Primeiramente, parabéns pelo post.

Pensei que você iria tratar de hand management, card drafting e deck building juntos, já que são todas associadas ao baralho.

Sobre coleção de componentes,
Sempre vi a mecânica como um recurso para o designer contar pontos (Trajan, Tikal, Thurn and Taxis). Inclusive é muito presente na minha coleção (40%). Só com esse post pude ver set collection usado para requisito para uma ação como em Azul e Terraforming Mars. Eu até diria que é um desafio usar o set collection como mecânica central que não envolvesse contagem de pontos. Como mecânica central até vejo alguns bons exemplos (Bohnanza, Onirim, Pandemic), mas vejo que é difícil dissociá-la da pontuação, quando não é ponto, é o que determina o fim do jogo.

Achei um pouco confusa a ideia de que se é usado como recurso não é coleção de componentes. GWT e Keyflower usam itens que podem ser usados como recurso e podem ser coleção. No primeiro as cartas são usadas como recurso nas construções e no despacho do gado, como coleção. No segundo, os tokens são usados como recurso durante todo o jogo; e no fim, são considerados como coleção, a depender dos hexágonos que você tem na sua vila.

Sobre gestão de mão,
Tirando jogos que possuem pouca variação de cartas para gerir durante o jogo (Ticket to Ride, Onitama, Catan, Fuji Flush, Bulfrogs), essa mecânica dá muito mais vantagem para quem já jogou e conhece o baralho e pode realizar com mais facilidade combos. Dificilmente um veterano perderá para um novato em jogos com uma variedade muito grande de cartas (Agrícola, Android: Netrunner, Mottainai).

No geral, concordo contigo que ambas as mecânicas exigem um comprometimento para jogar muitas vezes para perceber com as cartas ou os itens de coleção funcionam dentro do jogo. Mas talvez sea exatamente isso que garanta a rejogabilidade.

Obrigado pela contribuição sempre pontual, @tuliobarros;

Realmente teria muito sentido colocar seleção cartas e deck building junto com hand management; mas seleção de cartas foi um dos primeiros textos que fiz, antes de ter feito o planejamento completo dos textos que viriam, e deck building merecia um texto só para ela, hehe.

Já sobre a diferenciação entre componentes colecionáveis e recursos, ocorre quando os recursos são genéricos e sem diferenciação, tais como os trabalhadores e as moedas de Terra Mystica. Em Key Flower os recursos e os trabalhadores são diferenciados entre si, e determinados Tiles conseguem transformá-los em itens colecionáveis para se obter os combos de pontuação. 

Sobre o Great Western Trail, alguns consideram a compra de gado como set collection, mas eu prefiro ver como parte do deck building. No jogo temos as cartas de objetivos que tornam itens colecionáveis para pontuação, que pode configurar a mecânica. 

Mestre Guerra::Obrigado pela contribuição sempre pontual, @tuliobarros;

Obrigado a você por abrir o debate com essa série. É muito bom discutir (ou dissecar) os elementos mais essenciais do jogo. É uma pena eu não ter descoberto essa série antes.

Mestre Guerra::Já sobre a diferenciação entre componentes colecionáveis e recursos, ocorre quando os recursos são genéricos e sem diferenciação, tais como os trabalhadores e as moedas de Terra Mystica. Em Key Flower os recursos e os trabalhadores são diferenciados entre si, e determinados Tiles conseguem transformá-los em itens colecionáveis para se obter os combos de pontuação. 

Pois é... Talvez aquele parágrafo não tenha sido muito feliz porque há elementos em jogos que acabam dando valor colecionável à recursos. Era essa a minha crítica. Moedas e trabalhadores, em geral não têm seu valor fracionado por cada unidade. Já a coleção perde valor se fracionada pelos elementos que a compõe. Explicando melhor: algo é uma coleção porque o valor do todo é maior do que a soma de suas partes - independentemente se numa fase anterior os elementos eram tratados como recursos.

Mas de modo algum isso desmerece o post.

Eu até gostaria de saber sua opinião sobre o uso do set collection como contagem de pontos. Estaria muito presente nos euros como um meio de "esconder o placar" durante a partida? ou seria por outra razão?

"Explicando melhor: algo é uma coleção porque o valor do todo é maior do que a soma de suas partes - independentemente se numa fase anterior os elementos eram tratados como recursos."

Muito bem colocado @tuliobarros

"Eu até gostaria de saber sua opinião sobre o uso do set collection como contagem de pontos. Estaria muito presente nos euros como um meio de "esconder o placar" durante a partida? ou seria por outra razão?"

Eu diria que esconder o placar é uma consequência da mecânica, e não a finalidade. Creio que a presença do Set Collection estaria relacionada com a forma de motivar os jogadores a buscarem a melhor combinação de componentes, e como geralmente as coleções para a maioria dos jogos se definem apenas nos momentos finais da partida, podendo sofrer alterações a qualquer momento, o placar fica indefinido. Talvez a única forma de não "esconder o placar" seria definir etapas da coleção, mas dificilmente isso seria feito sem prejudicar a dinâmica da mecânica. 

Ótimo post!

Um fato é: "Para grupos coesos, é uma ótima característica; para grupos familiares ou de muitos jogadores ocasionais, nem tanto.".