Aviso: O objetivo das resenhas "Somente o Básico" é escrever o mínimo necessário para que o leitor entenda e se interesse pelo jogo.
Sobre Hellboy: The Board Game, um dos meus favoritos, um jogo que merece muito mais atenção:
1) O que é?
Um jogo cooperativo de investigação e combate ambientado no universo de Hellboy, em que os jogadores controlam membros do B.P.R.D. (incluindo o próprio Hellboy) enquanto exploram locais sombrios, descobrem pistas e enfrentam monstros e entidades vindos dos quadrinhos.

2) Como se joga?
Cada missão é dividida em duas fases: investigação e confronto. Você avança por um mapa modular, busca pistas, bate em monstros e tenta conquistar vantagens que serão úteis quando a grande ameaça aparecer. Os jogadores escolhem personagens e seus equipamentos antes de começar. Utilizam cubos de ação para realizar tarefas, rolam dados personalizados para testes e combates, e gerenciam uma trilha de perdição compartilhada que representa a escalada do perigo.
O jogo é baseado em cenários, e cada um traz uma nova história, objetivo, mapa e vilão. Alguns são pancadaria pura, outros têm reviravoltas (salas móveis, portas trancadas, áreas escondidas etc.). Todos terminam em um confronto contra o chefão.
3) Quais são as decisões que você toma?
• Escolher seu personagem e itens antes do jogo: equipamentos, melhorias e até quais agentes de apoio levar.
• A cada rodada, decidir como usar seus 3 cubos de ação: mover, examinar, limpar, interagir, atacar ou realizar ações especiais temáticas do seu herói (como o gancho do Hellboy).
• Gerenciar a posição da equipe: quem avança, quem fica, quando descansar.
• Avaliar quando arriscar rolagens perigosas ou jogar com segurança.
4) O que há de bom?
• Pura paixão por Hellboy: os criadores fizeram o jogo repleto de personagens e detalhes que só os fãs vão reconhecer (Sapatos de Ferro! Peru Demoníaco!).
• Profundidade tática: há decisões antes e durante a partida, e suas escolhas de itens antes de começar o jogo importam bastante.
• A estrutura em duas fases dá peso às escolhas. O que você faz na fase de investigação afeta o confronto final.
• Lutas cinematográficas contra chefes: quando o vilão aparece, você sente o impacto! (a carta “Chegada Explosiva” é um ótimo exemplo disso)
• Algumas missões são incríveis. “Espiral Descendente” é única, divertida e tensa do começo ao fim.
• Edição Kickstarter: Uhu!!!!!! Toneladas de miniaturas, uma expansão regular completa e uma expansão fantástica que aumenta a rejogabilidade ao permitir misturar cartas para criar missões inéditas. É um verdadeiro tesouro para fãs.
5) E o que não é tão bom?
• Enrolado pra caramba: muitas regras específicas, exceções e momentos de “não sabia que dava pra fazer isso”. Exige uma ajuda de jogador detalhada, como esta: Ajuda do Jogador
• Componentes e design gráfico: algumas escolhas afetam seriamente a leitura e usabilidade. Texto vermelho sobre fundo preto é praticamente ilegível com pouca luz. A qualidade de impressão é fraca: contraste ruim em tudo, papel fino que entorta fácil. Algumas cartas usam texto pouco claro ou excessivamente longo, onde ícones simples funcionariam melhor. O design geral parece apressado, alguns fãs dedicados redesenharam muita coisa: Redesign Case Files e Redesign Cartas de Inimigos. Faça um favor a si mesmo: vale muito a pena imprimir!


• Manual denso: regras importantes estão escondidas em parágrafos e difíceis de encontrar durante a partida. A Errata / FAQ é leitura obrigatória (Errata / FAQ Oficial).
• Esquisitices da versão Kickstarter: não vem com manual impresso dedicado (disponível online: Kickstarter Breakdown) e tem mais inimigos e infestações de rãs do que a versão de varejo, o que pode mudar o equilíbrio de algumas missões (uma delas pode ficar cheia demais de rãs se você não agir rapidamente).
6) Como é a sensação ao jogar?
Como entrar em um quadrinho do Hellboy. Se você é fã, a atmosfera é imbatível, você se sente parte de uma investigação estranha, mergulhando aos poucos no caos. Para quem não é fã, ainda é um ótimo jogo cooperativo, com momentos dramáticos e muita ação.

Vale muito a pena experimentar. Alguns dos meus amigos até preferem ele ao Cthulhu: Death May Die. No meu caso, gostei tanto que fui atrás da edição Kickstarter e de uma das expansões. Sem arrependimentos, continuo jogando com frequência e cada sessão entrega ação e tensão na medida certa.