hpcaria25::Boa tarde gente,
Precisei vir aqui desabafar um sentimento que tive agora mesmo, após ter visto a live da Ludofun que aconteceu ontem no seu canal do Youtube.
Para ser sincero, eu nem sabia que ia ter live (ou até mesmo que a Ludofun fazia lives)...estava completamente focado na ansiedade da live da Galapagos (asmodee) que também aconteceu ontem.
Soube através de discussões de um grupo de Whatsapp e lá fui eu assitir. A pergunta que ficou na minha cabeça após assistir foi:
Como pode uma editora que não tem nem um terço dos recursos que uma Galapagos da vida tem (ou pelo menos eu acredito que não tenha), ter uma melhor noção de como se deve comunicar com o seu público?
O Rafael Verri dá uma aula em como devem ser passadas atualizações e anúncios, prezando algo que geralmente falta às editoras comuns: transparência.
A live é só o Rafael e uma câmera gravando ele e a sua mesa - Mesa essa que ele utiliza para mostrar os jogos a que está se referindo no momento, abrindo eles, mostrando os componentes, etc.
Passa por cada jogo sem pressa, toma o seu tempo e faz questão de ler os comentários/dúvidas do chat sobre o que está apresentando.
Em algum momento ele fala algo como "A gente primeiro quer cumprir as obrigações e depois apresentar novos jogos para vocês". Perfeito! Qualidade sempre superará quantidade e, adiciono também: qualidade também é, para a quantidade de jogos mencionados, eu saber quando devo esperar o seu lançamento, conseguindo me planejar caso tenha interesse em adquirir algo (o que também aconteceu nessa live - para todos os jogos mencionados, foi apresentada uma data ou um período de lançamento)
Um último ponto - agora relativo ao que talvez tenha sido a principal surpresa da live:
A razão pela qual eu acabei assistindo, foi porque ouvi dizer que a editora traria o jogo Earthborne Rangers que está no meu radar há algum tempo. A ludofun trará o jogo de uma forma que não estamos acustomados...
Para quem tiver interesse no jogo, está sendo pedido que vão até o site da Ludofun e que dêm um "sinal" para registrar o interesse e, posteriormente, quando o jogo for lançado, quem deu esse sinal somente precisará pagar a diferença que faltará para comprar o jogo (que, para quem demonstrou interesse, sairá mais barato do que para quem não pagou esse "sinal").
Primeiro estranhei este approach mas, de novo, como o Rafael se preocupa em ter uma comunicação clara, entendi que, na verdade, talvez esta seja uma melhor opção que um financiamento coletivo. Neste último, você teria de pagar o valor completo de uma só vez, recebendo o jogo somente quando fosse lançado. Já neste caso não, você "dá uma entrada no jogo", se uma quantidade legal de pessoas fizerem o mesmo, o projeto segue e você paga o restante na hora do lançamento, se não, o valor é devolvido.
A razão por estar sendo feito desta forma? Perfeitamente explicado e com transparência pelo Rafael - assistam a Live, não me alongarei.
Para finalizar gostaria, inveitavelmente, de fazer uma comparação entre esta live e a da Galapagos. Como pode, né? Não irei entrar no mérito de os anúncios da Galapagos ou da Ludofun terem sido bons ou não - isso dependerá de gosto e gosto é igual àquela outra coisa que cada um tem só sua... Mas, fora isso, serve de lição que uma simples live sem perfumaria (transições mirabolantes, 1001 apresentadores, QR Codes na tela, fotos genericas na tela vs uma apresentação do jogo na mesa, etc.), com comunicação clara de datas/períodos de lançamento (que faltou por inteiro na outra live) e com transparência (explicando os porquês das coisas estarem acontecendo da forma que estão acontecendo, explicando o porquê de algumas demoras estarem acontecendo, etc.), podem impactar positivamente o público alvo das editoras, como eu que escolhi tirar alguns longos minutos do meu dia para vir aqui escrever este texto.
Em resumo: Parabéns Rafael Verri pelo trabalho e por nos respeitar e, à Galapagos e demais editoras, apelo à humildade de vocês em aprender com quem sabe fazer.
Obriagdo aos que clicaram e leram até o fim.
A Galápagos em breve se tornará a próxima Estrela, vendendo seus jogos e brinquedos em supermercados e em qualquer outra loja que tenha brinquedos, livros e coisas do gênero.
O foco deles está em vender jogos festivos e jogos familiares em larga escala, além de apostar em jogos medíocres vestidos com franquias famosas, se afastando do nicho dos veteranos do hobby e voltando-se para o grande público. Com essa mudança de foco, também muda a qualidade do serviço, pois o objetivo passa a ser vender o maior número de unidades para clientes diferentes ao invés de fidelizar os clientes que entram e permanecem no hobby. A rotatividade dos leigos é que vai contribuir com a maior parte do faturamento deles.
Quem gosta de um bom jogo de tabuleiro não é mais o público alvo da Galápagos.
Falando sobre transparência, é curioso que fazem um evento e uma "live" de anúncios, mas ainda nem trouxeram todos os anúncios da edição passada. Alguns tiveram as datas alteradas, enquanto outros foram completamente apagados do Spoiler Board sem nenhuma palavra dita. Para saber mais sobre esses anúncios é necessário garimpar frases ditas pelos responsáveis em entrevistas feitas com vários criadores de conteúdo diferentes, e ir juntando as peças.
Ainda sobre transparência, mas trocando de editora, posso falar sobre a MeepleBR e o recente problema de impressão no tabuleiro do Arcs.
Não vou entrar no mérito sobre o problema em si, se interfere ou não no jogo, se é grande ou pequeno, mas quero chamar a atenção pela atitude da editora.
Eles sabiam do problema? É claro, afinal, enviaram junto com o jogo um adesivo para "resolver" o problema.
Eles avisaram aos lojistas e aos consumidores finais a respeito desse problema em algum momento? Não.
Por quê? Medo de não vender o suficiente? Covardes.
E, nessa senda, essa falta de transparência também é observada nos lojistas, inclusive os que estão há mais tempo no hobby.
Nessa semana começaram a ser entregues por uma loja que possui muita coragem, muita bravura, o jogo Tiranos da Umbreterna. No site, o anúncio dizia claramente sobre a possibilidade de conter avarias (mofo), e também, em letra vermelha e negrito, estava escrito "
Lacrado".
O que aconteceu? Os jogos começaram a chegar e a comunidade começou a reportar que esses jogos não estavam lacrados, e sim abertos.
Se os jogos estavam abertos, existiu realmente a possibilidade de mofo? Ou era uma certeza de mofo?
A loja em questão abriu e escolheu os exemplares mofados para enviar aos clientes? Como saberemos?
Ao serem questionados, disseram que já receberam as caixas abertas da editora, e que foi um erro de quem fez o anúncio no site. Será mesmo?
Enfim, creio que cada um de nós aqui deste fórum consegue lembrar de um caso em que não existiu transparência entre uma editora, lojista, criador de conteúdo, e nós, jogadores.
Nosso hobby realmente é construído na base da má-fé? Lucro > Honestidade?
Até quando eu e você, consumidores e jogadores, vamos continuar aceitando isso como se fosse algo normal?
Vocês se sentem bem ao dividir mesas em eventos e jogatinas com essas pessoas que agem dessa forma?