Sven::
Caro, Iuri
não fala da década de 80 não, meu caro.
Bons tempos aqueles...
Eu disse carta mesmo, era o que tínhamos na época. Lembro até hoje da sensação que senti quando vi, na casa do Ronaldo, ele manuseando o computador com uma peça que mexia um ponteiro na tela - era o mouse. Nossa, que incrível!!! Eu só conhecia o DOS. O Windows então foi uma revolução, incrível!!!
Quando falo que precisamos de pouco para sermos felizes, é porque tenho verdadeira convicção disso. Ano passado eu prometi para mim mesmo que compraria no máximo 5 jogos ao longo do ano. Ninguém acreditou em mim e riam, debochavam...Cheguei no final do ano e comprei 5 jogos. Estou trabalhando na minha cabeça a ideia de começar a vender jogos que não jogo mais. Desejo ficar com aqueles que são a "nata" da minha coleção, ou melhor dizendo os meus "queridinhos". Acho que em breve iniciarei esse processo, afinal de contas precisamos de pouco para sermos felizes e com certeza, precisamos de poucas "gemas" (jogos de tabuleiro excepcionais) para usufruirmos dessa felicidade.
Grande abraço, Iuri.
Caro
Sven
É meu "jovem", quando eu digo que antes eu jogava MERP, tem gente que me acho que eu estou falando grego. Aliás de todos os sistemas, esse é o que eu mais gosto, baseado no d100, ou 2 d10, que se usava para dar uma variada em relação ao D&D, antes de surgir o AD&D. Nessa época, eu ainda não tinha os dados poliédricos (só quem tinha era um amigo que depois mudou para outro estado, mas me deixou xerocar os livros antes de ir), então o jeito era apelar para o velho saquinho com as fichas numeradas. Mas os dados poliédricos vieram apenas alguns anos depois, trazidos de uma viagem ao exterior, por um amigo do meu pai.
Realmente só quem jogou muito The Castle, The Way of the Tiger (todo mundo se sentia um ninja de verdade), Knightmare (com o famoso tiro de bumerangue), Yer Ar Kung-Fu, King's Valey, no MSX-Hotbit, com os jogos clássicos da Konami rodando no gravador de fita cassete (de vez em quando aquele parafusozinho do äsimute", dava problema e tinha de rodar a fita toda de novo), só quem passou por isso sabe o que foi curtir games nos anos 80. Quando se tornou comum os computadores usarem monitores coloridos, a gente, na nossa ingenuidade achava que nada poderia ser mais moderno, nem poderia supor onde os computadores chegariam no ano 2000. E de lá para cá já passaram 25 anos. Por isso eu concordo totalmente contigo que é até difícil acreditar no quanto que nós nos divertíamos com tão pouco. Naquela época, o sujeito olhava para a televisão, via um monte de quadrado verdade com uns quadrados pretos no meio e jurava que era um rio infestado de jacarés, e que um tracejado preto era um cipó, jogando Pitfall, no Atari.
Em outras palavras, o que faltava em recursos, sobrava em imaginação, até porque com 8 bits, não tinha muito jeito. Hoje, o que eu vejo não apenas na indústria dos videogames, mas até dos jogos de tabuleiro, é justamente esse brilho no olho do encantamento, e de realmente imaginar aquelas situações de fantasia. Nos anos 80 quando se jogava RPG, a pessoa tinha de entrar no clima e realmente se imaginar dentro de uma masmorra, lutando contra orcs, esqueletos e dragões. Nos dias de hoje o sujeito liga o PS5, ou seja lá o que o valha e o jogo já te entrega tudo mastigadinho e pronto para consumir sem esforço nenhum da sua parte.
Nisso eu me lembro quando se jogava jogos euros, apenas com cubinhos e isso era o que bastava, porque o sujeito olhava aquele cubinho e realmente imaginava que aquilo era uma madeira, um pedra, uma ovelha, um guerreiro ou um ladrão (no caso do Ords of Waterdeep). Depois surgiram os animeeples (animais de fazenda), e os foodmeeples (alimentos), e os meeples de heróis do kit do Lords of Waterdeep, que certamente deixam o jogo mais bonito, mas que meio que matam a imaginação, na minha opinião.
Por fim eu fico só pensando se essa onda de miniaturas que encarecem tudo chegarem aos euros, aí é que ninguém vai precisar mais imaginar nada, e como dizia a sabedoria popular, o que não se usa acaba se perdendo...
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio
P.S. Anos 80, bons tempos, e só aí lá se vão 40 anos...

