Não tenho nada contra colecionadores. Se alguém trabalha honestamente e decide dedicar um percentual do próprio dinheiro pra encher uma estante de jogos de tabuleiro, quem sou eu pra julgar? O dinheiro é dele ou dela.
Dito isso, sou um jogador. Jogo alguma coisa praticamente todo dia. Mas não tenho o menor fetiche pelo "lacrado", caixas impecáveis, "unpunched tokens". Compro boa parte dos meus jogos no mercado de usados, esperando aquele jogo com "marcas de prateleira na caixa" que acabam custando algumas dezenas de reais mais barato que o "lacrado, sem detalhes". Sleeves, só em jogos com muito manuseio de cartas, como Twilight Struggle.
Jogo aqui em casa é assim: chegou, é quase que imediatamente jogado. Acho que tenho apenas um jogo (entre 60 ou 70) que nunca joguei: PQ-17, um jogo de guerra da GMT, com um manual de 50 páginas pra lá. Mas vou resolver isso logo.
Tenho vontade de sair comprando um monte de jogo? Claro que tenho. Quando sobra uma graninha, dou um lance aqui e ali, compro um jogo que vinha namorando há algum tempo, vasculho as promoções. Mas tenho três ou quatro coisas que me ajudam a segurar a onda e manter a coleção em níveis razoáveis:
1) Em geral, tem de ser um jogo que funcione pra duas pessoas, já que 90% das minhas partidas são entre mim e minha esposa. Às vezes compro jogos pra mais pessoas (pra jogar com meu grupo ou em festas), mas é raro.
2) Raramente compro um jogo antes de jogá-lo, e quando compro é só depois de ler muitas resenhas e ver vários vídeos. Eu já sei do que eu gosto, isso ajuda muito. Como resultado disso, só invisto em jogos que eu tenho praticamente certeza de que eu vou gostar. Tanto que, até hoje, só me desfiz de TRÊS jogos de todos os que já tive, e dois deles eram War e Banco Imobiliário, que doei depois de anos comigo.
3) Faço uma distinção muito clara entre "jogos que quero ter" e "jogos que quero apenas jogar". A maioria das novidades se enquadra, pra mim, na segunda categoria. É muito mais comum eu pensar "Eu preciso jogar isso!!" do que "Eu preciso comprar isso!!".
4) Tenho apenas uma regra: jogo aqui em casa tem de ser jogado todo ano. War e Banco Imobiliário rodaram por causa dessa regra. Isso deve manter minha coleção dentro de um limite, que eu calculo seja algo em torno de 80 jogos, por aí.
Concluindo, vejo minha "coleção" como um menu, não como um mostruário. Mas não tenho nada contra as pessoas cujo prazer é ficar olhando os jogos parados na estante. Cada um com seu cada um.