davimds::BoizaoFurioso::O proletariado sequer compra jogo. Tampouco irá reclamar que conseguiu juntar dinheiro meses antes do lançamento porque aquilo que foi programado atrasou, nós estamos no Brasil. Você disse em algum comentário não com essas palavras mas dando um sentido como: Em virtude do atraso do jogo o sujeito junta grana por mais de 1 ano e se frustra. Porra, considerando o preço dos jogos um ferrado de verdade precisaria de uns 2 anos juntando para comprar um jogo mais caro. Esse cara sequer sabe que esse hobbie existe. Seguindo essa narrativa o sujeito acharia é bom do jogo atrasar, teria mais tempo para acumular dinheiro.
Esse hobbie é sim ultra pequeno e nichado, principalmente no Brasil, e é exatamente por isso que as editoras nacionais têm tantos problemas. O cara para ter esse hobbie (não quem tem um jogo ou outro) tem que ser no mínimo classe média alta, o que torna o mercado potencial consumidor minúsculo. Nossos impostos são escorchantes, tornando a atividade de empreender e ser consumidor na área insalubre. Empreender já é difícil aqui, em uma área que o core é importação, torna ainda mais impossível.
Para se nacionalizar um jogo é necessário uma penca de funcionários (que são caríssimos, mesmo o funcionário recebendo pouco, pois o Estado mordendo sua parte enorme), importação de produtos (o que é praticamente inviável), logística ridícula (e cara devido ao Estado), burocracia estatal, ter que molhar a mão de meio mundo se quiser fazer a coisa rápido para agradar o palmeirense, manicômio jurídico (principalmente tributário) de custo colossal... e quem financia isso? O consumidor. Mas, justamente por isso e outras coisas, se torna um mercado de luxo que poucos têm acesso. E se poucos consomem você não tem escala e também não consegue diluir seu custo absurdo.
É um ciclo, e para isso mudar é necessário uma coisa: Diminuição de impostos, até mesmo para surgir mais players (empresas atuantes na área) internos e externos, aumentando a oferta de produtos e reduzindo os custos, atraindo mais consumidores. As empresas são apenas reflexo da fome Estatal, que é o verdadeiro vilão dessa história.
Entendo que você está bem equivocado, ainda que o hobbie seja nichado e elitista a grande maioria é sim proletariada, não apenas master ricos.
Você pode estar confudindo uma pessoa de uma Camada mais operacional com salário mínimo como único representante do proletariado, e ainda assim estas pessoas por mais que muitas infelizmente não tem acesso, algumas poucas fazem parte do hobbie.
Agora a camada de outros proletários, mesmo que pessoas que ganhem sei lá, 10 mil ainda são proletários (aliás bem mais que isso também mas só um exemplo) e ainda precisam se programar pois tem outros gastos e 10% do salário em um hobbie não é simples, pode de repente não precisar juntar o ano todo, mas alguma programação é necessária.
Concordo que um grande problema é a baixa qtde e com isso encarecimento do produto por tiragem insuficiente, tem custos agregados, mas daí a falar que o formato que a editora trabalha anunciando sem dar prazos não prejudica o consumidor é um pulo gigante, eu já vi outras pessoas e já deixei de comprar jogos que acharia legal esperando outros que viriam porque tenho um valor limitado, jogo não vem ou atrasa mais e isso prejudica sim um planejamento.
Entendo seu ponto, mas a questão primordial para atraso de jogos (que para mim sequer é um problema) também é o Estado. Ele interfere no tamanho do hobbie, tamanho do mercado, questões burocráticas, custos de produção... tudo. A culpa menor é das produtoras, ainda mais em um mercado que vive de importação.
No tocante ao perfil dos jogadores, como eu já disse no comentário anterior, são no mínimo classe média alta, falei expressamente. Óbvio que nem todos são absurdamente ricos, mas ao menos são pequenos burgueses. Quando foi cunhado esse termo "burguês" foi direcionado para pequenos comerciantes, pois os verdadeiros ricos era a aristocracia, a qual incluia o Estado, a igreja e os amigos do rei. Curiosamente justamente quem cunhou o termo e atacava a classe não eram o proletariado, e sim a aristocracia, os verdadeiros ricos, que se sentiram incomodados com a mobilidade social e a perda da exclusividade. É assim até hoje. Fato é que esse burguês (classe média alta e rico) são poucos, e mesmo que consumam muito é impossível ter escala e tornar o negócio de fato rentável, o que, por óbvio, acabaria por torná-lo mais acessível, é um ciclo.
E sim, o classe média alta nominalmente está infinitamente mais próximo do pobre que do multimilionário. A classe média depende do seu trabalho, a aristocracia detêm os meios de produção em massa. Mas, em questão de padrão de vida (que também inclui o consumo) ele está bem mais próximo do rico que do operário. Isso é isso que acaba refletindo no hobbie, somente os dois grupos têm acesso ou sequer vão se interessar.