arthurtakel::Parabéns. Seus artigos só enriquecem o hobby. Outra coisa notável que você se posiciona a favor dos usuários e não passa pano para editoras.
Que continue assim e rumo a mil artigos.
Caro
arthurtakel
Rapaz muito obrigado.
Quanto ao meu posicionamento, não é uma questão de ficar contra ou a favor das editoras, mas sim de elogiar quando for para elogiar e criticar quando for para criticar. O problema é que ultimamente, as editoras nacionais, especialmente a grandes, dão muito mais motivos para criticar do que para elogiar.
É óbvio que as editoras desenvolvem um papel importante e que sem elas não haveria mercado nacional de jogos. O problema é que ao longo dos anos isso serviu como desculpa para que as editoras cometessem verdadeiros absurdos. Isso sem falar que elas sempre promoveram com todos os recursos disponíveis o HYPE e o FOMO, e em tal medida que hoje, as pessoas pagam preços superfaturados só para ter o jogo assim que ele sai, mesmo pagando valores altíssimos. E isso acontece principalmente porque as editoras, com a manipulação das tiragens criaram a ilusão de que se o sujeito não comprar o jogo no lançamento, pagando muito caro, ele vai ficar sem ele porque o jogo vai esgotar. Isso foi o que aconteceu com o Heat: Pedal to the Metal, que foi vendido por R$ 500,00, e hoje se encontra facilmente no mercado de usados por menos de 10% de acréscimo. E se o jogo seguir o padrão dos demais jogos, é bem possível que em alguns meses ele custe bem menos, especialmente quando surgirem cópias usadas.
Outra coisa que foi muito incentivada pelas editoras, é a necessidade de "rodar a coleção", para poder conseguir acompanhar os altos preços. Com isso, boa parte da comunidade boardgamer, compra o jogo, fica com ele durante algum tempo, e depois vende para inteirar o preço do "melhor jogo de todos os tempos da semana". Então veja que as mesmas editoras que fazem com que o mercado nacional de jogos exista, também não tem o menor compromisso de solidificar esse mercado lançando produtos a serem vendidos constantemente.
Mas verdade seja dita, até no exterior as coisas meio que funcionam assim, e jogos que fizeram um sucesso enorme, não tem novas tiragens mundiais, e muitos deles ficam foram de catálogo (out-of-print) por anos. Isso faz com que o hobby seja fortemente baseado no culto ao novo, e por isso, quase não se fala mais em jogaços como Scythe, Blood Rage ou Imperial Assault. E olha que todos os três mesmo com 10 anos de lançados ainda são TOP100 do BGG (Scythe #18, Blood Rage #55 e Imperial Assault #75). Claro que para muita gente com mais tempo de hobby, esses jogos talvez tenham enjoado, mas sempre tem gente descubrindo os baorda gems modernos todos os anos, e que poderiam jogar esses jogos fenomenais pela primeira vez, e isso no mundo todo. Para mim, isso ais do que justificaria a sua produção com mais frequência, mas não é o que acontece, porque no universo dos board games o que importa mesmo sempre o jogo novo recém lançado.
Nesse sentido, é uma pena que as editoras gringas não tenham aprendido com a Hasbro, que produz e ainda vende para caramba o Monopoly e o Clue, e que as editoras nacionais não tenham aprendido com a Estrela e a Grow, que até hoje produzem e vendem tiragens gigantescas do WAR, do Banco Imobiliário, do Detetive, do Imagem & Ação, entre outros. Todos esses jogos têm décadas de idade, são ultrapassados mecanicamente, mas ainda assim batem um bolão em termos de desempenho em vendas, justamente porque as empresas envolvidas com esses "jogos clássicos", preferiram consolidar um mercado onde seus produtos continuariam sendo produzidos e vendidos por décadas, do que investir na efemeridade de lançar um jogo hoje, esgotar a tiragem, e nunca mais tocar no assunto.
É isso que eu penso sinceramente, e é isso que eu defendo.
Para terminar, mais uma vez obrigado pelos elogios e pelo apoio, e "vamusimbora", continuar jogando, escrevendo e debatendo sobre board games, um assunto que todos amamos.
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio