ChrisOliveira::Já se perguntaram qual a real necessidade de um ranking?
Eu não sei pra vocês, mas, quando eu ainda dava atenção pra ele, era justamente para ser mais um fator na balança para COMPRAR JOGOS NOVOS e que eu não conhecia. Sabe aquela coceira do jogo novo? Então.
Hoje em dia, pra mim, no meu caso, eu, aqui em casa, na minha opinião (acho que ficou claro né), o ranking não tem mais nem importância, nem necessidade e nem utilidade (pra mim, só pra frisar). Já consigo fazer minhas escolhas sozinho, assumir a responsabilidade delas, tanto para comprar quanto para vender (muito mais para vender, ultimamente) e a posição que o jogo ocupa no ranking não tem nenhuma influência nisso. Eu escolhi meu "top 10" e eu não me importo com a posição deles em nenhum outro ranking ou subranking. Sim, é gosto pessoal, e é só o que me importa, no frigir dos ovos.
Outra coisa, às vezes eu vejo algumas pessoas tratando os rankings como se fosse o "brasileirão" dos boardgames. "Ahh, entre o jogo A e o B, eu prefiro o A pq ele tá na posição X e o B tá atrás" ou então "não é justo que o jogo A esteja na frente do jogo B no ranking". E eu me pergunto: que DIFERENÇA faz na sua vida a posição relativa do jogo que você gosta? (antes que você pense que eu inventei um espantalho aqui, eu já vi esses fatos várias vezes, e provavelmente você já viu também, não tô tirando da cartola).
Aliás, outra coisa idiota que eu vi esses tempos em relação ao tema foi o designer de nome impronunciável do Robinson Crusoé (que é um dos jogos favoritos por aqui) chorando no site dele porque o jogo tinha saído do top 100 (FONTE). E eu pergunto: mudou alguma coisa no jogo? Ou é só, no fim do dia, um tipo de disputinha velada?
Enfim, foram algumas escolhas erradas (que no fim foram culpa minha), esses usos do ranking como argumento de autoridade e, atualmente, como ferramenta de marketing que me fizeram ligar o dane-se para os benditos dos rankings. (Além, claro, de deixar de ficar comprando um monte de jogo também).
Disclaimer: pode usar o ranking quem e como quiser, eu não tô vetando o uso não, só tô explicando que depois de um certo tempo, é uma ferramenta que perde sua utilidade.
Caro
ChrisOliveira
Meu camarada, eu acho que a questão não é, nem oito, nem oitenta. Eu entendo que você deu a sua própria opinião que se aplica a seu caso e ao de mais ninguém. No entanto, da forma como você escreveu, fica parecendo que o sujeito deve usar o ranking, quando ele é novo no hobby, como um "guia de compras" e quando a pessoa adquire mais experiência o ranking se torna inútil, porque não se precisa mais dele.
Certamente essa é uma forma válida de encarar o ranking, mas isso implica em reduzir e simplificar absurdamente essa ferramenta, e é aí que eu divirjo. Entenda que eu também acho que o ranking está aí para ser usado, e se a pessoa tiver apenas uma visão utilitarista dele, não há nada de errado nisso. Mas para mim, aí entra a minha opinião, o ranking é bem mais do que isso, e tem uma utilidade que vai muito além.
Existem pessoas que gostam apenas de jogar boardgames, e isso é tudo o que lhes interessa, e está tudo certo. Mas existem pessoas que além de gostar de jogar, também gostam de acompanhar o mercado e de estudar o hobby enquanto fenômeno cultural. Essa abordagem é muito dificultada, pela ausência de dados confiáveis disponíveis, até porque boardgames são o nicho, do nicho, do nicho elevado a enésima potência, em termos de entretenimento. Assim sendo, dada a quase ausência de dados para basear qualquer crítica, os rankings acabam tendo uma função relevante. Não é o melhor tipo de dado, eu reconheço, mas é algum dado, o que é melhor que dado nenhum.
Você veja como ao analisar o ranking, com um outro olhar, as coisas ficam interessantes. Por uma questão de lógica, jogos família/festivos, que são mais baratos e acomodam uma quantidade maior de jogadores, deveriam ter posições mais altas, justamente porque são jogados por muito mais pessoas, do que jogos mais pesados e mais caros, para menos jogadores. Portanto o público em potencial de votantes dos jogos família/festivos é muito maior. Só que não adianta ter um potencial de votantes absurdamente maior, se essas pessoas não votam no ranking. Jogos mais caros e pesados, por razões óbvias têm um potencial de votantes muito menor, mas uma parte expressiva deles votam nos rankings. Justamente por isso, as posições mais altas dos rankings são ocupadas muito mais por jogos médios/pesados, tanto euros, quanto ameritrashs, do que por jogos família/festivos.
Essa informação indica, de certo modo, que a comunidade boardgamer praticante, digamos assim, que compra jogos, que escreve nos sites, que comparece a eventos e que vota nos rankings tem um perfil muito mais voltado para jogos médio pesados, do que para jogos família/festivos. Por outro lado, é bastante provável, que jogos mais leves e mais baratos estejam cada vez mais voltados para um público muito mais amplo, que a comunidade boardgamer. Isso que dizer que há uma probabilidade muito maior dos jogos festivos furarem a bolha e atingirem o grande público. Um exemplo disso é o Dixit, que muita gente, mas muita gente mesmo, conhece, mesmo sem fazer a mínima ideia do que são jogos de tabuleiro modernos. Desse modo, os jogos família/festivos são atualmente a maneira mais viável de trazer pessoas de fora para o hobby, e, espera-se, aumentar os público consumidor de jogos, desde que vencida a barreira inicial do preço, e com isso expandir sustentavelmente o mercado nacional de jogos.
Veja que essa minha pequena análise, não tratou em momento algum, se o jogo X é melhor ou pior que o jogo Y, nem qual dos dois eu devo comprar com base na posição do ranking.
Por fim, apesar do meu posicionamento divergente, em uma coisa eu concordo totalmente consigo. O ranking não é de forma alguma uma verdade absoluta e deve ser entendido, seja para analisar o mercado de jogos, seja apenas para orientar uma compra, como apenas mais uma ferramenta a ser utilizada em conjunto com outras ferramentas (artigos de revistas especializadas, canais de jogos, com bastante cuidado, vídeos de jogatinas, comentários em sites, e etc)
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio