Passado o Rogue’s Quest, estamos agora na minha segunda tentativa de criação: C3X. Com ele, apliquei alguns dos aprendizados e errei mais algumas vezes, aprendendo mais. Inicialmente, C3X foi inspirado em RoboRally. Escolhi esse caminho pensando na Lição #3, para evitar o maior motivo do abandono de Rogue’s Quest.

Eu pensei em RoboRally, pois é um dos poucos jogos que eu gostei e mais ninguém (que eu apresentei) gostou. Joguei RoboRally três vezes, como a versão que eu tinha dava até 8 jogadores, consegui jogar com 16 pessoas diferentes. O jogo simplesmente flopou em todas as mesas. Muito provavelmente o jogo não envelheceu tão bem e eu devo ter gostado por ter sido meu primeiro jogo de ação programada.

Então eu pensei, em “consertar” RoboRally. Descobrir o que não agradou para melhorar e, claro, apimentar um pouco as coisas. Colocar uns robôs armados até os dentes e tals. Foi assim que nasceu C3X, um jogo de batalha de robôs, no qual os jogadores adquirem as peças (construa), montam seu deck (compile) de comando e lutam em uma arena (comande). Daí surgiu o nome, C três vezes. Já sei que eu sou ruim para nome de jogo, não precisa me dizer…

Só que toda essa ideia teve um grave problema. Eu consegui melhorar a mecânica de programação do RoboRally, que é o enfoque do jogo e alvo das maiores críticas. Sendo que o conceito do jogo que eu criei, que foi inicialmente pensando em RoboRally, não era mais uma corrida. C3X é um jogo de arena.

Isso me passou completamente despercebido e eu mesmo me surpreendi. Infelizmente, com essa minha viajada sem tamanho, eu havia iniciado um projeto sem tanto conhecimento como eu achei que teria. Inclusive, nessa época eu já conhecia 200 jogos, mas não havia jogado nenhum jogo de arena, nenhum. É extremamente importante conhecer jogos diferentes, mas é ainda mais importante conhecer jogos similares ao que você está criando. Tanto para evitar os erros cometidos por outros, quanto para evitar recriar a roda para resolver problemas já solucionados em outros jogos.

Para minha sorte, eu conhecia Earth Reborn, excelente jogo de combate tático e tinha meu conhecimento em RPG. Então, foi possível criar um sistema de combate sem maiores dificuldades. Também conhecia Spartacus, que existe a parte do combate na arena, mas essa parte do jogo tem mecânicas bem fracas, salva-se apenas a ideia do pool de dados ser a vida do gladiador. O resultado dessa gama nula de jogos de arena, sendo “tapada com a peneira” com jogos de combate tático, foi que nas primeiras versões de C3X existiam problemas básicos na arena, como a movimentação ser irrelevante depois que os robôs ficavam próximos.

Durante o desenvolvimento de C3X conheci Krosmaster Arena, mas já era tarde demais, eu havia conseguido chegar às mesmas soluções depois de meses de teste e desenvolvimento.

Então é isso, não importa muito você conhecer mil jogos e querer criar um dungeon crawler sem nunca ter jogado um, ou ter conhecido poucos. Faça uma pesquisa, conheça os clássicos e os lançamentos do gênero que pretende criar. Saiba onde cada jogo acertou e errou. Conheça as soluções bem estabelecidas. Assim você poderá criar o seu jogo com uma base sólida, evoluindo muito mais rapidamente, e quem sabe criando algo realmente impactante no gênero.