Fala Galera!
PaladinoMonge na área. Se derrubar é pênalti (desculpe, é tempo de copa heheheh).
Hoje vou trazer minhas primeiras impressões sobre o jogo London do designer Martin Wallace. Mas especificamente da segunda edição, lançada em 2017.
A pretensão desse texto não é explicar as regras do London, mas fazer um pequeno overview e passar a minha experiência ao jogá-lo pela primeira vez. Então, haverá sim algumas questões de regras que não falarei, mas que para o intuito do texto não é necessário.
Antes de mais nada, vamos trazer alguns dados desse jogo:
Designer: Martin Wallace
Número de Jogadores: 2 a 4
Mecânicas: Gestão de mão, Construção de baralho, seleção de cartas
Dependência de idioma: Sim. Mas é mitigado porque as cartas acabam ficando abertas na pilha de descarte. Entretanto, algumas cartas irão direto para a mão do jogador, sendo necessário que ele saiba ler um pouco de inglês.
Artista: Mike Atkinson (a arte desse jogo é sensacional)
London está devastada devido ao grande incêndio que aconteceu em 1666. E está é a oportunidade que os jogadores terão para reconstruir a cidade sobre as cinzas da velha. Para isso, eles poderão favorecer a classe política ou os grandes empresários. Mas também podem focar na arte e cultura do povo. Mas ao mesmo tempo que a cidade vai sendo reconstruída, haverá uma grande consequência com o gasto de tanto dinheiro por parte do Governo: a pobreza. Será que você é capaz de desenvolver e criar uma Londres com recursos limitados e conseguindo empregar seus esforços e do povo Londrino para que Londres novamente seja o esplendor que um dia foi?
Essa é a premissa desse jogo do Martin Wallace.
(London é um jogo bem estratégico que você precisa pensar antes de fazer suas ações)
London é um jogo que te engana por se tratar de um jogo de construção de cidade através de um baralho. Você acha que ele é bem simples e que vai se resumir a tentar construir da melhor forma sua cidade para que ela pontue melhor que o dos outros jogadores. Mas essa não é a verdade.
Londres tem um peso estratégico muito grande devido a implementação de suas mecânicas e como elas são interligadas. Existem 4 elementos importantes no jogo: Construções, dinheiro, terra (que seriam os bairros de Londres) e pobreza. Esses quatro elementos trabalham em conjunto entre si, sendo que um acaba influenciando o outro. Você precisa construir parte de sua cidade. Para isso, precisa de dinheiro. Para obter mais dinheiro, você precisa ativar (desenvolver) sua cidade. E isso vai gerar pobreza. E além disso tudo, às vezes, você precisa pegar um empréstimo para conseguir construir sua cidade ou mesmo ativá-la.
Só que o grande ponto aqui é que pobreza e empréstimo gera pontos negativos no final do jogo. E esses dois elementos estão muito presentes no jogo e os jogadores precisam lidar com a pobreza e falta de dinheiro.
O jogo brilha nessa proposta. E é nesse ponto que você percebe que o jogo te enganou em achar que seria um jogo simples de cartas.
Mas para que eu possa defender essa afirmação acima, eu preciso explanar um pouco como o jogo funciona.
(Setup do jogo. No primeiro turno, não haverá cartas no tabuleiro)
No começo do turno, o jogador compra uma carta do deck de construção. E isso é muito importante senão o jogo não acaba viu? Isso porque o gatilho de fim de jogo é quando esse deck termina.
Ah PaladinoMonge, já não gostei. Sempre vai sair todas as caras. O jogo é muito repetitivo.
Eita manolo! Mas você nem leu a resenha inteira ainda hein? Mas deixa eu te falar: você está enganado. O jogo pode ser tudo, menos repetitivo. Mesmo que saiam todas as cartas em toda a partida. As mecânicas implementadas fazem com que cada partida seja diferente devido as cartas que vão saindo (afinal a ordem é alterada a cada partida) bem como as estratégias utilizadas pelos jogadores. Você construirá uma cidade diferente cada vez. E talvez ela seja mais pobre ou não.
Mas vamos voltar ao jogo. Segura as pontas aí.
Como eu estava dizendo, depois de pegar essa carta, o jogador DEVE fazer 1 de 4 ações possíveis:
- Comprar 3 cartas: você compra 3 cartas sendo que pode ser do deck de cidade ou do tabuleiro de desenvolvimento;
- Construir sua cidade: você joga uma carta de sua mão na sua frente (que é sua cidade). Para isso você precisa descartar uma carta da mesma cor da sua mão. Ah! Se a carta tiver um custo para construir você precisa pagar também;
- Comprar terra: você paga o valor da terra e constrói seu bairro de Londres. Quando você faz isso ganha automaticamente alguns bônus únicos (prestigio, cartas e diminuição na pobreza);
- Ativar sua cidade: Você ativa as cartas que você colocou na sua cidade, realizando seus efeitos. Você pode ganhar prestígio, dinheiro, diminuir pobreza e ainda sacanear o amiguinho. Geralmente, após a ativação, as cartas são viradas e não podem mais ser ativadas durante o restante do jogo.
No fim de seu turno, se tiver mais de 9 cartas, você tem que descartar o excedente. Você já deve ter percebido que há descarte de cartas. Mas aqui há um detalhe bem interessante. As cartas descartadas são colocadas em um tabuleiro e ficam disponíveis para os outros jogadores. Ou seja, precisa se atentar qual carta você tá disponibilizando para os outros jogadores.
(Os Bairros de Londres disponíveis para compra. Os bairros é um dos pilares do jogo)
Mas eu gostaria de detalhar um pouco mais sobre a ativação da cidade. Isso porque não há apenas bônus quando você ativa suas cartas. Ao final da ativação, você receberá pobreza por ter feito essa ação. Simples assim. E olha, não é um token apenas não. Dependendo, você pode sair com um set collection de pobreza desesperador. Mas porque isso?
Bom, você vai ganhando pobreza nessa ação pelos seguintes itens: para cada carta na sua mão; por cada pilha de carta que tem na sua cidade; habilidades de algumas cartas e por token de empréstimo que você tenha.
Caraca!!! Mano! Se eu fizer essa ação eu vou sair com muita pobreza então. Melhor não fazer essa ação.
Você pegou a malícia do jogo. Você VAI precisar lidar com a pobreza. Isso porque você precisa fazer a ação de ativar sua cidade. Senão você não consegue fazer nada. Ela é natural. Mas é nesse ponto que entra toda a estratégia do jogo e que faz com que London brilhe de uma forma até inovadora em alguns pontos.
(Exemplo de uma parte de Londres construída por um jogador. Se ele ativar essa cidade, ele ganhará no final 7 tokens de pobreza)
Você vai ter pobreza. Isso é fato. Então você precisa se planejar para reduzir esse impacto em seu jogo. Seja colocando cartas que diminuam esse valor, seja se planejando para que, ao ativar a cidade, você tenha poucas cartas na mão ou até mesmo, lidando com pouca variabilidade em sua cidade, deixando-a com poucas pilhas de cartas.
Pilhas de cartas? Como assim?
Ah. Desculpe. Esqueci de explicar. Quando você joga uma carta de sua mão para construir, você pode jogar em cima de uma outra carta (virada ou não) ou sozinha formando uma nova pilha. Mas como você deve ter percebido, ter muitas pilhas não é muito bom (ela gerará pobreza para você) mas ao mesmo tempo, ela te dá mais possibilidades de cartas a serem ativadas, o que pode gerar excelentes combos.
É nesse ponto de equilibrar as pilhas de cartas na sua cidade com a pobreza que ela gera, sem esquecer um planejamento para lidar com os problemas advindos de uma ativação de cidade, que o jogo brilha e mostra todo o seu potencial estratégico.
Você vai pensar muito quando tiver jogando London. Você vai se planejar. Errar. Acertar. Sorrir. Chorar. E vai querer jogar de novo e de novo, pois a cada jogo a experiência é única em lidar com todos esses fatores que o jogo coloca para o jogador.
(Tabuleiro de desenvolvimento. Toda carta descartada vem para cá e fica disponível aos outros jogadores)
Minha experiência foi extremamente maravilhosa com esse jogo. E olha que acabei com míseros 3 pontos (minha cidade só tinha mendigo). Quando acabei, já queria jogar de novo. Eu precisava jogar de outra forma. Montar outra estratégia. Buscar o equilíbrio.
London é um jogo muito estratégico cujo planejamento de suas próximas ações são essenciais para você não se penalizar (principalmente quando ativar a cidade). É necessário tentar ao máximo ficar com poucas cartas na mão ao ativar a cidade ou ter 1 ou nenhum token de empréstimo para não ficar gerando pobreza desnecessária. Esse é o caminho do sucesso.
Usar as cartas com inteligência também é uma forma de equilíbrio. Só que existe uma outra problemática: nem todas as cartas te darão prestígio ao final do jogo. Será que vale mais a pena colocar uma carta que vai te dar pontos no final ou aquela outra que te dará uma bonificação em dinheiro? Apenas a sua situação naquela partida te dirá isso (pode ser que você esteja precisando de dinheiro).
Outro ponto que achei muito interessante é o empréstimo. Você pode e, muitas vezes deve, fazer uso desse recurso. Ele é bastante punitivo no final do jogo, mas há oportunidades que ocorrem na sua vez de jogar que você não pode deixar passar. Pegar um empréstimo pode te ajudar a jogar aquela carta que vai te dar ótimos pontos de prestígio ou comprar uma terra que te auxiliará a diminuir a pobreza. O importante é saber lidar com esse empréstimo e tentar pagá-lo para não ser impactado no final do jogo.
Por fim não posso deixar de comentar sobre a arte desse jogo. Ela pe soberba. Você vai se pegar olhando as cartas e babando em suas ilustrações que são belíssimas e retratam muitos dos pontos de Londres. O jogo é simplesmente lindo!!!
(É. Você está vendo uma ilustração do jogo comparando com o real. Sem comentários)
London é daqueles jogos que quando mais se joga mais se gosta e mais quer jogar. Um clássico que precisa estar na sua coleção. Daqueles jogos que você vai apresentar e terá 80% de certeza que as pessoas vão gostar (claro, nenhum jogo agradará a todos).
Para mim, London foi surpreendente e apaixonante e indico para todos que gostam de um bom jogo.
*Fotos tiradas do google images
(Imagem Bônus: Isso era o que eu mais tinha na minha cidade após a primeira partida. Não se enganem, lidem com a pobreza)