Resenha inicialmente publicada no blog da Curitiba Lúdica
Faz bastante tempo que não escrevo por aqui e hoje resolvi escrever sobre um jogo da Roxley que eu apoiei no Kickstarter ano passado, chegou semana passada em minhas mãos, Santorini, de Dr. Gordon Hamilton.
Roxley é a mesma empresa canadense que trouxe o Steampunk Rally, que também adquiri no Kickstarter e o produto veio com muita qualidade, cumprindo o prazo. O Santorini não foi muito diferente, houve um pequeno atraso no projeto, mas foi avisado e redefinidos os prazos no meio da produção, os apoiadores sempre tiveram o feedback necessário e a resposta da empresa sempre foi bem rápida, transmitindo a mesma segurança do outro projeto.
Sobre o jogo
Bem, vamos ao jogo: Santorini é um reimplemento do jogo de mesmo nome do mesmo autor lançado em 2004, jogo que o Dr. Gordon Hamilton demorou 30 anos para criar e aperfeiçoar. É um jogo abstrato para 2 pessoas (que também pode ser jogado em 3 ou 4, mas a recomendação maior é 2), com um forte apelo temático em seus componentes e arte.
No jogo cada jogador intercala seus turnos realizando apenas 2 ações obrigatórias: 1) Mover com um de seus 2 trabalhadores para qualquer espaço adjacente (ortogonal ou diagonal) e 2) Construir, com esse trabalhador movido, um andar de uma torre em qualquer espaço adjacente. As torres podem ter 3 andares e mais a cúpula e cada trabalhador pode subir apenas um andar da construção, mover no mesmo andar ou descer quantos andares quiser. Se uma torre estiver completa (com 3 andares e uma cúpula) não é mais possível se mover para essa torre e nem construir mais nada nela. Vence o jogo quem conseguir mover um de seus trabalhadores para o terceiro andar de uma torre.

As regras são bem simples e podem ser jogadas apenas dessa maneira ou com o uso das cartas dos deuses. Em cada partida, cada jogador tem o poder de um deus grego que altera as condições de vitória ou algum aspecto das regras a seu favor. Só no jogo base são 30 deuses, com a expansão Golden Fleece (inclusa na versão kickstarter ou comprada a parte na versão Retail) são mais 15 deuses e 10 heróis. Os heróis funcionam de forma parecida com os deuses, com a diferença de que ao invés de possuirem um poder que permanece por toda a duração do jogo, possuem apenas um poder de uso único na partida.
Ainda sobre a expansão Golden Fleece, ela possui um outro modo de jogo que é usando o artefato Golden Fleece, que é colocado em algum lugar no tabuleiro junto com a carta de um único deus. O jogador que tiver pelo menos um trabalhador encostando no artefato possui o poder do deus escolhido antes da partida. Isso gera uma partida até mais equilibrada e com uma disputa por terreno próximo ao Golden Fleece.
Minhas Conclusões
Santorini é um jogo fácil de ser explicado, jogado e com várias decisões táticas a tomar durante a partida, é um abstrato com bastante apelo temático, o que é sempre bem vindo. É um jogo fácil de ser querido por quase todo tipo de jogador, inclusive quem não é muito fã de abstratos.
Mas possui alguns problemas, como todo jogo. Depois de várias partidas, nota-se um detalhe parecido com o que ocorre em Hive ou Xadrez em que quem começa tem uma leve vantagem que precisa ser quebrada pelo segundo jogador para que ele vença. No meio da partida, conforme o leque de possibilidades se abre, essa diferença se torna imperceptível. Entretanto, dependendo do deus que o primeiro jogador escolhe e a habilidade do jogador, a partida pode terminar rápido demais sem possibilitar o leque de opções de construções e defesas do meio da partida.
Os deuses do jogo funcionam bem entre si, alguns podem ser um tanto desequilibrados, o que não vejo como um grande problema, visto que isso pode servir para equilibrar jogos entre pessoas mais habilidosas ensinando o jogo para quem não conhece. Mas o desequilíbrio se agrava um pouco ainda com a expansão, que possui deuses com idéias bem legais, mas muitos deles incompatíveis com outros deuses (que são devidamente marcados nas cartas dos deuses para evitar o confronto direto entre deuses incompatíveis). De modo geral isso não é um grande problema, pois ainda assim existe uma infinidade de combinações que funcionam bem e garantem diversão.
Por último, as cartas não possuem textos, apenas iconografia, o que é uma coisa boa e ruim ao mesmo tempo, boa porque torna o jogo independente de linguagem, ruim porque é preciso sempre recorrer ao manual para explicar direito como cada deus funciona. A solução ideal seria ter a iconografia e o texto na carta.
Santorini é super rápido e viciante, é fácil jogar várias partidas em uma única sessão e se divertir em todas elas. A arte e os componentes são de primeira qualidade, diria que é até exagerado, mas o preço de mercado não está caro pela qualidade do que vem na caixa, cerca de 33 dólares.
Santorini já está entre meus jogos abstratos favoritos, recomendo!
Todas as imagem são de
Eric retiradas do
BoardgameGeek