Sinopse do Jogo:
Em Photosynthesis, os jogadores controlam uma espécie de árvore que cresce em uma floresta hexagonal. Os jogadores tentarão posicionar da melhor forma possível suas árvores, para reunir mais luz solar, e de quebra, bloquear a coleta feita pelas árvores dos oponentes. Esta luz será transformada em pontos de luz, que poderão ser usados para espalhar sementes e cultivar mais árvores. Os pontos de luz variam de acordo com o tamanho das árvores e a posição o sol com relação ao tabuleiro, por isto os jogadores terão que decidir quando é o melhor momento para realizar suas ações.
O objetivo do jogo é obter a maior quantidade de pontos de vitória, que devem ser conquistados finalizando o ciclo de vida de uma árvore. Após três rotações completas do sol ao redor do tabuleiro, o jogo terminará e o jogador com mais pontos vence. Desenhado por Hjalmar Hach, Photosynthesis é um jogo lançado pela Blue Orange em 2017, de 2 a 4 players, que dura de 40 a 80 minutos dependendo da quantidade de jogadores e se for usada a variante longa ou não.
Mecânicas:
- Colocação de Peças,
- Controle/Influência de Área
Visão Geral:
Para começar, cada jogador recebe um tabuleiro individual e seu conjunto correspondente de árvores coloridas. Em seus tabuleiros, os jogadores possuem 4 sementes, 4 árvores pequenas, 3 árvores médias e 2 árvores grandes. Eles também mantém um marcador de pontos de luz e uma ajuda para lembrar as ações disponíveis e seus custos. O resto de suas sementes e árvores são colocados do lado de fora, em sua área "disponível". Considerando que falta penas abrir o tabuleiro, posicionar o sol e montar as pilhas de pontos de vitória, temos aqui um jogo de setup bem prático e ágil. O fato da caixa ser um pouco mais alta que o padrão e do insert ser em forma de divisórias, permite que todas as árvores sejam guardadas montadas... facilita demais organizar o jogo.
Uma partida é jogada durante uma série de rodadas, com apenas 2 fases em cada rodada: fotossíntese e ciclo de vida... em outra palavras, receber pontos de luz e depois gastá-los.
No início da fase de fotossíntese, o jogador com o token do Primeiro Jogador move o Sol, um segmento no sentido horário, em torno do tabuleiro (exceto na primeira vez do jogo). Os jogadores conseguem pontos de luz com base na nova posição do Sol referente às suas árvores. Aqui entra uma das mecânicas mais geniais e temáticas do jogo... os jogadores irão receber os pontos de acordo com o tamanho de suas árvores: 1 ponto para árvore pequena, 2 pontos para a média e 3 pontos para a grande. Entretanto, pontuarão apenas as árvores que não estiverem na sombra de outras árvores. Se a árvore de um jogador estiver coberta por alguma sombra, ele não recebe nenhum ponto para essa árvore. Uma pequena árvore lança uma sombra de 1 espaço atrás dela, uma média de 2 espaços e uma grande de 3 espaços. Agora, uma árvore que fica em uma área da sombra ganhará pontos de luz se for mais alta do que a árvore que está lançando a sombra. Os jogadores marcam seus pontos de luz ganhos no seu tabuleiro pessoal. Esta fase é simultânea, mas no fim é sempre mais divertido contar um por vez para fazer o suspense de quem se deu bem ou foi mal naquela rodada... E vai por mim, este jogo tem muitas viradas de mesa nesta fase, muita coisa muda junto com o Sol a cada rodada.

Uma vez que todos os pontos de luz foram ganhos, os jogadores se revezam trocando seus pontos de luz por ações. Antes que as sementes possam ser plantadas e as árvores crescidas, elas devem estar na área "disponível" do jogador, ou seja, fora do seu tabuleiro. Para os itens saírem do tabuleiro, é necessário comprar. Os números listados ao seu lado indicam quanto custa cada item. Os jogadores podem ainda gastar seus pontos de luz para plantar sementes no tabuleiro principal. O custo é de 1 ponto de luz por semente plantada em torno de suas árvores existentes. Uma semente pode ser plantada à 1, 2 ou 3 espaços de distância da árvore, respectivamente de acordo com seu tamanho. Os jogadores também podem gastar pontos para cultivar ou crescer suas árvores. Uma semente ou árvore só pode ser substituída por uma árvore que é do próximo tamanho, e que esteja 'disponível". O custo para o crescimento de sementes e árvores estão indicados na parte inferior de seus tabuleiros. Por fim, os jogadores escolhem quando colher suas árvores grandes. A colheita representa o fim do ciclo de vida da árvore, e sua morte. Finalmente cumprir sua missão no jogo, que é pontuar. Fazê-lo custa 4 pontos de luz por árvore. O jogador remove a árvore grande de volta ao seu tabuleiro pessoal e ganha um token de pontuação da pilha correspondente ao tipo de solo onde a estava enraizada.



Depois de todos os jogadores terem tomado sua vez na fase do ciclo de vida, a rodada termina. O token do First Player é passado para o jogador à esquerda e uma nova rodada começa. Ao fim de 3 voltas completas, ou 4 na variante longa, acaba a partida. Os jogadores então somam sua pontuação e os pontos de luz restantes são convertidos em PVs, em uma proporção de 3 para 1. O jogador com mais Pontos de Vitória ganha a partida.
Avaliação:
A primeira coisa que chama a atenção em Photosynthesis é a aparência e sua produção excepcional... o jogo é lindo na mesa e atrai olhares de todos os cantos do salão. Vale mencionar o quão bem projetadas as árvores são. É fácil ver que cada cor tem seu próprio tipo de árvore e os encaixes são precisos. Tem jogo que é lindo montado no setup e perde o visual no fim da partida. Outros começam vazios e vão ficando bonitos no fim de jogo. Este é um caso onde a mesa fica linda do início ao fim da partida. Dá gosto de ver. E o mais incrível... tudo é feito de papel.
Mecanicamente, o jogo é bastante intuitivo e temático. O sol gira em um padrão previsível para representar o dia, as árvores bloqueiam o sol de outras árvores... as sementes viram árvores, que crescem e morrem no fim do ciclo. Ao explicar as regras do jogo, as coisas vão "fazer muito sentido" porque as pessoas conhecem a dinâmica das árvores. Um conjunto de regras simples e de explicação rápida, mas que vai exigir uma boa dose de queimação cérebro para jogar. A mais pura definição de jogo elegante.
Se por um lado as regras simples candidatam Photosynthesis a um excelente jogo de tabuleiro familiar, é importante frisar que talvez ele não seja totalmente adequado para este fim em qualquer grupo. Para iniciantes e crianças, existe muito pensamento e planejamento tridimensional envolvido. E não é qualquer pessoa que vai lidar com isto facilmente. Já notei que alguns colegas se frustraram com a dificuldade do planejamento geométrico que ele exige. Apesar de fortemente temático, é um jogo focado na polidez e aplicação da mecânica, o que é a característica natural de jogos puramente abstratos. Aqui não existe sorte. Um tanto seco e cerebral neste ponto.
O jogo é um quebra-cabeça intrincado de controle de pontos estratégicos, em uma disputa incessante por áreas iluminadas, tanto com os demais jogadores, quanto consigo mesmo. Muitos não percebem que espalhar as sementes representa reservar o espaço para rodadas futuras, ou concentram suas árvores amontoadas para tentar cercar uma parte do tabuleiro, sombreando suas próprias árvores e canibalizando seus pontos de luz.
Concentrar-se em uma área do tabuleiro, ou pior, no centro dele, é um erro que pode ser muito punitivo. Porque se suas árvores não estão recebendo luz solar, então você não ganhará pontos de luz. O que significa que você também terá menos para gastar em suas próximas ações. Eu cheguei a ver colegas não conseguirem receber nenhum ponto de luz na fase de fotossíntese, o que acaba desanimando o cara de continuar se empenhando na partida, dado que é praticamente uma pseudo-eliminação do jogador.
Photosynthesis definitivamente possui muita interação entre os jogadores, pois você deve competir não só pelo espaço, mas também pelos pontos de luz do a cada turno. Creio que por esta razão ele brilha em partidas com 3 ou 4 players. O jogo também permite uma variedade razoável de estratégias... A colheita precoce é ótima porque você obtém o ponto mais alto da pilha de tokens de pontuação. No entanto, manter uma árvore grande na placa também é agradável, pois pode continuar gerando pontos de luz, ao mesmo tempo em que lança sombras em seus oponentes. São boas decisões.
Particularmente ele entra na minha coleção com moral elevada, por conta de se enquadrar em duas características que muito prezo em um jogo: a questão da beleza do jogo na mesa e da inovação da mecânica. Além de proporcionar um exercício cerebral honesto. Eu gostei dele e considero um dos jogos leves com melhor design desta leva de 2017.
O Photosynthesis, foi um dos vários jogos que se destacaram nos grandes eventos de 2017, GenCon e Spiel. O jogo está longe de ser algo fenomenal, mas ele tem alguns fatores que, na minha opinião, são o gabarito para quem quer criar jogos no atual cenário extremamente concorrido de board games no mundo.
Simplicidade: criar métricas de evolução simples como a carta mais fraca vale 1, a média vale 2 e a forte vale 3. Ao longo do desenvolvimento esse equilíbrio pode sofrer alterações devido a outros vários fatores, mas um ponto de partida é o mais importante para colocar a ideia em prática. Photosynthesis me dá a sensação de que esse ponto de partida se manteve até o produto final sem deixar o jogo fraco em desenvolvimento. A árvore pequena vale 1, a média 2 e a grande 3. Plantar semente custa 1, árvore pequena 2, média 3, etc.
Criatividade: Aqui é o pulo do gato. Se diferenciar em um universo de quase 100 mil jogos já existente é tarefa difícil. Muitos bons jogos se diferenciam por usar a combinação de coisas já existentes, criando uma receita diferente. O famoso “É tipo Terra Mystica com um pouco de Agrícola.” O Photosynthesis usa uma mecânica consolidada como o controle de área, mas se aproveitando de uma simples ideia temática (O Sol que gira em torno da Terra), para mudar completamente a forma de pensar taticamente um jogo. Uma sinergia perfeita entre tema e mecânica que o fez sair de um jogo de métricas iniciais para algo brilhante.
Produto Final: Outro fator que faz muita diferença é você ter um produto final que se venda sozinho. O jogo chama atenção visualmente começando pela arte da caixa, que é linda e está apenas na caixa e manual. O jogo não tem arte alguma, mas a caixa se vende. Os componentes em ação dão um charme a mais na mesa. Passar por uma mesa de Photosynthesis e não parar pra perguntar “o que são essas arvorezinhas” é impossível. Dois fatores que vendem o produto sem ao menos entrarmos no detalhe que é um jogo criativo e inovador.
Conclusão... uma receita para o sucesso no quesito venda de jogos.
Agora, falando sobre o jogo, ele me cansou depois de duas partidas. Por mais que ele seja tudo isso que falei como case de sucesso, como jogo ele me decepcionou no fator recompensa de curto/médio prazo. Não estou falando que isso é um defeito, mas uma característica que gosto em jogos é a possibilidade de recompensa pelas minhas ações. No Photosynthesis você joga 18 turnos em uma partida de 3 rodadas. A sua pontuação vai começar a surgir a partir do seu turno 12, mais ou menos. Até então, seu trabalho é ser jardineiro, plantando e crescendo arvores para marcar seu adversário.
Para jogadores iniciantes, identificar o momento de virada entre parar de plantar e começar a colher os pontos é um desafio e um jogador desligado quando a isso pode passar o jogo inteiro sem pontuar.
Pra mim, ele precisava de pontuações intermediárias, talvez no final de cada rodada ou a cada ação que realiza. Em resumo, a simplicidade dele pode ter jogado contra nesse sentido. Um alerta para os designers que mesmo com um produto simples, criativo, inovador e bonito, ainda assim precisam testar bastante seus jogos e ouvir muito o público.
Agradecimentos especiais ao David, que de muito boa vontade, se dispôs a contribuir com sua opinião para enriquecer esta resenha. Não deixe de visitar o canal do cara, que certamente é um dos melhores e mais didáticos dentro do nosso hobby, no cenário nacional. 100% Recomendado!