Legal seu top! Mas gostaria que falasse um pouco do porque ter curtido cada jogo.
Sem contar com o Dobro, eu não joguei nenhum dos jogos que você citou... XD Então não posso nem palpitar sobre eles.
Esse ano foi meio morno para mim em termos de lançamentos. Para ser bem sincero a maioria não me chamou tanto a atenção.
Acabei jogando muitos jogos novos (para mim) que na verdade já haviam sido lançados anteriormente.
Meus favoritos com certeza foram:
Abluxxen
Partidas > 20.
Meio escalada, meio batidinha. Completamente fora da casinha.
O que mais gostei em Abluxxen foi a maneira como o jogo dá um nó na nossa cabeça! Quer dizer, esse é um jogo simples, não é mesmo? Até é, mas certamente não é daquele tipo de carteado que a gente enjoou rapidamente por aqui. E o mercado está recheado deles, infelizmente... Precisamos insistir e jogar diversas partidas para pegar a malícia do jogo, para entrar no fluxo de verdade e começar a perceber quais são as estratégias válidas e as barcas furadas. Nesse jogo o objetivo é bater, mas antes disso baixar o máximo de cartas possível. Ou pelo menos mais do que os seus adversários. O problema é que os adversários podem fazer as cartas já baixadas retornarem para a sua mão! O jogo cria brecha para diversas táticas inusitadas, como deixar seu jogo exposto apenas para refrescar a sua mão e não apenas proteger os seus jogos com cartas mais fortes. Se você pode chamar um carteado de "jogo inteligente", certamente será esse daqui.
O que menos gostei é que infelizmente a sua curva de aprendizado pode se tornar uma barreira real para alguns jogadores. Como eu disse anteriormente, foi preciso insistir um pouco para que as pessoas da minha família tomassem gosto por ele. Então é de se pressupor que Abluxxen não se saia tão bem em mesas que tenham apenas jogadores mais casuais, que compõem justamente o seu público alvo.
Spicy
Partidas: perdi as contas!
Basicamente um jogo onde devemos mentir de maneira elegante.
O que mais gostei, antes de mais nada, foi da sua simplicidade e acessibilidade. As regras são ridiculamente fáceis e dá pra jogar com qualquer um. Depois disso, esse é um jogo em que blefar é algo incentivado. Mais do que isso, saber blefar bem é algo necessário. Diferente de seus concorrentes mais próximos, em que mentir é algo circunstancialmente positivo, em Spicy é inevitável. Sabendo de tudo isso, o jogo gira em torno de acertar o momento adequado para ludibriar os adversários. E não há nada muito além disso que eu possa comentar. Fora que também se trata de uma corridinha. Portanto traz aquele friozinho na barriga típico de jogos do tipo, já que descer todas as suas cartas te rende muitos pontos, ainda que não garanta a sua vitória. E evitar que os outros façam isso também é imprescindível para escapar de uma derrota humilhante. Ele entra para aquele grupo de jogos que tem potencial para extrapolar a bolha do hobby e tornar-se um clássico. Ainda não encontrei alguém que não tenha curtido jogar Spicy.
O que menos gostei foi que não encontrei muitos pontos negativos para escrever aqui e talvez isso seja algo realmente preocupante ou eu simplesmente não joguei o suficiente para enxergar os seus "defeitos". Ainda que seja um jogo bem simples, não enjoamos dele. Vi algumas pessoas reclamarem da escassez de informações, que não dá para contar contar cartas e nem elaborar uma estratégia eficiente de verdade. Acho bobagem! O jogo não é sobre isso. É sobre perceber e sentir os sinais. É sobre saber manter a cara de pau.
Nem a Pato!
Partidas: também já perdi as contas...!
Jogo de trivia, conhecimentos gerais, em que não é preciso saber a resposta da pergunta, mas tentar não extrapolar o limite do bom senso!
O que mais curti foi que o autor, Rodrigo Rego, conseguiu se superar novamente, como tem feito a cada novo jogo lançado! E esse é, de longe, o que mais nos agradou por aqui! Ainda mais que o Fora de Ordem, outro queridinho. É impressionante como rapidamente o jogo deixa todos os participantes engajados e sempre consegue nos surpreender com um questionamento mais absurdo do que outro! Certamente o jogo não teria a mesma graça se os jogadores tivessem ao menos uma boa ideia de qual é a resposta correta de cada proposta. Para quem ficou boiando, o jogo não obriga você a saber a resposta certa e sim dar um palpite. Só que esse palpite não pode ser esdrúxulo demais ao ponto de fazer com que as pessoas duvidem da sua resposta (ou da sua sanidade). A graça está em escalar o grau de absurdo da resposta para tentar jogar a bucha para os adversários, no melhor estilo batata quente.
O que menos curti foi o fato de que não tem jeito... jogos do tipo tendem a se esgotar rapidamente! O próprio autor aparentemente conseguiu resolver esse "problema" do gênero em seu lançamento mais recente, Passaporte Mundo. Mas o fato é que chegamos a jogar mais ou menos umas 20 partidas de Nem a pato! (o que é bastante, viu?) e já deu para repetir muitas e muitas cartas... Já bateu o sentimento de que o jogo se esgotou. Pelo menos dá pra tentar jogar com pessoas diferentes e assim conferir ao jogo um frescor novo. No entanto, assim como o É Top!?: Variedades, Nem a pato! clama por uma expansão ou uma nova versão.
Micélio
Partidas > 10.
Jogo bem abstrato de controle de área e coleção de componentes.
O que mais curti nele foi a alta interação entre os jogadores! É um jogo de muita furação de olho, mas ainda assim flexível o suficiente para nunca se tornar frustrante para ninguém. Mesmo sendo atrapalhado, sempre dá pra contornar a situação. Outro aspecto que gosto bastante nele é a forma como se dá a coleção de cogumelos, com os nutrientes coloridos provindo de diferentes terrenos. Achei genial!
No geral é um jogo que curto muito jogar de forma mais relaxada. Mesmo sendo uma corrida, eu não sinto a urgência para sair baixando os cogumelos e isso até pode ser encarado como algo negativo, conforme verá adiante, mas esse eu gosto de jogar por jogar mesmo. Acho bom para matar o tempo porque a mecânica por si só é bem gostosinha! Eu costumo prolongar as suas partidas os máximo que puder. Algo que faço também em Coatl, outro jogo que eu adoro e que me traz uma sensação prazerosa semelhante!
O que menos curti foi o fato das partidas serem um tanto... voláteis demais, no sentido que variam muito de tempo de duração e de serem muito imprevisíveis! Não que isso me incomode muito, para falar a verdade. Mas tive partidas super rápidas, que duraram apenas 20 minutos, e partidas que pareceram se arrastar além da conta, durando mais de 1h. A sorte contribui bastante que isso ocorra, para mudar o cenário da partida. E por conta disso algumas partidas não tiveram clímax, aquela plenitude ou satisfação por ter concluído os objetivos a tempo.
Revive
Partidas = 6.
Euro de exploração e controle de área com diversas trilhas, construção de baralho e um motorzinho de produção muito da hora!
O que mais curti em Revive é a forma como ele consegue entregar uma experiência que é densa, de um jeito bem "leve", dinâmico e ainda assim tenso! De todos os jogos mais pesados que pude experimentar até hoje, esse foi o que conseguiu aliar melhor mecânicas tão díspares. Além disso é muito satisfatório conseguir fazer sua maquininha de pontos rodar, encadeando as ações. Para um jogo dessa complexidade, é surpreendente ver que mesmo as partidas por aqui tendo durado pelo menos 2h, em nenhum momento eu me senti cansado ou interessado que acabasse logo! Muito pelo contrário, ficamos apreensivos até o final. Algo que não ocorre em outros jogos mais consagrados que eu claramente não aprecio.
O que não curti tanto por incrível que pareça foi a parte visual, ícones e ilustrações, de forma geral. Não é que o jogo seja feio e nem que isso atrapalhe a partida em si. É que eu achei tudo meio sem graça... Faltou um pouco mais de inspiração, sei lá. Assim como o tema, achei tudo meio genérico demais, sem uma identidade forte por trás. Outro ponto que me frustrou um pouco foi a "construção de baralho", que não chega a ser exatamente isso. Não que eu esteja reclamando, pois a própria ideia de alocar cartas na sua máquina, para combinar com os slots, é sensacional! É só que me pareceu meio frouxa e displicente demais a ideia de ter uma mão atuante e outra reserva. Chega um ponto da partida que tanto faz tanto fez, pois as cartas que não vem para sua mão tornam-se irrelevantes para tocar a sua máquina e fazer suas ações.
Karvi
Partidas = 8.
Euro de alocação de dados com trilha temporal, movimentação ponto a ponto, realização de contratos e um combate meio mequetrefe, mas divertido!
O que mais gostei desse jogo é que eu não dava nada por ele, mas foi arrebatador! Logo que chegou se tornou o nosso vício! Jogamos 5 partidas em sequência. Depois tivemos que dar um tempo nele para acalmar os ânimos e refrescar um pouco a cabeça. Karvi é recheado de regras, mas não é um jogo complicado ou difícil demais. Eu consigo jogar tranquilamente com a minha mãe e minha noiva. Elas adoram aliás. Isso porque o jogo é bastante intuitivo e semelhante a outros jogos que a gente já curte. Por falar nisso, apesar de ser um jogo alemão, ele lembra e muito a pegada dos jogos italianos. Imagina um jogo tipo As Viagens de Marco Polo onde a gente realmente viaja (rs), assim é Karvi! rs O jogo é dinâmico e a gestão de recursos bem flexível. Até por isso eu não concordo com algumas críticas que foram feitas a ele, de que é um jogo arrastado. Já vou falar sobre isso. Também preciso comentar que há uma dose de sorte bastante relevante no jogo, com as cartas de cornucópia, elmo e karvi. Elas dão um tempero muito gostoso ao jogo! Mesmo quando nada contribui com seu planejamento, é possível desembaraçar a situação de várias formas. Elas te entregam aquela esperança no fim do túnel. Algo semelhante ao que ocorre em As Ruínas Perdidas de Arnak, onde matutando e fuçando um pouco a gente sempre encontra um jeitinho de fazer o que quer. No geral esse é um jogo delicioso! Só de escrever essas palavras já fico com vontade de colocá-lo na mesa novamente.
O que menos gostei foi que realmente vi um potencial enorme para tempo de espera entre turnos. Sendo possível prever com certa assertividade muitas jogadas anteriormente, algum jogador mais cracudo e competitivo pode facilmente abusar da paralisia por análise, criando um clima chato e cansativo na mesa. Honestamente, isso não aconteceu ainda por aqui! Todas as nossas partidas, mesmo as mais longas, foram bastante angustiantes no bom sentido, com todos focados, ansiosos e bastante envolvidos! Pensando em mil desdobramentos possíveis. O que talvez crie um certo ruído para algumas pessoas é a quantidade de ações livres permitidas em cada turno. Pode-se fazer muita coisa, criando assim aqueles turnos intermináveis. Ainda assim, não acredito que seja nada muito fora da curva. Já joguei diversos euros com peso e complexidade semelhantes que sofrem do mesmo "problema" e aparentemente isso não tem sido um ponto negativo pra os hobbistas. Especialmente para aqueles que curtem o gerenciamento de recursos e de elaborar bem o encadeamento de suas jogadas. Ao contrário, vão achar esse aspecto do jogo gostoso demais! Sem mais, Karvi é o meu favorito e se depender de mim, recebe o troféu de jogo do ano no Brasil!
Algumas menções honrosas:
Belratti só não entrou no meu top porque não joguei o suficiente. É um jogo de associação de palavras parecido com Dixit e com Código Secreto, só que cooperativo! Todos aqui curtiram bastante.
Heat é um ótimo jogo de corrida com construção de baralho, sem tirar nem por! Mas infelizmente não superou as minhas expectativas e ainda ficou algumas posições atrás de Quest for El Dorado e Lewis & Clark na disputa pelo meu coração.
Harmonies é outro ótimo jogo de quebra-cabeça. Ele reúne o melhor do gênero, mas aparentemente isso não foi o suficiente para desbancar Coatl e Azul da minha coleção, portanto também não entrou no meu top.