O presente texto tem por intenção incentivar a reflexão sobre o movimento de digitalização dos jogos bem como o processo inverso. Essa conversa está prevista para acontecer em 3 partes. Boa leitura...
É moda falar mal de video-games e jogos eletrônicos. Argumentos infundados como isolamento social, vício pela jogatina e falta de relevância na experiência proporcionada pelo game são disseminados e estimulados por qualquer um que tenha aversão a esse tipo de entretenimento. Como se essas coisas tivessem sido inventadas pela Microsoft/Sony/Nitendo.
Não raro, dentre os “jogadores de tabuleiro” especialmente quando se trata dos que adoram joguinhos de gerenciar recursos, os games digitais são endemonizados como se fossem a própria personificação de tudo o que há de pior e mais malévolo na existência humana. De forma bastante irônica esse pessoal se esquece que grande maioria dos primeiros jogos modernos foram influênciados por jogos eletrônicos lá da década de 90/00 tais como Warcraft, Age of Wonders, Age of Empires, Empire Earth, Command & Conquer, Company Heroes, Lords, Desperados, Commandos, Hanse, Patrician e tantos outros.
O primeiro Civilization (1991) rodava em DOS
Ocean trade, Age of Wonders e Patrician: qualquer semelhança é meramente uma coincidência?
Na verdade dizer que foram influênciados é um eufemismo para não dizer que eles se aproveitaram de muitos elementos dos jogos digitais (alguns copiados descaradamente). Aliás vale a pena dizer que hoje está muito na moda pegar “a ideia” de um jogo digital e com ela criar um jogo analógico. Então, julgo que os jogos anaógicos tem uma dívida muito grande com seus primos digitais.
jogos de mini fazenda são originais? Harvest Moon - SNES (1997)
Não quero que o leitor pense, que o objetivo desse texto é exaltar os jogos digitais em detrimento dos analógicos. Pelo contrário: o objetivo é convidar o leitor a refletir que uma coisa não se opõe em nenhum momento a outra. E começo fazendo isso jogando esse “balde de água fria” nos mais exaltados. Para os que compreenderam isso, prossigamos.
Eu acho muito estranho (e fruto de uma hipocrisia imensa) pessoas que cresceram jogando super nitendo, mega drive e playstation, hoje erguer bandeira contra jogos digitais e usar como escudo os jogos analógicos. Jogos analógicos, fazem tão bem ou tão mal quanto os digitais. Fazem mal como qualquer outra forma de entretenimento quando é mal utilizado.
Já ouvi de gente que nunca jogou Halo, Army of Two, CS, Gears of War, Call os Duty (só pra citar alguns) que adorou o jogo do Gears of War “por que ele emula bem a experiência do video-game” ao mesmo tempo em professa não gostar de jogos que tem “uma pegada de video game”. Outros dizem gostar mais de um “pseudo” jogo de luta analógico do que de um street fighter por que não possui a destreza necessária do jogo de “video-game”. As contradições são muitas quando é para falar mal dos jogos digitais.
Gosta do analógico e odeia o digital?
Um jogo de tabuleiro pode ser ruim. Mas se um jogo de tabuleiro é inspirado em um game digital e é "ruim" parece que seus “defeitos” são elevados a uma potência infinita. Algo muito parecido com o que acontece no cinema com filmes baseados em jogos.

Ruíns, incompreendidos ou alvo de ódio gratuíto?
A despeito de tudo isso, os jogos analógicos estão fazendo uma interface cada vez maios com a virtualidade e até mesmo sendo superados por suas versões digitais. Acredito que cada vez mais será mais comum preferir-se a versão digital ade um jogo ao seu original analógico. Cada vez mais veremos games AAA ganharam versões digitais e serem aclamados pelos jogadores de board game.

Dois jogos que ficam muito melhor no formato digital.
Haverá aqueles que irão falar mal e torcer o nariz? Claro que sim. Mas a época dessa gente de cabelos branco já passou. A revolução digital veio pra ficar.