Saudações, meu povo! Depois de um breve recesso, eis que voltamos com força total pra falar mais uma vez do universo dos jogos de tabuleiro, por meio de artigos permeados por reflexões e opiniões parciais de alguém que está meio vidrado no assunto e que, definitivamente, comprou board games demais para testar num curto espaço de tempo hehe
E desta vez vamos apelar pra um formato de texto que todo mundo ama: as listas. Não que o objetivo desta mudança pontual seja causar a discórdia ou sobressair como a verdade absoluta da visão do autor ("opiniões parciais", lembra?), mas simplesmente para explorar os exemplos de forma mais despojada e prática, apresentando coisas malucas e/ou interessantes.
Assim, os cinco itens da lista abaixo podem ser entendidos como exemplos de jogos bizarros. Bizarros no sentido do "excêntrico"; bizarros na essência, no tema, na mecânica... dentre outras pequenas amostras de perturbação saudável (ou não) em que o fator weird do jogo sobressaiu como diferencial para atrair a atenção e a curiosidade dos jogadores incautos. Então, apertem os cintos, inspirem, expirem e, caso estejam suficientemente inspirados, coloquem esta música de fundo para acompanhar a leitura =P
5) BOHNANZA
Nível de estranheza: 02 Princesas Caroço
O primeiro jogo que abre nossa lista é um clássico! Bohnanza, lançado em 1997, é o jogo de estreia do conceituado Uwe Rosenberg (designer monstro por trás de títulos pesadões como Agricola e Caverna) e tem uma proposta bastante inusitada: durante a partida, cada jogador é responsável por plantar e colher feijões de diferentes tipos e lucrar em cima de cada safra. Como diferenciais dessa cultura, destacam-se os tipos de feijões coloridos, a arte descontraída e amalucada e a regra de que a mão de cartas de cada player não pode ser reorganizada (vai tê qui trabaiá co qui tem, meu fio!).
O sistema de jogo é basicamente um set collection, permitindo trocas e doações entre os jogadores, no intuito de converter o maior número de cartas do mesmo tipo de feijão pela maior quantidade de dinheiros, considerando aí uma intensa interação entre os agricultores rivais e o objetivo de ter a maior rentabilidade nos dois campos de plantio disponíveis para cada jogador.
Um título extrovertido, ótimo para apresentar o hobby aos amigose que chegou a ser lançado no Brasil pela Copag, anos atrás. Merece destaque pela revolução no draw ordenado e pelo sucesso alcançado com base num lore totalmente fora do usual, incluindo aí algumas premiações relevantes e uma vintena de expansões que renovam a experiência do jogo para aqueles mais aficionados.
4) HA! HA! MOUSTACHE
Nível de estranheza: 02 bigodes de Salvador Dali
Na quarta posição da nossa lista, Ha! Ha! Moustache foi lançado em 2012 e consiste num trivia game incomum, no qual os jogadores têm que adivinhar a quem pertencem as portentosas bigodeiras reveladas do baralho. Dicas sobre a personalidade que cultivou aqueles soberbos pelos faciais estão dispostas no verso da carta e o jogador ativo propõe o quiz com a carta da rodada posicionada à frente dos lábios, pra servir de referência visual e cômica para os demais players.
Estranho e extremamente simples, é um filler rápido, daqueles pra matar o tempo, e vêm em três edições, desfilando distintos moustaches de "gente viva", "gente morta" e "gente terrível" (prepare-se para encontrar bigodes de ditadores tresloucados e tiranos terríveis no pacote).
Contudo, o maior problema do jogo é a localização: muitos figurões que são referenciados nas cartas estão bastante atrelados à cultura popular estadunidense e europeia. Na edição de "gente morta", por exemplo, a predominância de militares da Guerra Civil dos EUA é notável... isso talvez agrade os mais aficionados pela História norte-americana e os maratonistas dos programas do History Channel, mas certamente afastará aqueles interessados numa diversão menos dependente de fatores externos.
3) CARDS AGAINST HUMANITY Nível de estranheza: 03 piadas do (coloque aqui o nome do humorista de stand up bocudo e sem noção à sua escolha)
Concebido em 2009 para soar o mais polêmico possível, Cards Against Humanity alia simplicidade de mecânicas e humor negro a problemas, fatos e situações presentes na cultura pop.
No card game, cada jogador começa com dez cartas brancas, cujos descritivos apresentam palavras ou expressões bizarras. A cada turno, um dos participantes assume o papel do "Czar das Cartas", responsável por comprar uma carta de cor preta e ler a sentença a ser completada pelos demais; estes, por conseguinte, entregarão de forma velada uma carta branca (ou duas, dependendo da situação) para avaliação do Czar, que pontuará o jogador que completou a sentença com os dizeres mais divertidos. Depois da pontuação, os jogadores completam a mão com dez cartas e elegem um novo Czar. Ganha quem tiver mais "Awesome Points" ao final do jogo.
Como é possível perceber na imagem acima, combinações hilárias são formadas durante toda a partida, aparecendo quase sempre num contexto provocativo e mexendo com temas polêmicos, como política, religião e problemas sociais. Então, é bom estar preparado para se sentir insultado pelo jogo em algum momento e tentar se divertir às custas das desgraças do mundo.
2) TANTO CUORE
Nível de estranheza: 04 Persocons hiperativas de figurino comprometedor
Em segundo lugar, temos um título que tem tudo para ser odiado pelas namoradas e esposas de muitos jogadores: em Tanto Cuore, de 2009, cada player interpreta o senhor de uma mansão que tem por objetivo se tornar o rei das empregadas domésticas (!) ou algo que o valha. Cada carta de personagem contratada provê pontos de vitória e podem desencadear efeitos específicos que favorecem seu senhor ou prejudicam os adversários na mesa, conferindo certa estratégia às mecânicas deste deck building com regras bastantes similares ao jogo Dominion.
A forma de pagamento das empregadinhas? O "amor" (!!!). Cartas "Love" presentes no jogo permitem que os players ganhem pontos de vitória e evoluam sua "afeição" pelas nobres serviçais, retratadas no game em poses sensuais, com artes no tradicional estilo anime, repletas dos exageros predominantes do tipo.
Tanto Cuore está longe de ser um jogo ruim, mas merece um adendo pelo lore excêntrico, apelativo e sexista, não sendo indicado para todas as idades (totalmente NSFW, que fique claro) e podendo gerar momentos de real constrangimento dependendo dos jogadores e jogadoras presentes na mesa.
1) DANCING EGGS
Nível de estranheza: 05 Kinder Ovos com quebra-cabeça dos Smurfs de brinde
O primeiro colocado desta lista é bizarro em todos os quesitos, da embalagem às mecânicas. Dancing Eggs foi "chocado" em 2003, no formato de um jogo infantil, curiosamente acomodado dentro de uma caixa de ovos padrão e contando com uma jogabilidade maluca, porém ainda assim apoiada numa lógica própria para estimular a coordenação motora e fazer a alegria da molecada.
A regra do jogo gira praticamente em torno do dice rolling para determinar ações que ocorrerão durante a partida, indo desde pegar um ovo da caixa e acomodá-lo na posição indicada por um dos dados (embaixo do queixo, preso pelos joelhos, etc.), até correr em círculos em volta da mesa para tentar voltar ao seu lugar de origem no menor espaço de tempo. O primeiro jogador a deixar cair um ou mais ovos no chão perde, dando início à contagem de pontos conforme a proporção ovos/jogador (sendo que um único ovo de madeira no set vale por dois pontos e o resto apenas um).
Entendeu algo do que eu disse? Não? Bom, não te culpo. A coisa é estranha mesmo e talvez a jogabilidade só seja devidamente apreendida na demonstração abaixo:
É. Parece divertido, mas aposto que essa brincadeira ficaria muito mais insana se jogada por um bando de adultos levemente alcoolizados xD
Agora é com vocês! Conhecem algum outro jogo bizarro? Já tiveram alguma experiência de jogo que justificasse a excentricidade ou loucura de um game designer?Compartilhem conosco essas experiências e deixem suas impressões na seção de comentários!
Quando li "Jogos estranhos" logo lembrei do Dancing Eggs, e não ele que o estranhão estava na lista!
Tô me segurando pra não comprar este.
Ele é perfeito para aqueles amigos(as) não gamers que curtem uma cachaçada.