Um dos evangelhos de jogar Dungeons & Dragons é nunca dividir o grupo. E, ainda assim, Critical Role está fazendo exatamente isso em sua quarta campanha — mas por um bom motivo. Em uma grande mudança em relação às três campanhas anteriores que os gigantes do actual play conduziram, a Campanha 4 terá Brennan Lee Mulligan substituindo Matthew Mercer como Mestre de Jogo, a história se passará em um novo mundo de fantasia criado por Mulligan, cinco novos jogadores se juntarão ao elenco, e o jogo será no formato conhecido como campanha “West March”. Quando a campanha começar em 2 de outubro, os 13 jogadores se dividirão em três grupos diferentes, cada um em suas próprias missões (com potencial para cruzamentos) enquanto atravessam a terra mítica de Aramán.
“Todos nós somos fãs desse tipo de narrativa, seja assistindo Game of Thrones, Senhor dos Anéis ou outras séries de fantasia épica”, disse Sam Riegel do Critical Role ao GamesRadar+ em entrevista com o elenco. “É muito divertido poder acompanhar personagens em diferentes fases de sua jornada e imaginar como e quando essas jornadas irão se cruzar, e como suas missões se tornarão uma só.”
Normalmente, um dos grandes benefícios de uma campanha no estilo West March em mesas caseiras de D&D é o fato de trazer uma estrutura modular, baseada em missões, o que facilita que jogadores entrem e saiam de sessões devido a problemas de agenda. Para profissionais, como é o caso de Critical Role, problemas de agenda (o tormento de qualquer grupo comum de D&D ou de quem joga os melhores RPGs de mesa) não são um problema. Em vez disso, acompanhar soldados, conspiradores e buscadores permitirá que os jogadores explorem o mundo em vários níveis como nunca antes.
“Há algo muito divertido em como West Marches é usado para permitir que as pessoas entrem e saiam de campanhas. É uma questão logística, muitas vezes”, explicou Aabria Iyengar, uma das novas adições que já havia narrado séries derivadas de Critical Role. “Mas você consegue viver e contar uma história em um mundo tão vasto, em que diferentes grupos podem se importar com coisas diferentes. É uma complexidade muito divertida de adicionar a esse tipo de narrativa.”
Mercer, jogando em uma campanha principal em vez de narrar pela primeira vez, acrescenta que um dos desafios de conduzir um jogo é descobrir como manter “todas as coisas importantes sob a responsabilidade apenas das pessoas à mesa”, um dilema com o qual Iyengar disse se identificar.
“West March na verdade permite uma fragmentação e apostas muito mais naturais entre várias perspectivas e grupos diferentes”, disse Mercer. “De certa forma, acaba sendo uma maneira muito mais realista de mostrar como muitas dessas histórias seriam enfrentadas em um mundo de fantasia como este.”
Os quatro primeiros episódios da nova campanha apresentarão todos os personagens, explicou Marisha Ray, acrescentando que “as apostas são altas desde o primeiro minuto. Não é o típico grupo de aventureiros se encontrando em uma taverna.”
Esse quarteto de “episódios de abertura”, como o elenco está chamando, dará ao público uma ideia das motivações de cada personagem antes de se separarem. Depois disso, os episódios seguirão um grupo por um tempo, antes de mudar para outro, em vez de alternar rapidamente de um para outro. É possível que personagens mudem de grupo em algum momento da campanha, misturando as formações, mas o elenco diz que nada disso está planejado. Garantir que o elenco expandido e o formato mais amplo fossem coerentes e fáceis de acompanhar foi uma preocupação inicial, de acordo com Ray, e uma questão que eles acreditam ter resolvido com sucesso.
“Depois do primeiro episódio, pensamos: ‘Ah, isso está funcionando maravilhosamente bem’”, disse Mercer.
Outra grande mudança para a Campanha 4 aconteceu nos bastidores. Em junho, o Critical Role anunciou a contratação de Jeremy Crawford e Chris Perkins para trabalhar em sua divisão editorial, a Darrington Press. Ambos vieram da Wizards of the Coast, onde foram principais designers de regras de Dungeons & Dragons. Isso dá ao Critical Role um novo recurso para criação própria — classes, monstros, itens e outros conteúdos originais em vez de retirados de fontes oficiais.
“Se temos uma ideia, podemos levar até Jeremy e Chris e perguntar: ‘Isso é possível? Podemos equilibrar e fazer funcionar?’ E eles dizem sim ou não”, explicou Laura Bailey, enquanto o novo membro do elenco, Alexander Ward, comentou que a dupla ajudou a refinar sua primeira criação caseira para seu personagem.
“É difícil chamar de homebrew quando quem está ajudando a ajustar são Jeremy e Chris”, brincou Mercer.
Com um novo estilo de campanha, um elenco maior, criações caseiras mais robustas e um novo cenário, há muito o que explorar em Campanha 4 — inclusive para os próprios jogadores. Mercer contou que teve alguns “cafés” com Mulligan perto do fim da Campanha 3 para conversar sobre cosmologia e garantir que os eventos do final da Campanha 3 e da nova campanha de Mulligan não se sobrepusessem ou repetissem ideias, mas fora isso, ele não tem crédito algum sobre Aramán e está animado para conhecê-lo enquanto joga. Até onde os jogadores sabem, não há conexão com Exandria ou com as Campanhas 1 a 3 — “exceto pela convenção de nomes de orcs, que inclui um pequeno e chato ‘J’”, brincou Iyengar. (Os elfos de Aramán, assim como os de Exandria, também costumam ter apóstrofos em seus nomes.)
Uma coisa que não vai mudar? A relação que os Critters — os fãs — têm com o elenco e os personagens.
“Acho que os relacionamentos parasociais ainda vão estar lá”, disse Ray. “As artes dos personagens estão disponíveis há o quê? Uma semana? E já tem gente fazendo shipping. É muito divertido.”
