Escrita por: Rodrigo Neves.

Sinopse do Jogo:
Antler Island é um jogo onde os jogadores são alces em uma ilha, cujo principal objetivo é "acasalar" com o maior número possível de fêmeas até o fim da partida. Os designers responsáveis foram os irmãos Gordon Lamont e Fraser Lamont, da Fragor Games. Publicado em 2007, aceita partidas de 3 à 4 jogadores. Foi um jogo de única edição. Uma partida do jogo dura de 30 à 50 minutos e não possui dependência de idioma, mais a leitura do manual mesmo. Os irmãos Lamont desenvolveram uma reputação de usar componentes inteligentes e adoráveis em seus jogos. Seu primeiro lançamento, Leapfrog, apresentou rãs de borracha coloridas, enquanto seus dois seguintes lançamentos incluíram ovelhas tridimensionais e ratos. Antler Island é o quarto jogo nesta linha.


Curiosidade: Quase todo ano, a editora Fragor Games faz uma produção limitada de um jogo (em média 1000 cópias), sendo extremamente procurado pela produção magnífica de seus componentes e design original. Em 2011, foi lançado o Poseidon's Kingdom e a preorder daquele jogo acabou 11 dias depois de ser anunciada. Em 2012 lançaram Spellbound, cuja preorder não só acabou em 7 dias, como depois dessa resolveram não mandar mais para o Brasil. Em 2014, eles anunciaram o Dragonscroll, que novamente acabou a preorder em menos de 2 semanas.
Mecânicas:
- Programação de ações;
- Seleção simultânea de ações.
Visão Geral:
O tabuleiro do jogo é tridimensional, dividido em três plataformas de andares diferentes. Os irmãos Lamont são conhecidos por grandes componentes em seu jogo. Este aqui não foge as regras, mas eles podem ser um pouco datados nos dias de hoje. O efeito 3-D é bacana e bem legal, mas não é necessário. Certamente isso descreve a maioria dos jogos dos irmãos Lamont. Os componentes são alta qualidade e você não ficará desapontado. Os players são representados por miniaturas de resina pintadas a mão e as fêmeas por tokens de madeira.



As regras são muito simples de entender. O manual vem em algumas línguas, o que não é minha preferência. Eu prefiro vários manuais. Seria interessante que o jogo tivesse alguma ajuda para o jogador, mas este não possui. Entretanto, você pode ler o livro e jogar em cerca de 10-15 minutos.O objetivo do jogo é acasalar com a maioria das fêmeas e estar no centro do tabuleiro em uma batalha pelo status de Rei da Colina ao final. Em sua vez, você irá pré-programar suas ações. Você terá 4 ações possíveis e usará seus tiles 1-3, um espaço em branco (usado para blefar) e um X (você pode acioná-lo fora de ordem). São poucas opções, mas é preciso planejar na ordem que serão executadas, e a interação com os demais players pode frustrar seus planos. Em seu turno, você pode:
· Mover - um espaço adjacente ;
· Comer - você recebe todos os tokens de comida no espaço ;
· Acasalar - tirar uma corça do tabuleiro e marcar um VP ;
· Crescer sua galhada - descartar alimento e ganhar os galhos, dado pelo valor descartado dividido por 2
Combate - É uma ação a parte, consequência de um movimento para uma região ocupada por outro player. Cada jogador dá um lance oculto com alimentos, em seguida, eles são revelados e deve ser adicionado com o número de chifres que você tem. A maior pontuação ganha o combate. O perdedor perde um chifre e o vencedor move-o para um local adjacente de sua escolha. Ao vencer o primeiro combate, aquele jogador recebe um marcador de valentia. Uma nota, você deve possuir um marcador deste ou você não pode ganhar o jogo.
O jogo se passa em sucessivas rodadas, onde o first player troca de jogador automaticamente. Ao final de cada uma delas, as fêmeas ainda "solteiras" sobem em direção ao platô central e mais alimentos/corças entram em jogo no primeiro andar. Tudo entra em jogo em grupos de 3 ou 4, dependendo do número de jogadores. Para esta renovação, o jogador da vez rola o dado que indica a cor das regiões que serão ocupadas.
Cada jogador tem um board individual representando a cabeça de seu animal. Eles devem se alimentar e usar os estes recursos para aumentar sua gralhada, obtendo bônus especiais e aumentando as chances de vitória em um combate direto. Este é mais um ponto original deste jogo.


Quando o primeiro jogador acasalar com 12 fêmeas a partida termina ao fim da mesma rodada. A pontuação final será dada pelo número de fêmeas conquistadas, mais o valor do andar em que ele terminou a partida: 0 para o primeiro andar, 1 para o segundo e 3 para o terceiro (que só tem um espaço). Nesta proposta existe uma faceta de rei da colina neste jogo, pois marcar 3 VP ao acabar no centro do tabuleiro, normalmente garantir sua vitória, dado que a maioria dos jogadores fica muito perto em pontos. Isto cria uma atmosfere que induz a luta jogador x jogador. Principalmente, porque você deve ganhar pelo menos uma luta para vencer a partida. Se você não ganhar pelo menos uma luta, não poderá ser o vencedor, mesmo que tenha mais pontos que os demais.
Avaliação:
Antler Island é um jogo de estratégia leve, que possui um rápido setup e uma partida fluída de jogar. Como sempre a Fragor impressiona pelo nível de produção de seus jogos. Tabuleiro tridimensional, alces de resina pintado e meeples de madeira de qualidade. Pela baixa complexidade e poucas opções para se escolher, é um jogo altamente indicado para abrir aquela noite de jogos ou para usar como gateway para os amigos. Em geral, a Fragor tem uma péssima mania de desenvolver jogos complexos demais para serem verem mesa com jogadores casuais e desafiadores de menos para jogadores mais experientes... é simplesmente um dom dos caras. Este jogo é diferente, ele consegue assumir um objetivo mais claro: é uma corrida com conflito direto, para se divertir e dar risadas.
É importante observar que o tema traz forte vínculo de humor (possivelmente do tipo duvidoso), muitas vezes interpretado como politicamente incorreto em dias atuais. Imagine a seguinte chamada: "Dispute com seus amigos para descobrir quem é o veado mais insaciável... prove sua dominância em uma disputa por quem será o mais chifrudo!". É um jogo que abre brechas para piadas e discussões sobre homossexualidade, poligamia, traição, banalização do sexo e outros temas delicados. É importante ter o cuidado de avaliar qual o público que está reunindo na mesa, para jogá-lo. É um jogo que estimula os confrontos entre os players, pois apenas é possível vencer se o jogador já tiver sido vitorioso em algum combate. Como a pontuação é dada pelo total de fêmeas copuladas e o andar da ilha em que os players terminam a partida, as brigas pelo topo no centro da ilha, ao final da partida são inevitáveis. Este jogo não vai te deixar ganhar se ficar em cima do muro ou tentar ser muito diplomático.
Em suma... é um jogo único e com grande potencial. O tema de "acasalamento" pode ofender alguns, embora as regras dizem que você pode fingir que estão se beijando se tiver crianças na mesa.
Eu sempre tive fascínio pelos jogos da Fragor... Características únicas e inovadoras envolvendo mecânicas e dispositivos, as miniaturas de resina caricatas e a certeza um visual matador na mesa. Sou fã da empresa, mas reconheço que os jogos dela têm uma arte fraca e em geral uma jogabilidade bem mediana. Mas a coleção dela ainda é um dos grandes orgulhos em minha estante.
Vale lembrar que este é um jogo bem raro, de tiragem ultralimitada e bem difícil de se importar para o Brasil. Mas para quem gosta de experimentar jogos novos e family games, vale a experiência de uma partida. Pessoalmente achei o jogo bom e original, mas não fantástico. Mas devo confessar que tenho um motivador extra, por tentar colecionar os jogos da Fragor. Para quem se interessou pela produtora, outros jogos da Fragor com resenhas pelo Canal TTZO são Game of Gnomes, Poseidon's Kingdom e Dragonscroll.
E o amor está no ar!!!!!!!!!