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Top 10 do Marcius - 2019

Ofereço para flagelamento público minha lista de 10 jogos favoritos. Ficou bem diferente da lista do ano passado. Em 2019, vendi meu apartamento na Eurolândia, comprei uma casa em Ameritrash City e passo férias na minha casa de praia em Wargameville. Ainda passo na Eurolândia de vez em quando pra rever velhos amigos e conhecer algum lugar da moda, mas a vizinhança está cada vez pior, os novos edifícios são bonitos por fora e sem alma por dentro, e as pessoas não interagem mais, preferem ficar vivendo caladinhas e cabisbaixas nos seus próprios mundinhos particulares. Ameritrash City e Wargameville são bem mais divertidas e barulhentas.

Reduzi drasticamente o número de jogos com nota máxima. Descobri que o Go é um jogo tão claramente superior a todos os outros que é injusto que ele compartilhe a nota 10 com a gentalha. Twilight Struggle chega perto, por isso leva um 9.9. A rapa tem que se contentar com nota 9, no máximo.

Embora nenhum jogo dele apareça na lista, Reiner Knizia continua sendo meu designer favorito. Coerente, né, hahaha. O lance é que, apesar de admirar imensamente os jogos dele, nenhum deles está entre os 10 jogos que eu quero jogar AGORA. Meus jogos favoritos dele são Through the Desert e Tigris & Euphrates, ambos nota 9. Certamente entrariam num Top 20, mas eu não acredito em Top 20's. Mesmo em Top 10's eu só costumo prestar atenção nos quatro ou cinco primeiros (nos meus inclusive, hahaha). O resto é encheção de linguiça.

Mas chega de conversa mole, vamos à lista.

13 comentário(s) Comentar

Itens (10)

1 - Go

marciusfabiani 19 Dec 19, 16:48
2

Eu comecei a prestar mais atenção no Go algum tempo atrás, lendo um mangá chamado Hikaru no Go. Aprendi as regras, brinquei um pouquinho, mas o jogo só me pegou mesmo no início deste ano, se bem me lembro por causa de um documentário na Netflix chamado AlphaGo. De lá pra cá, comecei a jogar online, a ler livros e a resolver problemas de Go em ritmo alucinado, mas mesmo assim ainda sou um bebê neste que é provavelmente o jogo mais profundo que existe. Posso estar errado, mas não vejo meu fascínio pelo Go diminuindo tão cedo.

2 - Twilight Struggle

marciusfabiani 19 Dec 19, 16:57
5

Antes do Go, existia Twilight Struggle, meu jogo moderno favorito desde que eu comprei minha cópia em 2014. Amo o tema, cresci no período da Guerra Fria, e mesmo depois de umas 100 partidas continuo embasbacado pelas possibilidades incríveis desse cabo-de-guerra. Está tudo ali: o tema soberbamente implementado, o fator sorte na dose certa, as condições de vitória variadas, a decisão (bastante presente no Go) sobre que área é prioritária, entre as várias áreas que merecem sua atenção em determinado momento. É um jogo que exige dedicação, exige que você supere uma barreira inicial de regras e dezenas de cartas e estratégias, eu admito. Mas, se você persistir e superar essa barreira, você se verá diante de um jogo incomparável.

3 - Dune (2019 Edition)

marciusfabiani 19 Dec 19, 17:12
4

Os livros da série Dune, escritos por Frank Herbert, são meus livros favoritos de ficção científica. Quando joguei a velha versão do Dune alguns anos atrás, ele imediatamente se tornou um favorito. O trabalho de implementação dos livros para o jogo é impecável, só comparável talvez a War of the Ring. É um jogo (assim como Cosmic Encounter, da mesma turma de designers) décadas à frente de seu tempo. Dune só não entrou em listas anteriores porque eu ainda vivia na Eurolândia e acabei deixando os jogos temáticos meio de lado. Mas meu fastio com os euros atuais (os Pfisters, os Lacerdas, os Stonemaiers, os detestáveis italianos) chegou a um ponto insuportável em 2019, e eu voltei a explorar meus velhos jogos temáticos, de guerra e abstratos. Eu já estava me preparando pra fazer um print-and-play de Dune quando o relançamento do jogo foi anunciado. Considerei um presságio, um sinal dos deuses. Adeus, Eurolândia.

4 - Guerra do Anel (Segunda Edição)

marciusfabiani 19 Dec 19, 17:19
4

Se Dune não existisse, Guerra do Anel seria o maior IP de todos os tempos. O jogo exala tema por todos os poros. Cada partida é (sim, vou usar a palavra) ÉPICA. Não precisa ser fã da saga do Tolkien, mas ajuda muito. Tem sorte envolvida? Tem, e muita, o que é ótimo. Se você é desses que só respeita jogos com "sorte zero", fuja correndo e não olhe pra trás. Minha primeira partida de Guerra do Anel foi decidida numa rolagem de dados, e foi sensacional. É jogo que gera memórias, momentos inesquecíveis.

5 - Wir sind das Volk! (We are the people!)

marciusfabiani 19 Dec 19, 17:25
0

É meio que um Twilight Struggle em menor escala, disputado apenas entre as Alemanhas Ocidental e Oriental, com a vantagem de ser independente de idioma. Joguinho tenso, com um drafting de cartas angustiante (pego a carta que me ajuda mais, ou queimo a que ajuda mais meu adversário?). O coração do jogo é a série de resoluções que acontece ao final de cada uma das quatro décadas em que o jogo é dividido. Ali é que tudo se resolve, as regras são meio opacas, e as coisas só começam a fazer mais sentido na terceira ou quarta partida. Jogo inesgotável em possibilidades, e injustamente desconhecido pelo público brasileiro.

6 - A Guerra dos Tronos: Board Game

marciusfabiani 19 Dec 19, 17:33
3

Eu sempre prefiro jogos pra duas pessoas. Não tem kingmaking, não tem um sujeito fazendo besteira e te ferrando sem querer, não tem o cara sendo beneficiado porque o novato sentou à direita dele na mesa. Agora, se for pra jogar com mais gente, pra mim, quanto mais barulho, melhor. Quanto mais falação, negociação, traição, passada de perna -- em resumo, risadas -- melhor. Eu já fui o cara que, com um grupo de 5 ou 6 amigos, pensava antes em El Grande e Keyflower. Ainda adoro esses dois jogos e não recuso partidas, mas, com o grupo certo de 5 ou 6, hoje em dia minhas primeiras opções são coisas como Dune, Cosmic Encounter, Fury of Dracula e Game of Thrones. Com esse tanto de gente, eu quero subir em cima da mesa, fazer mind games, botar um jogador contra o outro, dar tiro, tomar tiro, botar fogo na lona do circo. GoT tinha aquele problema de precisar de 6 jogadores, mas isso foi resolvido com a expansão da Daenerys.

7 - Fury of Dracula (3ª Edição)

marciusfabiani 19 Dec 19, 17:40
6

Eu já gostava bastante da segunda edição de Fury of Dracula, mas não a ponto de guardar um lugar pra ela no meu Top 10. Ela tinha problemas. A terceira/quarta edição corrigiu todos eles. O tema escorre pelas laterais do tabuleiro. Jogar como Drácula é incrível -- você samba pra lá, samba pra cá, blefa, muda sua estratégia com base nas conversas dos caçadores, deixa surpresinhas pra eles na sua trilha. Jogar como caçador também é incrível -- coordenar os movimentos com os demais caçadores, ver as gotinhas de suor escorrendo na testa do seu amigo que controla o Drácula à medida que o cerco vai se fechando em torno do vampirão, acumular itens e eventos para o combate decisivo. Um jogo que proporciona experiências incríveis.

8 - Maria

marciusfabiani 19 Dec 19, 17:47
2

Outro jogo do Richard Sivél na lista, mesmo designer do Wir Sind das Volk. Maria é um wargame pra 3 pessoas, o que já é algo não muito comum. Mas o mais doido nesse jogo é que um dos jogadores é aliado dos outros dois, e isso, de alguma maneira bizarra, funciona. O combate é outra coisa que nunca vi igual em outro jogo -- é resolvido com cartas de baralho, hahaha, sim, essas normais, meu 4 de paus contra o seu 7 de copas, truco, ladrão. Já vi kingmaking? Sim, já vi. Mas dane-se. Suborne o kingmaker com uma cerveja e seja feliz.

9 - Android: Netrunner - Revised Edition

marciusfabiani 19 Dec 19, 17:50
1

A quantidade de dinheiro que eu despejei em Android: Netrunner é algo de que eu não me orgulho e espero que minha esposa nunca descubra. Mas eu posso explicar, meu bem. Jogo pra duas pessoas; jogo de cartas; tema de ficção científica; tiro, facada; é muito match pra um jogo só. Os fãs de Magic que me perdoem, mas A:N é a obra-prima do Richard Garfield.

10 - Innovation

marciusfabiani 19 Dec 19, 17:54
6

Glory to Rome tem toda a fama lá dele (eu tenho e é de fato um grande jogo), mas o grande jogo do Carl Chudyk é Innovation. É, na minha opinião, o grande lançamento do ano no Brasil. É o jogo mais maluco que existe. Se você é aquele eurogamer que tem convulsão quando percebe que um jogo é desbalançeado, fuja correndo. Balanceamento é algo que não existe aqui. Tudo é quebrado, tem carta que não vale um dólar furado e tem carta que acaba com a partida num estalar de dedos. Em outras palavras, um dos melhores jogos do mundo.

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