de um turno. Se o jogo não acabasse no turno 20 (onde vencemos) o Arquivista faria a quarta cura.

Foi um jogo tenso, como deve ser uma final de campeonato. Parabéns para todos os participantes, principalmente aos catarinenses que quase nos infartaram... e obrigado Devir, por nos proporcionar esse campeonato.

E agora... que venha o mundial na Itália!