Johnnycury::isauraluiza::
Eu vejo até mesmo algo poeticamente trágica, no sentido bom, a vida é uma tragédia, nisso se esconde uma glória, não iremos ler todos os livros que queremos, não iremos jogar todos os jogos que queremos, mas existe uma beleza nessa luta perdida, nessa partida perdida.
Mas é justamente aí que está o cerne da questão. "Não iremos jogar todos os jogos que queremos."
O objetivo não é passar o facão na sua coleção, e quem morrer morreu. É reconhecer que nunca vai jogar aquele jogo.
Pensa naquele jogo chaaato, datado, que tá só pegando poeira na sua estante. "Ah, mas esse foi o primeiro jogo que meu cônjuge me deu." Pô, então eu acho super válido você guardar de recordação. Valor emocional conta muito, sim.
Agora, aquele jogo que "tava barato na Black Friday de 2018", mas não é seu estilo, você não consegue pensar em nenhuma ocasião em que você prefira jogar ele do que aquele seu Brass top. Não consigo enxergar um motivo pra não se livrar desse jogo
E dos seus 170 jogos, eu acho MUITO difícil de acreditar que não tenha pelo menos uns 20 que estão nessa situação que seriam facilmente descartados.
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Adendo: um ponto que pode causar ansiedade nas pessoas é aquele jogo que, do nada, vira relíquia. O jogo é fraco, entra em promoção, todo mundo compra barato, acaba o estoque. Daqui 2 anos, alguém resolve por a venda por 3x o valor. Outros colecionadores olham aquilo e também anunciam pelo mesmo preço. Aí você que vendeu barato "por paz de espírito e uma coleção menor" vê aquilo é fala "putz, eu podia ter faturado horrores agora. Daqui pra frente vou acumular tudo e só vou vender na alta"
Isso aí eu já acho mesquinharia. Me desculpe, mas eu prefiro o minimalismo barato do que a acumulação cara.
Então, o grande ponto que eu trago é "seja feliz com sua coleção do tamanho que ela for".
Se for é feliz com vinte ou duzentos, tudo bem.
De que adianta ter uma coleção minimalista e ela ser fonte de stress, de que adianta ter coleção grande e ser fonte de stress?
Se o jogo ou gibi tá na minha coleção, é por que tem intenção, ressalto, intenção, de jogar ou ler ele, mas não existe garantias, e eu não quero que isso vire fonte de stress ou frustração.
Eu tenho uma coleção de gibi que tem facilmente mais de quatrocentos gibis, nunca contei, e em agosto agora voltei a ler no ônibus.
Teve alguns que levei pro sebo, teve alguns que eu deixei na Biblioteca Pública, quando eu quero me desfazer, eu chegar a dar de graça. Quando eu fui me desfazer do jogo Os Maus Companheiros, que eu amava mas era fonte de frustração por não ter grupo pra ele, eu vendi a uma amiga por trinta reais, e esse jogo hoje tá sendo vendido a mais de duzentos.
Do mesmo jeito que teve gibi que li no ônibus achando que ia vender e no final decidir ficar, Sakura Card Captors.
Não adianta eu ficar com fogo no rabo pra rodar coleção, fica com o essencial e vender, e me arrepender depois.
O item tem que fazer o seu ciclo. Homem Batata não fez, me arrependi e comprei denovo.
Não adianta eu decidir ter coleção minimalista e todo mês vender cinco jogos pra abrir espaço pra comprar cinco jogos.
Tinha uma época que toda semana eu vendia cem reais de gibi no sebo, mas na mesma semana eu comprava duzentos reais de gibi. O tamanho da coleção, numericamente, se mantinha. Mas era uma redução saudável? Acho que não.
Claro, estou falando de mim e de minhas experiências.
O importante é cada olhar sua relação com o seu acervos e ver se tá sendo saudável ou não.