Creio que Xi´an seja o jogo de estréia de Fracisco Testini e Marco Legato.
Se for, os dois acertaram a mão.
O tema é bastante fora do comum: esculpir e pintar o Exército de Terracota, encontrado há alguns anos, no monumento construído para celebrar a glória da dinastia Qin, a pedido de Ying Zheng, imperador da China, por volta do ano 246 A.C.
Para isso, cada jogador tem um deck de 24 cartas de ação e usará 12 delas para fazer suas ações e as outras 12 cartas serão usadas para determinar a ordem de turno. São, portanto, seis turnos usando duas duplas de cartas cada para doze ações no total. Há cartas que dão moedas, que dão argila, que dão pigmentos (quatro tipos diferentes) e cartas que melhoram um pouquinho cada ação do jogo, dando descontos em custos, pontos de prestígio e permitindo fazer trocas de recursos.
Um turno consiste em duas rodadas. Compra-se quatro cartas, cada jogador forma duas duplas, usando uma dupla para cada rodada. Na dupla de cartas, uma determina a prioridade de ordem do turno e a outra mostra a ação que se quer realizar. Todos mostram a primeira dupla de cartas simultaneamente. Em caso de empate, a trilha de supervisores determina o desempate.
Cada jogador faz o que sua carta diz e pode, além disso, enviar um de seus mestres para uma das quatro ações possíveis no tabuleiro: a) construir Guerreiros pagando argila (2, 3 ou 5 dependendo da região); b) pintar um Guerreiro já existente pagando os pigmentos adequados; c) avançar na trilha de supervisores que dá bônus em ações, desempate de prioridade e pontos de fim de jogo; e d) adquirir uma carta de equipamento pagando moedas. Estas ações são a parte de maior interação do jogo pois um jogador deve pagar uma moeda para cada mestre de outros jogadores neste mesmo local e poder realizar a ação desejada. Além disso, o próprio mausoléu onde as estátuas são construídas oferece certa tensão na hora de escolher onde construir os Guerreiros de Terracota, por causa da pontuação de maioria em cada região e porque quando se pinta um Guerreiro próximo de outro de sua cor, o jogador ganha uns pontinhos a mais.
Falando nisso, há dois modos principais de se fazer pontos: construindo e pintando as esculturas e formando conjuntos de cartas de instrumentos.
O tabuleiro onde os guerreiros são construídos tem três regiões (A, B e C). Guerreiros pintados dão pontos por maioria em cada região no fim da partida.
As cartas de instrumentos podem dar 2-5-10 pontos de acordo com os conjuntos de cartas do mesmo material (cobre ou madeira) mas de coisas distintas.
Xi´an pode ter um pouco de sorte ao comprar as quatro cartas do turno, mas geralmente são situações contornáveis taticamente. A dimensão de maiorias de regiões e a formação de conjuntos de cartas é o que dá o toque mais estratégico, já que para isso é preciso acumular o tipo correto de recurso, seja ele moedas, argila ou pigmentos.
A primeira partida foi muito divertida, com bom nível de tensão entre os jogadores, alguma interação mais direta ao disputar espaços para os Guerreiros e pegar as ações antes do outro, evitando pagar moedas. O resultado final do tabuleiro com todas as esculturas construídas e pintadas faz Xi´an ser um jogo muito atraente e dá uma sensação boa de visualizar o que cada jogador conseguiu realizar.