Caros Boardgamers
Realmente, aqui no Ludopedia hostilidade é mato, conforme bem destacou o Antonio Ernande. Sinceramente não entra na minha cabeça essa necessidade que chega às raias do fetiche, ter de ser mal educado e grosseiro nos comentários desse fórum. Todo mundo sabe que board game é um hobby de privilegiados socioeconomicamente, e de pessoas com algum grau de instrução, por isso, era de se esperar que, se não der para ser cortês, que as pessoas aqui fossem pelo menos urbanas.
Numa boa, eu não vejo por qual motivo as pessoas não podem simplesmente escrever "entendo o seu ponto de vista, mas discordo pelas razões XYZ"..."
Infelizmente não é isso que se vê.
Nessas horas é forçoso dar razão ao Professor Miguel Nicolelis que defende que o maior perigo do domínio do digital nas nossas vidas é que nós estamos perdendo a condição de decidirmos as coisas por nós mesmos (só nos informamos pelo que aparece nas redes socais), estamos perdendo a capacidade de produzir um raciocínio coerente próprio (ao invés de escrevermos o que pensamos e sabemos estamos delegando isso ao chatGPT) e, por fim, estamos perdendo algumas habilidades sociais, como conseguir conversar civilizadamente, algo que nós exercitamos desde o surgimento do homo sapiens centenas de milhares de anos atrás, e que nos mostramos cada dia menos capazes de fazer.
Quando o arthurtakel falou em "aberto para conferência", ele foi muito claro em incluir a questão do jogo já vir sem nenhum problema como falta de peças. Qualquer um que já tenha enfrentado esse tipo de problema, sabe que algumas raras editoras resolvem problemas de reposição facilmente e rápido, mas que em outros casos isso é um verdadeiro calvário. Assim sendo, saber que o jogo está realmente completo e não ter de se preocupar com isso é algo que vale algum dinheiro, pelo menos na minha opinião. No caso do mofo, se aplica o mesmo raciocínio. Claro que não seria esse o caso senão houvessem tantos lançamentos com componentes faltantes e tantos jogos "lacrados e mofados", mas essa infelizmente é a realidade do mercado nacional de jogos.
Do mesmo modo, quando o jogo já vem sleevado e com um insert ou organizador, evidentemente foi agregado um valor ao produto, no mínimo o preço da caixa de sleeves, que não é barato e do insert, e isso para não falar no trabalho que é sleevar carta por carta. Obviamente algumas pessoas podem curtir isso, mas não dá para negar que isso dá trabalho, e o que dá trabalho quase sempre pode ser traduzido em dinheiro, que se paga para que outra pessoa tenha esse trabalho por nós.
Outro aspecto importante, que ficou muito claro pelos comentários, é que algumas pessoas responderam partindo do princípio que o Arthur estava defendendo que se pagasse os preços exorbitantes, cobrados por cópias OOP e sem previsão de reprint, altamente inflacionados por conta da escassez. Eu não vi em lugar algum do tópico, absolutamente nada que pudesse levar alguém a concluir que foi isso que o texto defendia. O que eu entendi daquilo que eu li é que o texto defendia que se pagasse um pouco mais caro por cópias usadas, mas dentro de limites razoáveis, e não as indecências que ás vezes se cobram por jogos esgotados.
Há também que se considerar que os boardgamers, na sua maioria, têm um extremo cuidado com seus jogos, principalmente aqueles que costumam rodar suas respectivas coleções, para bancar o preço dos novos lançamentos. Desse modo, é muito comum que mesmo os board games jogados com alguma frequência, normalmente, estejam em excelentes condições, muito próximas dos jogos lacrados (que estejam completos e sem mofo).
Por fim, eu sou um dos mais ardorosos defensores da necessidade de que se barateie de alguma forma o preço dos jogos, e de que as pessoas prestem mais atenção ao Mercado de Usados, onde é comum encontram jogos similares aos lançamentos (muito até melhores) e a um bom preço. Mas mesmo com esse "histórico particular", ainda assim eu acho que os argumentos do Arthur tem muito mérito, e por isso mereciam um pouco menos de agressividade e mais respeito em algumas respostas recebidas, mesmo no caso da divergência.
Divergir é importante, mas manter o respeito, e um debate sadio, é ainda mais fundamental!
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buiscácio