pignossus::
Uma pergunta sincera, prezado Iuri Buscácio...
CaueKO::
Era mais uma piadinha pra não deixar o assunto morrer kkk...
Caros
pignossus e
CaueKO
Meus camaradas, eu não sou um fanático anti-editoras nacionais de jogos, nem quero que todas, absolutamente todas, fechem as portas. Em momento algum eu defendi isso, e nem quero que isso aconteça, até porque são essas empresas que produzem aquilo que eu gosto que são boards games.
Agora o que eu sou fanaticamente contrário é o modo como algumas das grandes editoras tratam o seu público.
Vejam só como as coise as não são o que parecem a princípio. Vamos usar o exemplo do Ark Nova e da Grok. O Ark Nova veio com sérios problemas e no final das contas a Grok acabou consertando o jogo. Nem passou tanto tempo assim, e as pessoas já começam a relativizar o que realmente aconteceu, a ponto da Grok começar a ser citada como uma editora idônea, que reconheceu o seu erro e consertou a cagada que ela mesma fez. Isso tudo estaria perfeito, se não fosse um pequeno detalhe. A editora não se arrependeu, reconheceu o erro, se desculpou e começou o processo de consertar o jogo logo que percebeu o problema. A Grok só fez isso porque foi obrigada a fazê-lo, pela repercussão do problema, mas principalmente quando as pessoas começaram a devolver o Ark Nova e pedir o dinheiro de volta. Foi só depois disso que a Grok deu uma guinada de 180º no seu posicionamento, não foi porque a empresa realmente se preocupa com os seus apoiadores e consumidores. Você não tenham dúvida de que, se não fosse o tamanho da repercussão negativa, a Grok teria deixado para lá, exatamente igual ao que a Conclave tentou fazer, sem sucesso com o Old World.
E essas editoras "fazem escola" e "ditam tendências", porque recentemente ocorreu o caso de um financiamento coletivo, em que a editora lançou a cópia base tão cara, que o preço era superior à versão "de luxe" do jogo, na Kickstarter, e ia deixar por isso mesmo. Como ninguém comprou a ideia, nem embarcou nessa furada, além de reclamar bastante aqui no Ludopedia, a referida editora com a cara mais deslavada soltou uma nota dizendo que "ouviu a comunidade, e por isso resolveu, espontaneamente, reduzir o preço do financiamento coletivo no Catarse, pela metade". É claro que a editora não ouviu a comunidade coisa nenhuma, nem resolveu reduzir o preço "espontaneamente". O que a editora viu é que se continuasse com preço absurdo que ela estabeleceu em primeiro lugar, o projeto não se financiaria, porque apenas meia dúzia de malucos embarcaram nessa furada. Se não fosse isso, o pre;co do financiamento continuaria exatamente o mesmo.
O mesmo se aplica ao ARCS da MeepleBR, porque é o cúmulo da falta de vergonha, para não usar expressão mais forte, a empresa não apenas silenciar quanto aos erros do tabuleiro, mas ainda por cima tampar os erros do tabuleiro com as cartas do jogo, no stand da DOFF. Para isso, não tem perdão. Agora veja como seria diferente se ao invés de fazer essa safadeza que a MeepleBR fez, ela tivesse vindo a público espontaneamente, antes do erro ser detectado pela comunidade e dissesse: "olha, houve um erro no tabuleiro do ARCS, que infelizmente nós não temos condições financeiras de consertar totalmente, rodando novos tabuleiros, mas que vamos fornecer etiquetas, e reduzir o preço do jogo em 10%". Obviamente isso não seria o ideal, e algumas pessoas mais radicais, ainda assim reclamariam. Porém eu tenho certeza que muita gente entenderia e preferiria ficar com o jogo assim mesmo e talvez consertar com a etiqueta ou até mesmo nem consertar, porque etiqueta no tabuleiro fica realmente muito feito. Só que essa deveria ser uma escolha dos compradores, que não puderam fazer isso, justamente porque a MeepleBR escondeu o erro.
Desse modo, eu acho muito perigosa essa relativização da postura das editoras, quando se considera que elas resolvem os problemas dos jogos, problemas que elas mesmas criaram, como se isso fosse um mérito, quando não é mais do que a obrigação delas e mais ainda, quando elas só fazem isso, quando são compelidas e pressionadas pela comunidade. Por outro lado, no dia em que as grandes editoras de jogos começarem a realmente assumir seus erros e consertar os jogos, sem que a comunidade tenha de se mobilizar e exigir isso, aí sim, eu serei o primeiro a reconhecer a correç!ao dessa nova postura, mas até lá, eu continuo pensando e defendendo o meu ponto de vista.
Por fim, esclarecendo mais eu vez meu posicionamento, eu não quero que as editoras nacionais de jogos vão todas à falência. O que eu qeuro é que elas tratem os apoiadores, os compradores, e a comunidade boardgamer em geral com um pouco mais de respeito.
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio