Antes que alguém estranhe o título, já explico: preview por que o jogo ainda não foi lançado (o financiamento começa dia 16 de Agosto de 2016) e review por que o jogo já está fechado quanto a regras e já tive o privilégio de jogar mais de 30 partidas do mesmo. Dito isto, um ultimo aviso de utilidade pública: não sou reviewer, nunca fiz resenha sobre nenhum jogo e esta, inevitavelmente, estará carregada com minha visão positiva do jogo. Ainda assim espero conseguir mostrar um pouco deste jogo que tanto me alegrou nos últimos meses.
Como um amante de Roller Coaster Tycoon desde o primeiro da série, após entrar no mundo dos board games sempre procurei um jogo sobre parques de diversão em que o tema estivesse bem aplicado e que fosse divertido. Acredito ter encontrado esta combinação em Unfair.
Unfair é um jogo de Joel Finch, para 2 a 4 jogadores com um partida variando de 60 a 90 minutos (jogando só com pessoas que já conhecem bem o jogo este tempo diminui bastante), onde os jogadores competem para construir o maior e mais lucrativo parque de diversões da cidade. O jogo base contem um tabuleiro, manual, player aids, fichas de dinheiro em diferentes formatos e 4 baralhos temáticos de 54 cartas cada. Cada baralho contem os mesmos tipos de carta (Park, Events, Blueprints, Unfair e Funfair) mas diferentes nos efeitos, de acordo com a temática (floresta, vampiros, piratas e robôs).
No começo da partida escolhe-se ou sorteia-se um número de baralhos igual ao número de jogadores na partida (dois jogadores, dois baralhos, três jogadores, três baralhos, etc...). Monta-se os montes de cartas de Park, Events e Blueprint, juntando as cartas destes tipos de cada baralho, e revela-se seis cartas de Park para formar o mercado. Cada jogador recebe 20 de dinheiro, um Main Gate, uma carta de Loan, cinco cartas de Park e duas Showcases. Por fim, monta-se o baralho de eventos da cidade com as cartas de Funfair e Unfair (cada baralho temático possui 3 cartas de cada um, o que gera uma variedade grande quando se embaralha e se monta o deck de eventos), com um total de 8 cartas. Enfim o jogo pode começar.
A partida é dividida em 8 rodadas, cada um dividia em 4 fases. O objetivo dos jogadores é acumular o maior número de pontos ao longo da partida, construindo as maiores atrações possíveis, acumulando dinheiro e completando blueprints.
A cada rodada um evento da cidade afetará todos os jogadores. As primeiras quatro rodadas possuem eventos bons, que podem auxiliar os jogadores (Funfair). As quatro ultimas rodadas possuem eventos que atrapalham todo mundo (unfair).
Em seguida cada jogador recebe uma carta de Event. Cada jogador pode então jogar um evento ou passar. A partir da segunda rodada, é possivel que os jogadores tenham mais de uma carta de evento, podendo então jogar mais de um evento, devendo esperar sua vez para jogar cada um deles.
Todas as cartas de evento possuem dois usos distintos. A parte de cima da carta possui um efeito positivo para o jogador exclusivamente. A parte de baixo contem um efeito para atrapalhar os outros jogadores ou para se defender dos efeitos jogados por eles. Mesmo esta parte dos eventos sendo claramente um take that, o efeito acaba sendo minimizado pois os eventos ocorrem apenas no começo da rodada, dando tempo para os jogadores se recuperarem ou se prepararem para a próxima rodada.
Em seguida tem inicio a fase de parque. Nesta fase da rodada cada jogador tem três ações com as quais ele pode: construir/contratar cartas de sua mão pagando o custo em moedas; construir/contratar cartas do mercado; Pegar uma carta do mercado e colocar em sua mão (sem custo) para construir mais tarde; destruir uma carta de seu parque; comprar cartas de um dos decks (Park, Events e Blueprints), podendo comprar duas cartas e ficar com uma ou nenhuma.
As cartas principais do jogo são as cartas de Park, que consistem nas atrações que podem ser construídas em seu parque, upgrades que podem ser colocados nas atrações, funcionários (que possuem diversas habilidades) e recursos (como aumentar o limite de visitantes do parque).
Após a fase de parque vêm a fase de Guests. Os jogadores somam as estrelas de todas as atrações e funcionários de seus parques, determinando quantos visitantes vieram a seu parque nesta rodada. Para cada visitante no parque o jogador recebe uma moeda, até um máximo de quinze visitantes (e portante quinze moedas), inicialmente. Várias cartas alteram a quantidade de moedas recebidas (eventos, funcionários, upgrades...) ou mesmo aumentam a quantidade máxima de visitantes no seu parque.
Por fim a ultima fase é a de Cleanup. Os jogadores descartam cartas até ficarem com no máximo seis cartas em suas mãos (contando apenas cartas de Park e Events) e limpam o mercado, preenchendo-o com novas cartas.
Ao final das 8 rodadas, cada jogador conta um ponto para cada duas moedas que possuir junto com os pontos de seus funcionários, pontos por suas atrações (a pontuação das atrações varia de acordo com o tamanho da mesma, conforme o número de upgrades que ela possui, quanto mais upgrades, mais pontos a atração rende) e de suas blueprints. As blueprints são objetivos, no melhor estilo Ticket to Ride (se você completar o que a carta pede, no fim do jogo, ganha os pontos ali descritos; se não conseguir completar o objetivo, perde os pontos). As blueprints possuem ainda uma sessão bônus, que pode ser completada somente se o jogador completou o objetivo base.
O jogo ainda possui MUITOS detalhes menores (empréstimos, os diversos tipos de eventos, upgrades e atrações...), mas para fins de apresentar o jogo, acredito que seja o bastante.
Considerações finais: Unfair é um jogo extremamente divertido. A temática é muito bem aplicada, e dá pra sentir um pouco do ar do Roller Coaster Tycoon em alguns momentos. E o melhor, o jogo tem estratégia, não é leviano. Mesmo o aspecto de Take that, que normalmente me incomodaria em um jogo, em Unfair é possível levar "numa boa" (existe até uma variante, oficial, em que se joga sem usar a parte de baixo das cartas, sem atrapalhar outros jogadores. O único ponto negativo que posso dizer sobre o jogo é que ele pode ser demorado nas primeiras partidas, especialmente com jogadores com pouco conhecimento de inglês. Logicamente, isso não tira o mérito e a diversão do jogo.
Alta rejogabilidade, artes maravilhosas e um design que impressiona por ser o primeiro jogo do autor. Só aguardando o sucesso de Unfair no kickstarter!
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