brgz::@iuribuscacio @igorknop @Jetro
Agradeço os comentários de todos.
Uma questão que ainda ficou é o Considerando que tenho a cópia original.
Existe alguma coisa análoga a emulação para boardgames em termos lícitos e morais?
Ao meu ver há margem para discussão nesse caso. Em um post do jogo Survive The Insland um cara falou sobre seu cachorro ter comido um meeple. Nesse caso sua única alternativa viável seria recorrer a impressão 3d da peça, se fosse uma peça de ilha teria que imprimir de forma "alternativa" também. Como ele comprou o jogo, não teria algum direito do tipo nisso? Não é fornecido peças separadas de nenhum jogo.
Caros
brgz e
igorknop
Rapaziada como eu disse antes, sempre que se fala em direito e legislação, normalmente se entra em um terreno cinza, onde o que vale não é o escrito, mas sim aquilo que a pessoa entendeu do que está escrito, principalmente quem vai avaliar se vale a pena processar outra pessoa, e acima de tudo quem vai decidir a questão.
No caso do "alternativo", a questão de fazer uma cópia para consumo próprio, sem ganhar dinheiro, para alguns não viola o direito autoral, especialmente se a pessoa já tiver uma cópia. Porém, outro entendimento, é que independe se você não vai ganhar dinheiro com a cópia ou se você tem o jogo original, porque nesse caso qualquer cópia é ilegal e alternativa e a única opção é comprar o jogo na loja. Se você quiser uma cópia para levar para a praia, para a serra, para qualquer outra viagem, para jogar com a família no churrasco de domingo, para jogar com o seu filho de 8 anos, então não tem jeito, você tem de comprar quantos originais você achar necessários, mas sempre um original. E aí cabe a pergunta, nesse entendimento como é que se faz, quando o jogo está esgotado? Simplesmente não se faz, qualquer cópia seja lá porque motivo for é ilegal e quem faz comete crime. No mesmo sentido, se o seu cachorro comeu um meeple, você tem de comprar outro jogo e ser mais cuidadoso com a própria cópia.
Claro que esse segundo entendimento é um absurdo de exagero (do qual eu pessoalmente discordo), e eu só coloquei aqui para vocês verem que a coisa não é tão simples. A questão do alternativo não se resume a "se eu não for ganhar dinheiro posso fazer quantas cópias quiser do Love Letter para dar de presente no natal, que não pega nada". A realidade não é bem essa. Só que dá mesma forma, levando em conta esse entendimento absurdo da legislação de direitos autorais, ela também não protege as regras e mecânicas, portanto se eu fizer um jogo igualzinho ao Love Letter, mas colocar os deuses gregos no lugar dos personagens, imprimir as imagens criadas por IA, colocar em uma caixa toda "pimposa" e chamar de Olimpum, esses "caxias do direito autorl"também não podem dizer nada.
Mas vamos dizer que sujeito resolveu seguir as regras e comprar todos os jogos do Ludobar originais, aí fica tudo certo não é? Não necessariamente, porque quando a pessoa compra um jogo, ele está comprando um produto para ser consumido e não para ser explorado comercialmente. Para isso existem os contratos de licenciamento que permitem que uma empresa explore tanto o jogo em si quanto a marca, dentro dos limites do contrato, e estes normalmente têm cláusulas de exclusividade de modo que só a empresa que pagou o licenciamento é que pode explorar o jogo. Isso é mais ou menos como aquela questão que havia do sujeito ter um bar, comprar o pacote pay-per-view do brasileirão e passar os jogos no bar para a clientela. Quando as operadoras de Tv à cabo perceberam na mesma hora elas criaram caso e lançaram uma assinatura diferenciada e muito mais cara, caso o sujeito quisesse ganhar dinheiro, mesmo que indiretamente, com a exploração dos jogos de futebol exclusivos. Evidentemente, tem muito "pé-sujo" que ainda faz isso, na cara dura, mas isso é totalmente ilegal, dá processo, e pode inclusive levar o sujeito pessoas física perder a assinatura.
Também é preciso considerar que, obviamente, nos dias de hoje, as editoras não estão preocupadas se um sujeito fez meia dúzia de cópias do jogo para dar para os parentes, ou uma cópia para cada tipo de viagem de férias, e para ser sincero, nem mesmo se o camarada vai abrir um bar de jogos e colocar algumas cópias para a clientela jogar. Atualmente, o que preocupa as editoras muito mais, são as tarifas do megalomaníaco presidente dos EUA, não apenas por encarecer os jogos, mas principalmente, porque as "cópias alternativas" dos sites chineses além de bem mais baratas, evidentemente não paga nada de impostos, justamente por serem alternativas. Se antes já era difícil concorrer com o preço dos jogos do site do "Ali Baba trem-bala", ou do site como nome de bebida da Brahma, com as atuais tarifas (mesmo de "apenas" 30%) a situação fica insustentável. Por isso, na minha opinião, as editoras tem assuntos mais graves com que se preocupar do que se o Zezinho montou um Ludobar, com algumas cópias alternativas.
E aí entra outra questão, na qual eu concordo totalmente com o Igor. Jogo de luderia é party game e no máximo um jogo familiar bem leve, e esse jogos entram em duas categorias. A primeira são os jogos de carta, que dependendo da quantidade dá para imprimir, mas o trabalho não compensa, além de você estar oferecendo aos seus clientes algo "alternativo", que é bastante reprovável aos olhos da comunidade boardgamer, especialmente se a pessoa está ganhado dinheiro com isso. A segunda é dos jogos família, que são bem mais caros, mas também muito mais complicados e caros de "copiar". Logo de cara, se o jogo tem tabuleiro, já é um problema, porque não dá para imprimir naquela jato de tinta "marota", que fica na estante. Você vai ter de ir em uma gráfica, e para imprimir uma ou duas unidades o que encarece bastante o serviço. Fazer miniatura 3D então nem se fala, o trabalho para arrumar os arquivos e o gasto já fazem qualquer um pensar duas vezes. Imagina o trabalho que deve dar fazer uma cópia do Zombicide, por exemplo, e sem a certeza de que todas as miniaturas vão sair 100%.
Imagina o sujeito ir conhecer aquela luderia maneira, com um amigo boardgmaer, chegar lá para esperar meia hora de set-up, mais meria hora de explicação das regras e só depois que ele começa a curtir o jogo. Agora comparem isso com um jogo como Codenames, que é só abrir distribuir as cartas e começar a jogar, ou um Dixit da vida, que se aprende jogando.
Por fim, como se pode ver essa questão de se explorar jogos de tabuleiros em bares, tem diversas nuances, e por isso é algo bem mais complicado do que se pode pensar a primeira vista.
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio