Ciro::Sempre q eu vejo o pessoal reclamando de preco, eu me pergunto...
Pq nao importa o jogo entao?
Pq nao abre uma editora e fica rico, afinal eles cobram precos exorbitantes e devem ficar ricos, certo?
Vivem em qual pais que a cotacao nao eh os 6 reais para 1 dolar q a gente paga? Ou que a taxa de importacao nao chega a quase 100%? (Taxa importacao, icms)
Pq nao abrem uma empresa para se deliciar com os custos de manutencao de uma empresa... assim como os custos em ter funcionario... alem do risco de trazer um jogo e floopar.. o que é capital parado e prejuizo para a empresa
Custos de logistica, marketing, estoque... etc
Esta caro?? Nao compra
Eh o melhor que vc pode fazer
Nada contra o criador do topico... eh mais fadiga desse pessoal reclamando de preco
Vivem em uma realidade paralela... pq no Brasil nao pode ser
Nao devem acompanhar os precos da habitacao, automoveis, ensinos de qualidade, vestuario, restaurantes e etc...
Gostam de comparar preco do jogo em relacao ao salario minino, mas esses outros itens (carro, casa, etc..) que falei, acha q esta como?
Caro
Ciro
Eu sou uma das pessoas que normalmente critica o alto preço dos jogos, e numa boa, eu não vivo em nenhuma realidade paralela não.
Nesse sentido, eu concordo totalmente consigo, de que nós temos uma moeda fraca, nossa infraestrutura, principalmente de distribuição e frete é ruim, de que a carga tributária é escorchante, de que a corrupção é altíssima, e que a concentração de renda aqui é uma das maiores do mundo, de modo que o grosso da população mal tem dinheiro para subsistir, quem dirá consumir alguma coisa supérflua como jogos de tabuleiro.
Eu concordo com tudo isso, mas o problema que eu vejo é que esse alto Custo Brasil não pode ser apontado como um salvo conduto para as ilegalidades que as empresas em geral cometem, como sonegar impostos e violar o CDC, nem para práticas eticamente reprováveis como manipulação de preços, fatiamento do mercado, formação de monopólio, promoção indiscriminada de HYPE e FOMO, (essa última específica das grandes editoras nacionais de jogos), entre outros estratagemas deploráveis. E exemplos disso não faltam:
Quando a Conclave mentiu descaradamente para seus apoiadores de que o atraso de mais de dois anos do Old World, foi culpa exclusiva da fábrica chinesa, com aquela historinha de mudança da paleta de cores (o que foi desmentido pela editora gringa), o que é que isso tem a ver com Custo Brasil? Nada.
Ainda em relação ao Old Wolrd, quando a Conclave decidiu unilateralmente que só iria devolver uma parte do dinheiro pago pelos apoiadores que resolveram devolver o jogo, descontando 20% ilegalmente, o que é que isso tem a ver com Custo Brasil? Nada.
Quando a Devir relançou o Stone Age sem usar nenhuma precificação que fosse, mas apenas tacando o preço altamente inflacionado do Mercado de Usados, por conta da escassez, o que é que isso tem a ver com Custo Brasil? Nada.
Quando a Devir lançou o Guerra do Anel, com uma tradução defeituosa, e disse em um comunicado que só reveria os erros que na opinião dela eram graves, o que quer dizer nenhum, o que é que isso tem a ver com Custo Brasil? Nada.
Quando a Grok foi à público em uma live, e disse inicialmente que os erros do Ark Nova tinham acontecido apenas em um meia dúzia de cópias, quando todo mundo viu que o problema erra muito mais grave, a ponto da editora não ter jeito a não ser se resignar a consertar o jogo, o que só ocorreu pelas inúmeras reclamações e porque as pessoas começaram a devolver o jogo e pegar o dinheiro de volta, o que é que isso tem a ver com Custo Brasil? Nada.
Quando a CopyCat tentou na maciota vender o APEX Legends versão standard, pelo preço da versão de luxe, e depois ainda saiu com aquela historinha de que baixou o preço porque "ouviu a comunidade", quando todo mundo sabe que isso só ocorreu porque as pessoa denunciaram isso, e ninguém estava embarcando nessa furada, o que é que isso tem a ver com Custo Brasil? Nada.
Quando a Galápagos lança jogos mofados de fábrica, descobre que eles estão mofados, e ao invés de recolher o jogo continua vendendo, e depois ainda faz "promofões" com desconto, ao invés de consertar esse erro, e quando a empresa ainda por cima não faz nada para resolver esse problema sério, tanto que isso se repete várias vezes, o que é que isso tem a ver com Custo Brasil? Nada.
Quando a Galápagos tentou, sem sucesso felizmente, estabelecer uma política de monopólio na venda, no caso do Frostpunk (porque a produção e lançamento dos jogos no mercado nacional ela praticamente já monopoliza), estabelecendo que o jogo só seria vendido inicialmente em 4 lojas, e só depois de meses é que estaria disponível nas outras, o que é que isso tem a ver com Custo Brasil? Nada.
No caso do Cyclades, o que se está contestando é o uso de dois pesos e duas medidas, como inclusive eu já disse em comentário anterior. Quando o jogo vem com miniaturas, ele é caro por causa das miniaturas, que é o que as editoras alegam para justificar o alto preço cobrado. Mas quando o jogo vem sem as miniaturas, ele continua vindo muito caro, e as miniaturas deixam de ter qualquer peso no alto preço do jogo. Isso demonstra que o que a editora fez foi reduzir os custos para maximizar os lucros mantendo o mesmo preço elevado, em prejuízo dos compradores. Além disso, a editora apostou no resultado do HYPE e do FOMO que ela mesma promoveu maciçamente, para lançar um jogo em que as miniaturas são o diferencial, sem elas no jogo base, e ainda cobrar muito mais caro pela versão com miniaturas, conforme o Lorenzo (
LrzPlays) relatou.
Obviamente, apesar de ser uma tática comercial altamente reprovável, pelo menos isso não tem nada de ilegal, de modo que a editora realmente pode fazer isso. Porém, do mesmo modo, os boardgamers (eu entre eles) que acham isso um absurdo, e realmente é, têm todo o direito de denunciar e reclamar dessa prática injusta, indecente e míope no longo prazo.
Outra coisa que não tem nada a ver com o Custo Brasil, mas principalmente com o HYPE e o FOMO, é que normalmente os jogos saem super caros nos lançamentos, para se aproveitar da ânsia da comunidade boardgamer de consumir novidades, pagando o preço que for. Depois de apenas alguns meses, esse mesmo jogo caríssimo no lançamento, baixa de preço. Um ano depois, dependendo do jogo, o preço cai pela metade. Isso demonstra claramente que o preço dos jogos no lançamento é superfaturado. Isso demonstra também, que certamente haveria margem para um preço menor, se não fosse a ambição desmedida pelo lucro fácil e rápido. Essa é uma situação corriqueira no mercado nacional dos jogos de tabuleiro, e exemplos não faltam, para não me deixar mentir. Todo mundo sabe disso.
E essa estratégia (lucro alto no curto prazo) só funciona pela forma como as grandes editoras manipulam o hobby em todos os sentidos. São elas, e mais ninguém, as principais fomentadoras do HYPE e do FOMO. Com isso elas perpetuam e reforçam o conceito fortemente estabelecido, de que aquele jogo recém lançado é o "melhor jogo de todos os tempos e obrigatório na coleção", mesmo que em cada mês seguinte haverá outro lançamento do "melhor jogo de todos os tempos e obrigatório na coleção". Além disso, são as grandes editoras, que controlam as tiragens, e que promovem a ideia de que se a pessoa não comprar no lançamento, se sujeitando ao preço caríssimo, ela ficará sem o jogo e nunca mais conseguirá comprá-lo. Nada disso tem a ver com Custo Brasil, mas sim com fazer muito dinheiro, no menor espaço de tempo possível, desprezando a consolidação do mercado, e optando pelo estabelecimento de produtos com pouca longevidade, em termos de produção e venda. Infelizmente, esse modus operandi não é uma exclusividade das grandes editoras nacionais de jogos, mas elas não pensam duas vezes antes de seguir essa cartilha.
Então veja que o Custo Brasil realmente existe e que é muito árduo ser empresário no Brasil, e isso ninguém discute. Mas isso não pode ser visto como uma carta branca para os absurdos cometidos pelas editoras, que foi o que deu para entender do seu comentário ("as pessoas reclamam dos preços, mas esquecem do Custo Brasil"), como se o Custo Brasil fosse uma justificativa aceitável para esses mandos e desmandos e inclusive ilegalidades.
Por fim, eu entendo que eu penso de um jeito e você pensa de outro, e tudo bem, um fórum é assim mesmo, e é natural as pessoas divergirem. Mas, numa boa, entre a sua forma de pensar, que eu respeito mas discordo totalmente, e a minha forma de pensar, eu acredito que tem muito mais gente que concorda mais comigo do que consigo.
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio