Vamos falar sobre esse joguinho.
Antes de tudo, quero deixar claro que estou tentando te convencer a apoiá-lo, então sim, eu vou falar bem dele, mas estou sendo realmente sincera no que digo. E sim, trarei alguns pontos negativos e neutros inobstantemente (palavra bonita para dar peso pro texto).
E não, não sou da produção, do marketing, nem nada. Só gostei e quero que o projeto veja vida.
Pensei muito sobre explicar o jogo por cima, mas enquanto eu escrevia o rascunho o tempo inteiro eu sentia que estava deixando coisas importantes de lado e ao mesmo tempo que estava se tornando um texto muito longo e ilegível (esse tópico não é para ser o manual, né).
Em vez disso, recomendo esses dois vídeos caso queira ter uma base:
Overview
Regras
Vou falar logo o que achei do jogo.

Eu me encantei com o jogo.
Não só pela beleza e produção (chegarei lá) - a mecânica me agradou muito. Não, não é o novo Brass Birmingham, mas eu me diverti jogando. Gostei de alocar meus Instrumentistas e Virtuosi na minha Academia e na Orquestra. Do Controle de Área, dos Poliminós, da trilha das Colunas, etc.
Não vou entrar em muitos detalhes nesse campo porque, como falei, não quero explicar as regras do jogo, mas eu senti um "block" natural. Ninguém ali estava tentando me ferrar, mas naturalmente compravam cartas que eu queria, ou paravam sua Coluna onde eu queria parar, etc.
E eu gostei disso. Eu sinto o mesmo em jogos como SETI, como com alguém pousando primeiro na lua que eu queria, ou mesmo Carnegie, Darwin's Journey, entre muitos outros.
Tematicamente o jogo me cativou depois de jogá-lo.
Eu não tenho a menor conexão ou atração pelo tema de música clássica ou mesmo de orquestra, mas nesse jogo tudo se amarra maravilhosamente bem, mesmo para uma leiga como eu.
Para mim, pessoalmente, um jogo temático de verdade é aquele cujas regras são intuitivas e facilmente memorizáveis; é aquele cujo tema te ajuda a entender o jogo, não te atrapalha; e é aquele em que a iconografia é condizente e espontânea.
Novamente trazendo outros jogos que amo, é isso que vejo em Doggerland e Inconsciente. Em Doggerland, por exemplo, quando se está no inverno, você precisa pagar um couro para realizar a ação de pintar um animal, pois está saindo da sua aldeia e indo até uma caverna, mas para realizar a ação de produzir artesanato não precisa, pois o faz dentro da cabana. Pronto. E com a ajuda de uma iconografia bem clara, essa regra nunca mais sairá da sua cabeça, mesmo se for jogar novamente só depois de um ano.
E Orchestra faz o mesmo. Um Músico alocado na Orquestra pode chamar convidados para a Plateia de graça; um Instrumentista não vai ficar nada feliz se for mandado para tocar em um bar em vez de dois Iniciantes; um Convidado não pode realizar a ação de "melhorar Músico" - oras, óbvio, não é o seu músico!
Não tem oitenta mil regras muito específicas sobre aspectos aleatórios na vida de alguma figura histórica da música, e a iconografia dele não é daquele tipo "não dependente de idioma" que a cada cinco segundos você precisa ir conferir no manual o que significa.
Se você tem interesse pelo tema, eu acredito que o jogo seja para você ainda assim, mas se você não tem, isso não significa que o jogo não é para você.
A existência de jogos como Orchestra é um tapa na cara das pessoas que usam "todo Euro é assim" como desculpa para justificar um Euro ter um tema colado com cuspe. Não, nem todo Euro é assim. E a partir do momento que conheci os bons Euros, temáticos, divertidos, bonitos, não vejo sentido em me obrigar a jogar os outros. Não preciso jogar o jogo pesado tal para me sentir inteligente. Se for só mecânica por mecânica, vou nos torneios da FIDE jogar Xadrez.
Enfim, sobre peso: Orchestra é um Eurogame Médio.
Se você é um Heavy Gamer que gosta de jogos muito complexos, com 10 ações diferentes possíveis no seu turno, com um block extremamente presente, como no próprio Brass, FCM, Barrage, entre outros, eu acredito que este jogo não seja para você.
Orchestra é muito straightfoward. Não tem tantas opções de ações e todas giram em torno das corridinhas pelo jogo (quem completa as Flâmulas primeiro, quem chega primeiro no final das Colunas e completa o Banner, etc) e pelo Controle de Área final.
Eu gosto de jogos assim. Em Inconsciente, mesmo sendo mais pesado, não existem "múltiplos caminhos para a vitória". Não é um Sandbox, uma Salada de Pontos ou um jogo mega pesado, com blocks, oportunismo, etc. Majoritariamente, quem tratar mais e melhor os Clientes é quem vencerá, e tudo o que você faz no jogo (seu Tableau/Engine Building, andar por Vienna e as próprias Ideias) são para pegar Insights e gastar tratando clientes. Em Arnak, ganha quem subir mais no Templo e fizer mais daqueles tabletes. Derrotar Guardiões e comprar Ferramentas/Artefatos dá uma ajudinha também (assim como Teses no Inconsciente).
E eu entendo quem não gosta de Arnak e prefere Endless Winter, por exemplo, um jogo cheio de combos e com uma disputa por Controle de Área mais acirrada pelos bônus do Eclipse. Ou quem não gosta de Inconsciente e prefere Darwin's Journey, um Alocação de Trabalhadores em que você está o tempo inteiro penando para ter o dinheiro e os selos necessários para sequer fazer a ação que quer (falo como elogio - adoro o jogo).
Jogos não tão leves que eu considero "straightfowards" (um party/family obviamente será né): SETI, Arnak, Inconsciente, Hegemony, Stupor Mundi, etc.
Aproveito para explicar o porquê estou falando e explicando tanto de outros jogos aqui num tópico sobre Orchestra.
Porque quero que você entenda a minha visão sobre os jogos (não necessariamente concorde com ela), tenha uma noção de quais jogos eu gosto, do porquê gosto e tudo mais, e então você consegue ver também se isso bate com as suas preferências.
Se você gosta dos jogos que eu gosto (minha coleção é aberta) por motivos parecidos com os meus, talvez Orchestra seja para você.
Porque, de novo, eu não queria transformar esse tópico em um manual de regras, e existem outros meios melhores para isso do que eu.
Orchestra é maravilhoso, perfeito e tudo são flores? Não. A minha mesa sentiu um pouco de Downtime e AP, e foram quase 4 horas de partida (contando com a explicação de regras). Mas estávamos todos jogando pela primeira vez, e ainda por cima com uma *novata* do hobby (ela já havia jogado uns carteados e uns Family antes, mas coisa de um mês jogando no máximo), o que reforça a ideia de que não é um jogo muito pesado.
Se tempo de partida e Downtime meramente te incomoda, eu acredito que com mais partidas isso tende a cair. Se tempo de partida e Downtime é insuportável para você, talvez você esteja do outro lado da balança e Orchestra também não seja para você, por ser Médio e não Leve.
E vamos falar de preço. E de produção.
Orchestra é caro. Ponto.
Jogos estão caros. Ponto.
Vamos fazer comparações honestas?
Existem jogos com um custo-benefício melhor do que Orchestra.
Endless Winter está quase esgotando agora, mas há um mês beirava os 360 novo, e já vi usado anunciado por menos de 300.
Darwin's Journey é outro jogão no qual a editora não pesou a mão.
Terraforming Nunca Mars, que eu pessoalmente desgosto, mas que é um clássico muito amado e que jogam há séculos (ou seja, muita rejogabilidade [a verdadeira, não de marketing]), se acha perto dos 300 reais (só não esquece de comparar a produção do TFM com o Orchestra tá).
Tem muito jogo flopado muito bom. Evergreen a 155, Tribes of the Wind a 110, Tortuga, Flotilla, Origins, etc etc etc.
Além desses, há muitos nacionais flopados também. Imigrantes, Rio 1808, Triora, Rock'n Roll Manager (esse acho que esgotou, mas se você for paciente aparece alguém vendendo bem barato). Jogos incríveis por menos de 200 reais.
Se você não quer gastar muito dinheiro, existem opções para você.
Mas eu também vou comparar com jogos mais caros.
SETI, em algumas promoções mais barato, mas ficava entorno de 700 a 750.
"Ah mas SETI é lindo." Não discordo. Mas discordo que Orchestra também não é.
PNP + Expansão. 1600 reais. Tenso.
"Você não tem cacife para ter um Splotter na estante. Você não merece." Alguns abençoados aí.
Inferno lançou a quanto mesmo?
Farshore Collector. 800 reais.
"É uma edição de luxo." Não, não é. Everdell com a mesma qualidade sempre foi 400 reais e ainda é. Farshore ser 400 com tudo de papelão é um absurdo, e cobrarem 800 pela mesma qualidade de um jogo de 400 e ter gente defendendo é mais absurdo ainda.
Inconsciente Retail, sem nem manual em português, 550. No Pix, 500 vai.
Eu tenho o jogo, eu amo o jogo, eu acho lindo o jogo. Só que eu joguei o Orchestra. Eu posso comparar. E entendo a similaridade de preço.

(lembrando que isso é um protótipo, em uma foto horrível kkk, e já é mais bonito que muito jogo mais caro por aí).
Enfim.
O joguinho é bom, pô.
Se não é para você, tudo bem. Ninguém vai te xingar se você dizer "é caro pra mim" ou "não é pra mim".
Mas o tanto de hate que eu vi esse jogo tomando em todos os grupos de WhatsApp não tá escrito.
Tudo está caro. Pelo menos não seja hipócrita (falar que Orchestra é caro demais e isso é um absurdo e o jogo é horrível e etc e na semana seguinte comprar um PNP de 1600 reais).
Eu me diverti jogando. E espero que isso possa tocar o coração de todos vocês.
(Vai ter gente vindo falar que beleza não é tudo, ignorando uns 8 parágrafos do texto; vai ter gente vindo falar que o PNP é um jogo maravilhoso consagrado perfeito e que lá fora também é 800 mil dólares então tá tudo normal; e é a vida.)