Foram 3 anos desde a primeira batalha. Vencer em dupla não foi difícil, mas solo era algo virtualmente impossível. Diversas táticas, combinações e nada. Falhava miseravelmente. Quando conseguia progredir nas etapas não tinha fôlego para matar o "chefão" do cenário e vice-versa.
Cheguei a pesquisar um pouco na internet, mas todos eram enfáticos em falar que não era possível. Os únicos que vi ganharem solo usavam expansões bem avançadas (como jogar com a própria Galadriel e um Glorfindel que tinha apenas 5 de ameaça!). Jogar o modo "two handed" (sei lá qual é o verdadeiro nome desse modo) não era uma opção, afinal você ainda estaria jogando com dois jogadores. Então fiz o que todos fazem... Desisti...
Continuei jogando o jogo sem me importar com essa Missão, afinal esse era um dos meus jogos favoritos.
Comprei todas as expansões lançadas no Brasil e estava feliz jogando as missões. Mas existia uma caixa ainda fechada: Hobbit, montanha acima, montanha a dentro. Queria fechar tudo antes de jogar essa aventura, mas pensei: a vida é curta, vamos abrir essa budega e que se dane se "canonicamente" esses caras não podem co-existir.
Claro que já sabia quais eram as cartas, afinal existe internet em 2018: 5 novos heróis e algumas cartas extras. Pensei que adicionar o Bilbo e os Tesouros em qualquer baralho que não fosse para jogar a história do Hobbit seria roubado e estranho demais. Mas os outros ok.
Então olhei para o Beorn, pensei uns 5 minutos em um deck e falei pra mim mesmo: "existe uma chance!".
Comecei a montar o baralho de Tática e Espírito (vermelho e azul para 99% das pessoas). No final olhei pra ele e pensei: "ainda preciso de sorte, porque esse baralho dos inimigos é muito apelão. Será que vale a pena eu tentar?". Um dia eu tinha desistido de tentar, mas no fundo o que contava era que "sou brasileiro e não desisto nunca!". Estava apenas me conformando momentaneamente com a derrota.
Foi então que o milagre aconteceu. Em 6 turnos o terceiro cenário da caixa base, Fuga de Dol Guldur, havia sido derrotado. Sem duas mãos, sem ajuda, sem roubar, sem voltar jogadas e na primeira tentativa... com uma grande pitada de sorte é claro. Paralisei, comemorei e até tirei fotos da mesa no final.
* uso dados para colocar dano, progressão das missões e número de turnos

Depois disso, revisei todas as jogadas para ter certeza de que não tinha feito nada de errado e comecei a escrever o que tinha acontecido.
Segue os detalhes da partida:
Data: 16/06/2018
Jogadores: 1
Turnos: 6
Ameaça: 48
Heróis (Dano): Éowin (2), Beorn (6), Gimili (4)
Pontos de Vitória: 0
Pontuação final: 120
Detalhes da aventura:
- - Gimli Capturado
- - Mão Inicial = Gandalf (Hobbit), Águia das Montanhas Sombrias, O Melhor da Terra dos Cavaleiros, Lanceiro de Gondor, Saudação dos Galadhrim, Coragem Inesperada
- - Compras = Finta, Escolta de Edoras, Levante e Lute, O Melhor da Terra dos Cavaleiros, Khazad Khazad, Canção de Viagem
- - Cartas em Objetivos = Treinador de Bestas de Dol Guldur (Mapa de Gandalf), Carcerreiro da Masmorra (Tocha da Masmorra), Olhos da Floresta (Evento)(Chave Sombria)
- - Inimigos que sobraram na mesa = 1 "Guarda Orc" (carta do meu baralho que vira um guarda), 1 Guardião da Caverna, 1 Carcereiro da Masmorra
- - Inimigos derrotados = Nazgul de Dol Guldur, Treinador de Bestas de Dol Guldur e Orcs de Dol Guldur
- - Cartas de Infortúnios/Inimigos que foram reveladas = Sob as Sombras, O Alcance do Necromante, Orcs de Dol Guldur, Guardião da Caverna, Preso da Teia (anexado a Beorn), Passagem do Necromante
- - Cartas com efeito Sombrio (esses não estão em ordem) = Aranha Rei, Teia da Grande Floresta, O Alcance do Necromante, Vespões Zumbidores, Cavernas Sem Fim Portão da Torre, Guardião da Caverna (fez o Objetivo Mapa de Gandalf voltar para Área de Perigo), Montanhas da Floresta Das Trevas, Passagem do Necromante
Estratégia/Jogadas:
- - Mandar Éowin para todas as missões e descartando carta para ganhar +1 em Força de Vontade
- - Defender e atacar com Beorn (Visto que ele não vira pra defender)
- - Pegar o Objetivo Mapa de Gandalf e colocar na Éowin. Esse objetivo faz com que o herói não consiga atacar ou defender (por isso é perfeito para Éowin)
- - Engajar inimigos propositalmente para reduzir o nível de perigo da Área de Perigo
- - Descer Gandalf (Hobbit) rápido para ele poder ir em missões e atacar/defender. Não foi uma estratégia inicial, mas se mostrou a melhor idéia no começo da partida
- - Na etapa 2 da missão, ter dano para matar o Nazgul de Dol Guldur em um só ataque e engajá-lo propositadamente. No caso foi Beorn [5 de ataque], Gandalf (Hobbit) [4 de ataque] e Gimili [3 de ataque] que tinha acabado de ser resgato e tinha um de dano, portanto 3 de ataque. A princípio a idéia era o Gimili tomar um ataque do Nazgul, perder vida e ganhar força, mas não foi necessário. No final de qualquer forma, Gimli estava com 5 de ataque pois ele tomou o dano de um ataque sem defesa.
- - Evitar ataque do Nazgul com o evento Finta, evitando assim dano e que um aliado fosse descartado (habilidade especial do Nazgul)
- - Fechar os pontos da etapa 2 (15 pontos), mas não reivindicar os objetivos para evitar o dano (Chave Sombria) e o aumento de ameaça (Tocha da Masmorra) que são gerados no final dos turnos
- - Se tivesse Força de Vontade suficiente para fechar a etapa 3 na mesa (no meu caso Éowin, Gimili e Escolta de Edoras [5+2+4= 11 possíveis], com a área de Perigo vazia), reinvidicar Objetivos ao iniciar um turno. Dessa forma a carta da etapa 3 é revelada.
- - Mandar todos para missão e torcer para que a área de perigo não faça mais de 4 pontos (como eu faria 11 e o objetivo é 7, 11-7=4 máximo de perigo permitido)
- - Como o Nazgul de Dol Guldur já teria sido derrotado na etapa 2 e você cumpriu os pontos da etapa 3, você ganha o jogo.
*** Não vou postar o deck, pois o post já ficou absurdamente extenso. Mas posso compartilhar se quiserem.
Ficaria muito feliz em saber que mais alguém ganhou. Então por favor compartilhem suas experiências aqui embaixo, de vitórias e derrotas, contra esse cenário do capeta.
No final a lição que fica é a mesma de sempre:
Nunca desista!