Escrita por: Rodrigo Neves.

Ficha do Jogo:
O Rei de Utopia convidou príncipes das civilizações da antiguidade para viverem dentro dos muros de sua cidade, e eles trazem consigo as riquezas arquitetônicas de suas terras natais. Como um dos Ministros do Rei, você tem a missão de recepcionar estes príncipes. Cada desenvolvimento feito na cidade pelos seus convidados aumentará seu prestígio.
Utopia é um jogo belíssimo e com miniaturas de encher os olhos, lançado pela Matagot, conhecida por publicar diversos jogos de visual deslumbrantes como Kemet, Cyclades, Giants, River Dragons e Origin. Desenvolvido em 2007, por Arnaud Urbon e Ludovic Vialla, autores de Khronos e Korrigans, Utopia atende a partidas de 2 a 5 jogadores e dura apenas 1 hora em média, além de ser totalmente independente de idiomas.
Mecânicas:
- Controle/Influência de Área,
- Movimento em Área,
- Administração de cartas.
Síntese do Jogo:
O tabuleiro do jogo é formado por 24 distritos, espalhados por 4 ilhas. Distritos adjacentes são separados por ruas. Alguns distritos têm pontes e outros portos que permitirão o translado dos príncipes entre as ilhas. A escala de prestígio, na parte inferior esquerda, indica as preferências do Rei para as diferentes civilizações: Pérsia, China, Maia, Grécia e Egito. Isto irá influenciar na fase de pontuação. E ainda há uma trilha de pontuação ao redor do tabuleiro.
Para a preparação do jogo, devemos seguir os passos:
- O tabuleiro é colocado no centro da mesa;
- Um monumento para cada civilização é colocado aleatoriamente na escala de prestígio. Os monumentos restantes, bem como as 4 maravilhas são colocados ao lado do tabuleiro;
- Os 40 símbolos de convidados são colocados no saco;
- Cada jogador escolhe uma cor e recebe os símbolos, bases e figuras correspondentes;
- O primeiro jogador é determinado aleatoriamente.
- Cada jogador coloca à frente de si: 40 símbolos de príncipes, 8 bases, 2 símbolos de privilégio e a carta de resumo das regras;
- As cartas de ação contendo os príncipes de todas as civilizações me jogo são embaralhadas e colocadas com a face para baixo ao lado do tabuleiro.
O jogo correrá por diversos turnos seguidos, até que algum jogador dispare a condição de final de partida. Cada turno está dividido em três fases:
Fase 1 - Recepcionando os Príncipes: O primeiro jogador pega um número de convidados igual a três vezes o número de jogadores do saco. Ele coloca cada convidado próximo a um dos quatro barcos no tabuleiro, de acordo com os símbolos: peixe, salamandra, cobra ou pássaro. Na ordem do turno, cada jogador escolhe um dos convidados que acabou de ser colocado no tabuleiro, então remove este símbolo do tabuleiro, trocando-o por um símbolo de príncipe de sua própria cor, da mesma civilização que o convidado escolhido e em qualquer distrito da Ilha indicado pelo convidado. Em seguida, outro jogador deve escolher um símbolo de convidado e repetir o processo. Esta ação é realizada 3 vezes por cada jogador até que não existam convidados no tabuleiro. Uma vez que todos os símbolos dos convidados tenham sido removidos do tabuleiro, a Fase 1 terminou.
Fase 2 - Desenvolvimento da Cidade: Cada jogador recebe 5 cartas de ação. Na ordem do turno, cada jogador pode usar ou manter para o próximo turno, todas ou algumas de suas cartas. Existem algumas ações que poderão ser executadas com estas cartas, quantas vezes o jogador desejar, desde que tenha cartas suficientes para isto:
- Mover um ou dois príncipes: Um jogador só pode mover símbolos de sua cor. Se um jogador decidir mover dois príncipes com uma única carta de ação, estes dois príncipes devem estar dentro do mesmo distrito. Ao descartar uma carta de ação, o jogador pode mover um ou dois príncipes daquela civilização por terra para um distrito adjacente ou de um distrito com porto para outro distrito com porto, desde que ambos estejam no mesmo setor marítimo ou em setores adjacentes.
- Adicionar um príncipe em um monumento: Ao descartar uma carta de ação, um jogador pode colocar um príncipe num distrito ocupado por um monumento daquela civilização. Se o jogador não controla o distrito, o adversário que o controla, ganha imediatamente 1 ponto de prestígio.
- Adicionar um príncipe em qualquer distrito: Ao descartar 3 idênticas cartas de ação, um jogador pode colocar um príncipe daquela civilização em qualquer distrito do tabuleiro.
- Remover um príncipe: Se o jogador possui um príncipe em um distrito ocupado por um monumento daquela civilização, independente do jogador que controla o distrito, o jogador pode, com uma carta de ação daquela civilização, removê-lo tabuleiro. Por esta ação o jogador ganha imediatamente 2 pontos de prestígio.
- Alterar a influência do Rei: O valor de cada civilização, indicado na escala de prestígio, determina a pontuação dos distritos controlados por cada jogador no final do turno. Ao descartar uma carta de ação, um jogador pode aumentar o valor de uma civilização em 1. Ao descartas duas cartas de ação, um jogador pode diminuir o valor de uma civilização para a última posição.


Fase 3 - Calculando os Pontos de Prestígio: Quando todos os jogadores tiverem realizado suas ações, os pontos daquele turno são calculados. Cada jogador, na ordem do turno, ganha pontos por cada distrito que ele tem controle. O valor de cada civilização está indicado na escala de prestígio.
Cada ilha tem um espaço reservado para uma maravilha. Em qualquer momento do seu turno, se um jogador tiver um príncipe de cada uma das 5 civilizações em uma única ilha, ele pode imediatamente construir uma maravilha. O jogador coloca uma base de sua cor sob a Maravilha para determinar quem a possui, e imediatamente ganha 6 pontos de prestígio. Só pode haver uma maravilha por ilha e uma vez adquirida, não pode ser perdida.


A qualquer momento durante o turno, se um jogador possuir 3 príncipes da mesma civilização no mesmo distrito, e se o distrito não for ainda controlado por outro jogador, ele pode tomar o controle dele. Os 3 príncipes usados são removidos do tabuleiro e devolvidos ao seu dono e um monumento correspondente é colocado ali. O jogador coloca uma base da sua cor embaixo do monumento para mostrar sua propriedade. E também, se o distrito pertencer a uma ilha onde uma maravilha já tiver sido construída, o dono dela imediatamente marca o número de pontos de prestígio indicado no tabuleiro.
Se um ou mais jogadores alcançarem pelo menos 50 Pontos de Prestígio no final desta fase, o jogo termina. O jogador com mais pontos vence.
Avaliação:
Utopia é um lindo jogo, mecanicamente redondo, com temática trabalhada de forma honesta e um conjunto artístico de primeira. Em suma: bonito, encantador e bacana de jogar. É um jogo familiar, com um conjunto de regras de média-baixa complexidade.
Por outro lado, as combinações de estratégias para conseguir angariar prestigio, otimizando suas construções e maravilhas, mas evitando dar brechas demais aos adversários, pode ser uma tarefa mais dura do que a primeira vista ele transparece. Se jogado por um grupo mais competitivo, de heavy gamers, pode se transformar em um jogo bem disputado e com alta interação, por conta da influência do Rei. Na minha opinião, não é um jogo fundamental na prateleira de qualquer coleção, mas enriquece qualquer coleção.
Apesar de ser um jogo fora de linha e a algum tempo não produzido mais, no mercado internacional existem muitas cópias em lojas europeias como Phillibert ou Milan Spiele, sendo um jogo que mantém um valor de mercado surpreendentemente acessível.
Um jogo de arte belíssima, componentes de alta qualidade e que formam uma daquelas mesas lindas... de babar mesmo!!! É um jogo fácil de ensinar, intuitivo, mas que possibilita estratégias variadas. Recomendado.