Malditorium sejam!
Quando entrei de cabeça no hobby, lá em 2009, esse foi um dos jogos que na época me chamaram bastante atenção, nas horas e horas navegando pelo BGG. Desde então, sempre tive vontade de jogar ele, mas confesso que nunca fui muito atrás de ler as regras ou saber como era mais detalhadamente o funcionamento do jogo. Quando foi anunciado ano passado, não tinha sombra de dúvidas, compraria certamente! Recebi essa semana, e rapidamente já foi pra mesa.
O jogo foi trazido pro Brasil pela Ludofy, que já lançou jogos como Império Lendário, Blacksmith Brothers, Patchwork (e vai trazer Celestia), entre outros. A versão do jogo é a mais atual, contém a expansão Malleus Maleficarum, edição de 2015. Como eu queria muito jogar, assim que recebi o jogo já peguei pra ler as regras.

Conferindo o material, posso começar dizendo que a caixa é muito boa! Tem o tamanho quadrado padrão, é bem resistente, e revestida com um papel texturizado. De qualidade mesmo! A minha surpresa foi que ao abrir a caixa, não tem nada dentro dela que justifique seu tamanho. Até o tabuleiro, que é a maior coisa, é menor. Só os
punchboards e o manual é que são do mesmo tamanho da caixa. Os
punchboards depois que as peças são destacadas vão fora e ambos poderiam ter sido feitos qualquer outro tamanho também. A caixa tem um insert de papel daqueles que não servem para nada (e o meu estava até rasgado, mas não faz diferença).
As peças vieram já quase destacadas, algumas se soltaram muito facilmente, mas várias quase rasgaram. Além disso, o acabamento do corte das peças não é dos melhores, é algo que tem que tomar cuidado pra não "esfarelar" o papelão. Há estandes para os Acólitos, que são os peões dos jogadores, que nessa versão são de papel, diferente da versão original, onde são miniaturas.
Outro problema encontrado no jogo... as cores. As peças vermelhas mudam de cor de acordo com a peça. Varia de vermelho, laranja, marrom. Tanto nos marcadores como nas cartas. Ah, as cartas são de baixa gramatura, fininhas, e com variação de cor. E são daquelas que parece que não vão aguentar serem muito embaralhadas. Ainda bem que no jogo não é necessário embaralhar seguidamente as cartas.
Por fim, o que eu achei bem ruim de não acompanhar o jogo são alguns ziplocks. O jogo tem um monte de marcadores, seria ótimo se já viessem os saquinhos pra acomodar tudo, como várias empresas têm feito.
Mas e o jogo? Sim, falarei sobre o jogo! Como eu comentei, esse era um jogo que eu sempre quis jogar, ou seja, a expectativa era alta...
O jogo se passa em uma biblioteca mágica, com plataformas voadoras e livros encantados e maldições malditas! Cada jogador deve recolher os 4 livros da sua cor pra vencer a partida. A moral do jogo é conseguir mover plataformas e o Acólito para conseguir isso, e impedir que os outros cheguem nos livros deles. Não usamos a expansão nessa partida.
O setup do jogo é feito da seguinte maneira: cada jogador pega uma de suas cartas de setup, que mostra o quadrante onde iniciam e a localização dos livros no grid. Depois, em ordem, cada um vai colocando uma plataforma. No final do setup, nenhum livro pode ficar "voando", todos devem estar em cima de alguma plataforma. No início do setup, isso parece difícil de fazer, e parece que vão faltar plataformas. Mas não, elas acabam sobrando no tabuleiro sem nenhum livro em cima.
As mecânicas são bem simples. Durante o turno, cada jogador tem 6 pontos de ação. A primeira coisa a fazer é trocar cartas, se quiser. O jogador paga 1 ponto de ação e 2 cartas pra comprar 1 nova. Ou então ele paga 2 pontos de ação e 2 cartas (sendo 1 delas obrigatoriamente uma carta especial) pra escolher a carta que quiser do baralho que interage com as plataformas ou das cartas especiais.
Depois, pode usar cartas, pagando seus custos. Pra cada carta "comum" utilizada, seu personagem vai poder se mover 1 espaço. Isso acaba forçando com que os jogadores usem cartas que nem tem onde para se beneficiar, atrapalhando os outros, só para poder mover mais seu peão. As caras especiais não dão movimento.
As cartas comuns são as que interagem com as plataformas, que podem ser para mover ou rotacionar. As de movimento são de acordo com o tipo de material da plataforma, e as de rotacionar são de acordo com a forma dela. Para cada personagem em cima de uma plataforma que será movida ou rotacionada, paga-se 1 ponto de ação a mais.
As cartas especiais tem poderes específicos, e são de uso único. Cada jogador tem o seu próprio deck dessas cartas. Elas podem fazer com que uma plataforma se teleporte, o Acólito pule de uma plataforma para outra, movimente, entre outros poderes. Importante dizer que uma das cartas adiciona um Gárgula, e no manual só fala a respeito do gárgula na explicação dessa carta. Outra coisa que vale destacar é que é bem importante que todos já saibam o que as cartas fazem desde o início da partida. Nós não fizemos isso, deixamos pra ver assim que comprávamos alguma carta especial. Mas há a possibilidade de escolher uma carta específica, e que pode fazer muita diferença no jogo. Então seria até bom se tivesse um pequeno
player aid pra cada jogador com o resumo das habilidades dessas cartas.
A próxima coisa é mover o peão. Ele não pode andar na diagonal, passar por outra figura nem terminar o movimento em cima de um livro de outro jogador. Ao passar ou parar em cima de um livro da sua cor, o jogador pega esse livro.
Por fim, descartam-se as cartas usadas e repõe-se a mão até 6 cartas. Nesse momento é possível comprar cartas de qualquer baralho.
A partida em si não é demorada, várias vezes é possível já ter tudo planejado durante o turno dos outros, mas pode acontecer de alguém destruir uma plataforma ou mover e o cara ser obrigado a rever todo o planejamento. Como eu mencionei, o jogo te força a interagir sacaneando os outros. Isso acontece o tempo todo, gratuitamente.
Nessa partida, dois caras tinham 3 livros já, e foram mais visados para afastar as plataformas com os livros deles, e colocar uns gárgulas pra não poderem passar por alguns locais. Mas enquanto isso, outro jogador conseguiu fazer uma boa jogada e pegou seus 2 últimos livros em um turno só, vencendo a partida.
Eu esperava mais dele, mas não posso dizer que me decepcionei. O jogo é bom, diferente de tudo que eu tenho na coleção (talvez tenha algo semelhante no Dungeon Twister, mas ainda não joguei). Com certeza vou jogar mais, e não pretendo me desfazer dele. A edição nacional apresenta algumas falhas de produção (basicamente, os materiais usados), mas não chega a ser um problema, dá pra jogar tranquilamente que ele não vai se desfazer durante a partida. Jogo recomendado pra quem gosta de bastante interação e não fica brabo ao ser sacaneado pelos amiguinhos.