gabriel::É bonito, mas não se traduz para a prática material. Meu mano fantafanta disse tudo. A premissa de que pequenas atitudes fazem a diferença é, ao meu ver, apenas uma idealização. A realidade é que o trabalhador, em geral, vai colocar seu dinheiro onde mais for conveniente financeiramente e apenas isso. A renda média do brasileiro é muito curta para ser gasta em idealismos. E isso também se reflete no lojista. Essa lógica do monopólio dos grandes conglomerados mina fortemente as possibilidades de viver de jogos quando teu concorrente é o Jeff Bezos. Isso não é culpa de quem compra, é só como funciona o mercado.
Legal que haja lojistas que queiram viver do sonho, mas a realidade é que, tirando algumas exceções (aquela meia dúzia de lojas que todos conhecem), muito provavelmente compensa mais o CLT de segunda a sexta do que manter uma loja de um produto ultra nichado em Goiabinha do Oeste.
Caro
gabriel
Meu camarada eu concordo em parte com o seu exemplo. Uma frase que eu acho fenomenal de um autor fenomenal é "Primeiro vem o estômago, depois vem a moral." do Bertold Brecht. Portanto, para quem vive com um salário de fome, e muitos brasileiros vivem nessa situação, realmente não dá para ser idealista, porque idealismo não enche barriga, nem paga boleto.
Por isso, eu penso assim também, mas discordo do seu comentário, apenas porque ele parte do pressuposto de que esse trabalhador brasileiro que precisa colocar a barriga à frente da moral faça parte do mercado de board games. Por isso, na minha modesta opinião, só o fato do sujeito conhecer e comprar board games já o coloca em uma situação socioeconômica privilegiada, em relação a quem vive no "chão da fábrica".
Obviamente, nem todo mundo que compra jogos de tabuleiro modernos é rico, apesar das editoras acreditarem nisso quando precificam seus jogos. Muita gente dentro do hobby é de classe média e tem de se virar para comprar uma quantidade razoável de jogos por ano (e toma pagamento parcelado, à perder de vista no cartão!!!!). Mas, de modo geral, mesmo quando se fala em pagar R$ 200,00 ou R$ 300,00, que hoje não significa muita coisa, em face dos preços atuais, ainda assim a quase totalidade das pessoas que está de fora do mercado de jogos acha isso um absurdo. Entre os meus familiares e amigos, todos concordam que eu sou louco de pagar tão caro por jogos de tabuleiro, por melhor que eles sejam. Para essas pessoas pagar 100 e poucos reais nos tradicionais WAR, Detetive, Scotland Yard, Imagem & Ação, Perfil e assemelhados, já é mais do que suficiente. O mesmo se aplica a quem vive de salário mínimo e meio, vale transporte e auxílio alimentação, cuja renda só permite mesmo jogar UNO ou jogos de baralho tradicionais e olhe lá.
Dessa forma, no meu humilde ponto de vista, se o sujeito tem uma realidade que lhe permite pagar 500 reais em um board game, eu acho que dá perfeitamente para ele pagar um pouquinho mais caro, que às vezes nem é tanto assim, para ajudar a manter aberta a lojinha local de board games. Foi nesse sentido que eu fiz o meu comentário.
Meus dois centavos...
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio