Assim como muitos aqui, eu também tenho várias ideias guardadas em pastas por aí — e há alguns anos uma delas não me deixava em paz: um jogo que mistura o clássico RPS (Pedra, Papel e Tesoura) com a estratégia e elegância do xadrez.
Depois de muito tempo inseguro e indeciso — às vezes achando que era a melhor ideia do mundo, às vezes que era tudo lixo — finalmente decidi tirar isso do papel. Fiz um protótipo com meus recursos caseiros (impressora 3D, jato de tinta, cola e tesoura sem ponta kkk). Joguei algumas partidas em família… e pra minha surpresa, o resultado superou minhas expectativas. A profundidade e o equilíbrio entre risco e estratégia me deixaram empolgado de verdade.
Não sou enxadrista, longe disso, mas percebi que há um oceano azul estratégico a ser desbravado aqui — e mal posso esperar pra ver dois bons jogadores de xadrez se enfrentando em Trinus.
Sim, à primeira vista ele parece “mais um clone de xadrez”, mas peço que passem um pouco além dessa impressão inicial. Em jogos, como todos sabemos, o como é muito mais importante que o o quê. E ainda é só um protótipo — há muito espaço para variação estética e temática. O que considero realmente inovador e valioso, e quis compartilhar aqui, é a mecânica que surgiu dessa junção de elementos tão clássicos e familiares.
Não, não fui o primeiro a juntar RPS (Pedra, Papel, Tesoura) com um tabuleiro — existem ideias por aí e até um jogo já publicado, o Rock Paper Switch — mas nenhuma dessas versões entregava o tipo de tensão, clareza e elegância que eu buscava. Achei todas muito caóticas. Então pensei: minha versão dos sonhos ainda pode tirar um suco diferente dessa ideia tão rica e promissora.
Eu queria um jogo limpo, sem sorte, fácil de aprender e profundo o bastante para ser estudado. Poucos elementos, cores sóbrias — um jogo que sirva também como objeto de decoração. Que tanto meus avós quanto minha filha olhem para o tabuleiro e sintam vontade de tentar, mas que também desafie mestres de xadrez e damas a buscar a matemática escondida por trás desse ciclo em um tabuleiro 9x9.
(E modéstia à parte, juro), acredito que esse jogo — no melhor dos mundos — poderia ser um novo clássico. Porque embora pareça um primo distante do xadrez, ele entrega uma experiência nova e inexplorada. Consigo imaginá-lo sendo jogado em praças, escolas e cafés… mas claro, isso é sonho de todo designer. Ainda assim, por que não sonhar?
Sei que um jogo assim vai na contramão do mercado atual, mas talvez estejamos mesmo saturados de jogos complexos e precisando voltar às origens. Trinus tem uma essência totalmente abstrata, que permite várias roupagens: versões luxuosas, minimalistas, infantojuvenis ou de baixo custo.
Sou novato, sonhador, inexperiente, talvez até iludido — mas tirei o jogo do papel. Mesmo que esse seja o único exemplar do mundo para sempre, ele está melhor agora do que quando era só uma ideia. Joguei, gostei, e isso já é uma vitória. Agora sigo testando, fiz uma sell sheet e veremos onde isso vai.
Estou curioso sobre o que você tem a dizer, positiva ou negativamente, toda crítica e comentário construtivo será bem vindo.




