Peço paciência, este é meu primeiro review. Fotos serão acrescentadas quando eu tiver uma máquina melhor para tanto.
Deixe seu comentário, terei o maior prazer em responder.
Caixa
Caixa resistente, espaçosa, com uma textura ótima e um cheirinho viciante. A arte é bonita e inspirada, mas se esquecer que colocou o manual em cima da caixa prepare-se para revirar a casa caçando até lembrar onde deixou (aconteceu comigo 2x, haha). O conteúdo não fica espremido e nem jogado na caixa, tudo tem o seu devido espaço, mesmo sem o insert. Falando em insert, ele faz uma falta danada (eu não peguei e pretendo corrigir essa falha em breve) se você possui algum TOC com ordem. Ter que procurar um determinado Monstrão no meio de trocentos dá uma leve irritação quando você tem pressa, e sabendo que poderia facilmente colocar todos em ordem alfabética e enfileirados.
Nota:10/10
Saquinhos
Agradáveis aos olhos e ao toque, personalizados. Só trocaria talvez um cordão no lugar da fita de cetim. Mas como você não terá motivos para fechar o saquinho, então não tem problema, não é?
Nota: 9.5/10
Dados
Não sei se todos os jogos vieram com os dados da mesma cor, no meu caso vieram
2 d6 cinzas – Admito que não são bonitos, mas servem ao seu propósito
d10 preto – nada de outro mundo também
Na sequência, os dados temáticos de cada classe (esses sim, bonitinhos):
2 d6 Brancos, 2 d6 Azuis, 2 d6 Marrons, 2 d6 Vermelhos
Boa impressão, só um veio levemente borrado, mas é quase imperceptível.
Caso você não tenha gostado da escolha, vale lembrar que no AliExpress tem dados coloridos bem charmosos e baratos.
Nota: 9.5/10
Meeples e Moedas
Outro ponto onde o jogo brilha. As cores são chamativas, então você não vai se perder facilmente na mesa, possuem uma boa textura e não são leves demais. Provavelmente você vai querer trocar seu pino de personagem futuramente, mas com o que tem você já está bem arranjado.
As moedas são belíssimas, prepare-se para ficar mesmerizado. Eu poderia fazer uma ode à beleza delas, à textura, à facilidade de empilhar, à dificuldade em escorregar, só não foi exatamente fácil para eu atribuir um valor a elas, já que não encontrava no manual um quadro dedicado a valores. Intuitivamente minha escolha se mostrou acertada e no dia seguinte ao reler o manual, achei os valores de cada uma na descrição do conteúdo da caixa.
Se você não pegou o Apoio Gourmet, deveria.
Nota: 10/10
Tiles
Eu pensei que haveria uma diferença gritante entre os tiles atuais e os da expansão lançada ano passado chamada Camelot. Não tem. Apenas uns amassados e uns esbranquiçados nas bordas, causados pelo tempo. E a engenhosidade ao montar o mapa é de se coçar a cabeça, muito sagaz.
Nota: 9.5/10
Cartelas
O simbolismo permeia tudo nesse jogo, e fica cada vez mais evidente conforme você vai tirando as coisas da caixa e sendo absorvido pelo mundo fantástico, com naipes e símbolos dando o tom. Meu problema com as Cartelas de Personagem, são que tirando uma do Dragão Vermelho as outras não são tão bonitas. Como as cartas ficam por cima depois você acaba esquecendo, então bola pra frente.
Algo que eu senti falta foi a indicação da serventia de certos locais, como o círculo no canto inferior esquerdo. Na falta de indicação, deixei meu rico dinheirinho empilhado ali (e roubado na sequencia por um maldito Doppelganger) e fui embora sem olhar para trás.
8.5/10
Tokens – Mecânica
São bonitos e estilizados em sua maioria, só um ou outro deixa a peteca cair, mas apenas por estar em comparação com outros do mesmo jogo.
9.5/10
Tokens - Monstros
Se você gosta de pegar um jogo novo e tirar cada tokenzinho do seu punchboard você vai se deliciar com esse aqui. Após terminar uma cartela gigante em uns 10 minutos, pensei “nossa, tem bastante mas ainda assim achei pouco” quando olhei atrás da caixa quase que meus poucos cabelos terminaram de cair, ainda faltava um monte! Moral da história: 40 minutos gastos com um sorriso de orelha a orelha
Temos aqui toda a miríade de artes, uns lindos, outros bonitos, outros nem tanto, uns feios que doem.
9/10
Cartas - Personagens
São muitos, muitos mesmo. Variados tamanhos, variadas histórias, variadas classes. Aqui vem outro ponto positivo, que é você poder jogar com os personagens criados por outras pessoas no Financiamento Coletivo.
Você se sente conectado a cada um, a cada sonho (parece dramático, mas eu realmente senti algo diferente). Depois de alguns meses convivendo no mesmo grupo do jogo, reconheci diversos rostos e foi uma grata surpresa quando meu primeiro personagem foi um dos que eu já conhecia, dando a sensação de reencontrar velhos amigos. Passar em uma vila e ver Jacques Demolay de passagem, resgatar Samoht Ogaith das garras do Doppelganger e ver Reinaldo Froes abrir caminho por entre três hordas de zumbis e esqueletos é verdadeiramente recompensador. Valeu gente!
Durante todo o FC tive um elefante na sala que não quis comentar, por receio de estar desmerecendo ou sendo hater ou coisa parecida. Eu achava as artes dos personagens terrivelmente feias. Esperava que o jogo fosse bom o bastante para me fazer esquecer as artes, e ao colocar cada cartinha em seu devido sleeve, tive um choque muito grande: a cartas são muito bonitas! Tanto que me arrependi de não ter feito uma cartinha do meu personagem também (mas no próximo hei de fazer!). Tem cartinhas menos bonitas? Tem. Às vezes a arte fica um pouco errática? Fica. Mas vai por mim, não chega a 10% do conjunto da obra. Fora que a colaboração de outros jogos/dá uma sensação de crossover que me faz ter vontade de experimentar os jogos de origem (estou olhando diretamente para você, Defensores de Alania).
Os textos que acompanham cada carta também são no geral bacanudos, mas às vezes se repetem muito falando de portal, acaso ou frases cliché.
9/10
Cartas - Monstros
Não tenho muito o que dizer, pois serve quase tudo que já foi dito acima. Um exemplo de dificuldades que eu tive foi no entendimento de um Monstrão (Grande Desafio, sempre esqueço o nome), que não sabia se colocava em cima da Caveirinha ou em uma Montanha aleatória do Tile. Mais uma vez, optei pelo bom senso, e conforme o jogo foi seguindo eu vi que era aquilo mesmo. O Monstrão era o Tríbulo Alguma-Coisa, para quem estiver curioso.
Como eu me confundia toda hora com os três tipos de Monstro e suas respectivas nomenclaturas, achei um jeito fácil de diferenciar: Monstrão (Grandes Desafios), Monstros (esse é Monstro mesmo, mas eu não vou dizer que ele está saindo da jaula. Droga, tarde demais. BIIIIRRLLL!) e Monstrinhos (Monstros de Emboscada).
9/10
Missões e Guildas
Se você quer missões variadas, aqui tem de monte. Investigação, cidades sitiadas, barganha com a Morte, fuga, delivery de objetos, gente possuída, reconstrução de cidade, monstros rondando, escolta, forja de itens mágicos. Eu me confundi no setup, já que metade das missões são dupla-face e a outra metade não, aí fez sentido o saquinho para colocar as missões. Seria melhor se TODAS elas fossem dupla-face, quem sabe em um futuro próximo?
Outra coisa que deixa um gostinho de quero mais, as Missões Específicas, como as de exploração de cavernas e os rumores de lugares específicos. Elas adicionam um fator de exploração ainda mais profundo ao jogo, já que nem sempre você termina a missão e as coisas ficam bem. Essa é a vida.
As Guildas são um show à parte, dá uma sensação muito boa quando você consegue finalmente fazer parte de uma. O problema é que são poucas.
Nota: 10/10
Itens Mágicos e Artefatos
Então, aqui a coisa muda um pouco de figura. Faz falta um “flavor text” tanto nos itens mágicos quanto nos artefatos, e o fundo das cartas são um pouco feios, para dizer a verdade. Após se acostumar com quadros e tudo o mais, é uma queda e tanto ver essas cartas meio “chapadas”. Algumas artes não são nada bonitas.
Já os artefatos, decepcionam por simplesmente parecer com itens mágicos em um fundo diferente. Faz falta um efeito secundário, que mostre quão únicas são aquelas cartas. O Caldeirão de Dagda, por exemplo, só acrescenta bônus de classe, mas bem que poderia curar x pontos de dano, ou ressuscitar um personagem e depois termos que descarta-lo. Ou Excalibur que poderia garantir algum bônus de liderança contra humanoides, resistência contra algum inimigo em especial...
Realmente, esse aspecto do jogo não me parece que tenha sido aproveitado de forma satisfatória. Quem sabe uma expansão futura não dá o brilho merecido?
Nota: 3/10
E agora, chegamos ao ponto polêmico dessa review, pois nem tudo são flores
Manual
Um ponto positivo é que você consegue muito bem jogar sem entender exatamente as regras. É tudo muito intuitivo.
Não vou mentir, achei o manual lindo, bem diagramado e tudo o mais. Entretanto, foi com ele que eu tive todos os problemas durante o meu jogo.
Faltam exemplos com imagens de certas coisas que podem parecer obvias, mas escapam se a pessoa não estiver prestando atenção. O valor do dinheiro, as classes e cores são exemplos que me vem à mente no momento. Na cartela de cidades, tem pequenos ícones de cartas, onde uma é explicada e outras não.
Outra falta de imagens que me pareceu crucial: a explicação do que representam certos locais no jogo. A todo instante você precisa abrir o manual para saber o custo de movimentação em determinado terreno, sem exageros. Certas informações na cartela também passaram direto, como o que representam os ícones de cartas.
Aliás, falando em classes, em “Definições” é dito que são apenas quatro classes: Guerreiro, Ladino, Clérigo e Mago.
Só que ao chegar em “Pontos de Vida e Dano” surgem: Paladinos, Warlocks, Druidas, Rangers, Rogues, Monges, Ninjas, Ladrões, Curandeiros, Xamãs, Estudiosos, Alquimistas, Pastores, Bardos e Diplomatas. Eu me lembro de ter visto uma imagem no grupo do Facebook falando sobre o assunto, mas para quem está caindo de para-quedas essas classes confundem ainda mais a cabeça do incauto.
Nas Ações Possíveis dá a entender que você só pode comprar itens mágicos em dois lugares (Torre e Mercado), mas na verdade são quatro (Castelo de Lilith, Torre, Árvore Élfica e Mercado) conforme o manual.
A seção 7 está fora de ordem, então se você for checar o manual para uma consulta rápida em um tópico específico, saiba que ela não será tão rápida quanto você gostaria. 9 e 10 também estão trocadas.
Faltam explicações sobre os ícones de classe nos cantos das cartas de Monstros e Missões, as estrelas no canto das cartas de Monstrões. E tenho pra mim que um índice seria muito útil.
Você pegou o jogo, montou e sentou para jogar sozinho. Tudo pronto, certo? Errado. Faltam regras para o modo solo, onde expliquem como ficam as missões públicas e as particulares, quantidade de Monstrões. Nada é dito, apenas que o modo existe.
Quanto ao modo competitivo, idem. Se muda a quantidade de Monstrões quando jogamos em 5 eu também não sei dizer.
Porém o autor é sempre solicito e está sempre respondendo duvidas no grupo do jogo, então essas dificuldades tenho plena confiança que serão passageiras.
Resposta do Autor em 23/08/2017: O maior problema do manual é que ele foi feito pro projeto de 40k e 1/3 do tamanho final que ficou... e conforme o FC cresceu exponencialmente e fomos adicionando muitas coisas diariamente, ele acabou ficando pequeno... tem muitos monstros que "quebram as regras" e muitas coisas que mexem nas regras e modificam as estruturas. Estamos juntando todas as duvidas em um FAQ e o pdf do manual mais completo vai sair assim que finalizarmos os envios.
Nota: 2/10 (por enquanto)
Achei a mecânica de jogo muito elegante e me surpreendi no final em ver que as coisas estavam cada vez mais cinematográficas, acompanhem meu relato:
Em um determinado momento eu estava correndo com meu grupo em direção ao chefe final e fui atrás de um artefato que pudesse me ajudar, mas acabei liberando o apocalipse em Arcádia, com Zumbis e Esqueletos em todas as localidades e vindo na minha direção. O tempo estava contra mim, o monstrão já havia destruído três localidades e estava a duas casas da derradeira.
Sem pestanejar, abri caminho em direção as passagens das cavernas, exterminando alguns esqueletos no caminho, me joguei caverna adentro e sai quase do lado do meu destino final. No turno seguinte, perdi para uns zumbis que rondavam próximo ao meu objetivo e isso me deixou com a confiança seriamente abalada. Questionando se deveria retornar e contar com a sorte para reconstruir um lugarejo e assim ter um tempo antes da batalha final ou atacar meu inimigo, lancei-me em direção ao meu Nêmese. Ele pereceu fácil, mas a que custo? Eu provavelmente lancei o mundo em uma nova Era de Trevas, com a melhor das intenções. Assim, me vi obrigado a encerrar aquele jogo, com Arcádia infestada por um mal talvez maior do que havia antes, e causado por quem havia jurado salva-la. Se as pessoas soubessem que fui eu o causador, será que eu poderia ser considerado o “herói” da historia?
Eu precisei sair, e assim o jogo acabou ali, mas poderia ter continuado. Ainda bem que não faltarão heróis em Arcádia, tenho certeza disso.
Considerações Finais:
Eu sei que isso ficou longo, mas foi a minha primeira vez então dá um desconto. Me partiu o coração admitir que esse jogo tem pontos negativos, mas nem mesmo estes tiram o brilho deste que tem tudo para crescer e tornar-se ainda melhor. Um fato que vale ser mencionado é que este foi o segundo maior financiamento coletivo de Boardgames no Brasil e isso deve dizer alguma coisa a respeito do nível do jogo e da confiança que as pessoas colocaram no produto e em seu autor. Mesmo assim passou voando baixo no radar de muita gente, não chamando muita atenção. Se eu tiver outra chance, gostaria de falar um pouco (pouco mesmo, pois não tenho muita experiencia) sobre o lado esotérico desse jogo. Obrigado galera, um abraço do Capitão.
Pontos Positivos:
+ Intuitivo
+ Personagens Carismáticos
+ Kabbalah (eu não abordei o assunto, mas vale um artigo falando sobre)
+ Capricho
Pontos Negativos:
- Manual truncado dificulta o aprendizado, convém entrar no grupo do Facebook e ir procurando as dúvidas conforme forem surgindo para complementar.
Nota Geral: 8.5/10 (mas é nota DEZ no meu coração, sem pensar duas vezes)