Em 2017 o número de jogos que possui algum tipo de interface ou suporte com dispositivos digitais aumentou muito comparado a anos anteriores. Os aplicativos que antes se restringiam apenas a promover alguma facilidade aos jogadores (como controlar/calcular pontuação) passaram a ser fundamentais para o desenvolvimento do próprio jogo (de alguns jogos) e em certos casos substituí-los.
Em tempos de "gourmetização" do hobby em que jogadores anseiam muito mais pelo produto do que do jogo propriamente dito, os jogos se assemelham cada vez mais como uma espécie de "brinquedo" voltado geralmente a um público (mais) adulto. Não entenda a palavra brinquedo como algo pejorativo, mas que carrega como produto muitas das características de produtos destinados ao entretenimento infantil: visual chamativo, componentes “tridimensionais”, marcadores personalizados, etc.
Não seria de se estranhar portanto que assim como, acontece com outras formas de entretenimento, os jogos analógico deixassem de ser cada ve mais, menos analógicos. A digitalização é hoje o processo natural de todas as coisas. Consigo imaginar o dia em que todos se sentarão ao redor de uma mesa digital, escolherão seu jogo por voz de comando ou toque na tela e hologramas surgirão na mesa projetando todo o jogo, realizando todos os calculos e fazendo os setups quando necessário.
O dia em que isso vai acontecer pode estar em um futuro distante, ou mais perto do que possamos imaginar. Quando obras de ficção como “De volta para o futuro” desenharam o futuro há algumas décadas atrás poucos acreditaram que muitas das coisas “imaginadas” poderiam em nosso dias serem possíveis. Quem viveu a época do telefone com discagem analógica jamais sonhou que hoje algo como o smarthphone fosse algo tão comum e para alguns indispensável.
A exemplo do que vem acontecendo com o mercado/industria de livros, pode ser que por algum tempo o físico e o digital coexistam de forma harmoniosa. Pode ser que essa existência mútua se configure como duas opções que uma pessoa terá a sua disposição. Pode ser que o digital dê errado e a grande maioria das pessoas se desinteressem por ele. Pode ser que com a popularização das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação frente aos cada vez mais escassos recursos naturais o digital seja muito mais atraente.
Apesar de ter uma boa quantidade de livros, que acumulei durante a vida eu quase nunca tenho tempo para eles (aliás possuo-s em sua maioria em versão digital). Contrapartida carrego na mochila, meu kindle (com todos os meus livros digitais e toda a biblioteca da Amazon) para qualquer lugar que eu vá. Conheço pessoas que gostam de sentir o “cheiro do papel” mas eu particularmente não tenho nenhuma fantasia pelo cheiro de celulose ou de tinta. Para mim a função do livro é armazenar um conjunto de informações as quais eu irei consultar quando quiser. A função do jogo é ser jogado, analógico ou digital devem atender o propósito de comunicar/entreter ao jogador.
Então talvez seja o momento de pensar que "a utilização de recurso digital" possa ser considerada como uma característica de classificação para jogos ou "de repente" até mesmo como uma mecânica. Aplicativos, tabuleiros inteligentes ou componentes com realidade aumentada são candidatos fortíssimos a a surgirem daqui por diante e modificar a forma como enxergamos e jogamos nosso tão queridos jogos analógicos.
Essa é uma questão bem controversa. O uso dos Apps em jogos para mim é maravilhoso caso o app seja um componente facilitador, e não parte integrante do proprio jogo.
Acho o Mansion of Madness fantastico, o que poderia se tornar o ponto controverso em minha opinião, mas acredito que os apps deveriam ser utilizados como no Alchemists. Um componente de auxilio, que pode ser deixado para tras. Um facilitador ao jogo.
Amo tecnologia, smartphones e tablets. Mas sou desses que prefere ler livro no papel rs...
Recomendo a todos a discussão sobre Apps e eletronicos nos BG realizada no BackTalk da Dice Tower:
Bem interessante e plausível sua visão. E realmente pode ser que os jogos analógicos como conhecemos estejam com seus dias contados. Talvez se crie um nicho dentro do nicho, de jogadores que prefiram os componentes reais aos virtuais... Talvez eles se xinguem pela internet, alegando que um é melhor do que o outro já que opinião própria cada vez se torna mais rara e odiada.
Mas devemos lembrar que quem viveu no início dos portais de notícias na internet também acreditou que o jornal de papel acabaria. Devemos lembrar que há "tribos" hoje que a despeito do CD, MP3 e afins prefere os antigos discos de vinil, além de uma onda de nostalgia à década de 1980 vista em várias mídias.
Resumindo, sim este futuro que você desenha é provável, mas ele também é mais um dos tantos outros possíveis.
Espero que possamos desfrutar do melhor que está por vir tanto das novas tecnologias quanto dos Jogos de Tabuleiro. Tudo se transforma o tempo todo.
Acho que a proporção de apps em boardgames vai continuar a mesma. Uns vão ter, outros não. Segue o jogo. Se tudo ficar muito digital, os boardgames não tem pernas pra competir com os jogos exclusivamente digitais e quem utiliza essas plataformas vai acabar deixando esse tipo de jogo de lado em favor de jogos mais ágeis e não baseados em turnos (vide a queda de rpgs tradicionais de videogame).
PS: Eu era desses que dizia que o papel era o melhor de ler um livro até pegar um Kindle Paperwhite na mão. Jamais volto pro papel. Dobrei a leitura de livros que leio no ano e ainda posso ler no escuro deitado na cama antes de dormir sem atrapalhar o sono, já que a iluminação da tela é indireta. Aliás, durmo lendo todo dia. Porém isso nunca vai substituir totalmente o papel porque muito das vendas de livro são de best-sellers e o povo que lê best-seller tipo 50 Tons de Cinza não é leitor assíduo que quer gastar dinheiro em eReader.
Pro leitor de longa data que termina e começa livro um atrás do outro, eReader é um must have, principalmente pra não viver pobre gastando com livros.
frevolta::Essa é uma questão bem controversa. O uso dos Apps em jogos para mim é maravilhoso caso o app seja um componente facilitador, e não parte integrante do proprio jogo.
Acho o Mansion of Madness fantastico, o que poderia se tornar o ponto controverso em minha opinião, mas acredito que os apps deveriam ser utilizados como no Alchemists. Um componente de auxilio, que pode ser deixado para tras. Um facilitador ao jogo.
Amo tecnologia, smartphones e tablets. Mas sou desses que prefere ler livro no papel rs...
Recomendo a todos a discussão sobre Apps e eletronicos nos BG realizada no BackTalk da Dice Tower:
Tenho a mesma opinião que você e acrescento que considero adição de apps e afins "eletrotrecos" um elemento de obsolência programada em jogos de tabuleiro.
Pensem o seguinte: Você vai lá e compra um jogo de trezentos e tantos reais que para funcionar exige um app Android/iOS. Felizmente, hoje, em 2018, você tem um desses dois celulares (se for um azarado que nem eu que investiu em um Windows Phone, oras, nem isso rs - embora eu goste muito desse Sistema Operacional). Acha o jogo sensacional, joga ele diversas vezes, e o app facilita a vida, embora não possa ser substituído. Compra novos jogos, ele fica na prateleira, passa dois anos, o Sistema Operacional do seu celular avança três versões, você muda de aparelho e quando reabre a caixa...pronto, relembra que precisa do app. Vai na loja e ELE NÃO EXISTE MAIS. Foi retirado de lá pelo editor ou por não estar mais alinhado as novas políticas de segurança ou, simplesmente, agora é incompatível com seu celular/modelo/versão de sistema operacional. E NÃO TEM COMO SUBSTITUIR. E pior, se o app exige que TODOS os jogadores utilizem seus smartphones, isso já pode colocar fora do jogo um monte de gente que está sem bateria, sem o aparelho, com versões incompatíveis... para um jogo de tabuleiro convencional tudo que se precisa é de uma mesa (pode até ser no chão se você não tiver amor pelo seu exemplar) e luz (seja do sol, lâmpada ou uma boa e velha vela).
Hoje, não consigo mais abrir diversos jogos digitais que joguei no passado, exceto que me torne entendido em ficar emulando SOs passados, instalando versões anteriores desses mesmos SOs em partições para dar um gato e, não raro, nem assim. Um CD antigo que não seja de boa qualidade pode já estar descascando e incapaz de ser lido, riscado ou, simplesmente, o laptop/computador, nem mais tem o bendito leitor (agora tudo é em pendrive...). Em contrapartida, aquele jogo de xadrez do seu bisavô continua mega funcional, tão bem como os jogos que guardou de sua infância.
Para tudo há uma alternativa, é claro. Um fã pode separar um smartphone desligado com os apps de vários jogos (ou vários para os que exigem vários aparelhos) e manter eles acondicionados nas prateleiras ao lado de seus jogos com apps. Não apagando o bichinho, mantendo as baterias carregadas fora dos aparelhos (para os que permitem isso) e o carregador à mão, com algum planejamento prévio (caso precise recarrega-los) poderão ser utilizados pelo tempo de duração até que as baterias estraguem de vez. Se guardar uma bateria nova e extra, oras, podemos adicionar uns 30/40 anos sem preocupações (além das já listadas).
Prefiro o bom e velho jogo analógico.
Aliás, digo o mesmo para livros. Eu tenho um Kindle, ando com ele para todo lado, envio notícias com o app "send to kindle" do Google Chrome de forma a sempre ter acessível os textos e livros que quero ler na hora do almoço. Para manuseá-lo no almoço é mais prático que um livro, mas sei que se cair no chão de jeito, tomar uma chuva inesperada ou, inevitavelmente, em alguns anos, por mais que cuide dele, vai pifar, queimar e estragar levando com ele toda sua biblioteca. Já meus livros físicos em casa, que também folheio e leio, exceto no caso de incêndio e tsunami continuarão funcionais por décadas. Com um mínimo cuidado com humildade, insetos e limpeza, por séculos.
Conde_dl::Aliás, digo o mesmo para livros. Eu tenho um Kindle, ando com ele para todo lado, envio notícias com o app "send to kindle" do Google Chrome de forma a sempre ter acessível os textos e livros que quero ler na hora do almoço. Para manuseá-lo no almoço é mais prático que um livro, mas sei que se cair no chão de jeito, tomar uma chuva inesperada ou, inevitavelmente, em alguns anos, por mais que cuide dele, vai pifar, queimar e estragar levando com ele toda sua biblioteca. Já meus livros físicos em casa, que também folheio e leio, exceto no caso de incêndio e tsunami continuarão funcionais por décadas. Com um mínimo cuidado com humildade, insetos e limpeza, por séculos.
Cara, se você sair pra rua com o livro , chover e molhar vai também perder o livro. Seu livro não fica o tempo todo em casa. Catástrofe pode acontecer tanto com o livro quanto com o Kindle.
Pense o seguinte. Eu tenho o Kindle tem dois anos e nunca quebrou ou caiu. Se ele quebrar e cair agora, o preço que eu compro outro ainda assim não fica mais caro do que o preço que eu teria gasto nesses dois anos se tivesse comprando os livros que li nele.
Agora, se você deixa seus livros SÓ no Kindle, aí concordo que vai perder tudo, mas é uma prática errada. O mínimo é ter um backup em algum lugar, seja no computador ou em alguma hospedagem. Eu tenho mais de 300 livros no google drive e sempre largo tudo lá.
Você não larga seus dados importantes em um local só sem um backup de segurança.
Acho que vamos ter uma proporção de jogos com a utilização de aplicativo, creio que seja uma recurso novo que tem muito a acrescentar ao hobby.
Um ótimo exemplo foi o Mansion of Madness, que agora permite o jogo sem um "mestre". Mas não creio que se torne maioria, em muitos jogos a inserção do aplicativo pode ser tornar um passo burocrático que não acrescentaria nada se fosse deixado de forma analogica.
Acho que o interessante é o aplicativo não ser obrigatório. Se o jogo me obrigar a utilizar um aplicativo, eu não vou comprar nem que seja o melhor jogo do mundo justamente pelo problema da obsolência que é algo que não concordo de maneira alguma.
Quando estou afim de uma experiência digital, prefiro sempre jogar meu PS4. Não me vejo aderindo a essa digitalização de jogos analógicos. Aplicativos como componente facilitadores de jogo, por outro lado, não tenho restrições e se bem feito agrega muito ao jogo.
A inserção de componentes eletrônicos, ou de apoio que seja, pra mim, deveria se colocar em outra categoria, e não jogos de tabuleiro.
Quando eu quero comprar um brinquedo, eu recorro ao setor de brinquedos, quando quero jogos de tabuleiro, recorro ao setor de jogos de tabuleiro, e quando quero jogos eletrônicos, recorro ao setor de jogos eletrônicos.
Falo isso pra efeito de organização e entendimento do nicho.
O maior charme e identidade do jogo de tabuleiro, é se divertir com outras pessoas presenciais, com um monte de papel e plástico.