ChrisOliveira:: iuribuscacio::
Outro que vai pelo mesmo caminho é o Patrick Rothfuss, que aparentemente também abandonou a série Crônica do Matador do Rei (AKA O Nome do Vento). A CEO da editora disse em entrevista de 2020, que até hoje ainda não viu uma única palavra do livro 3, e que acredita que o Rothfuss não escreve nada dessa série desde 2011, quando saiu o segundo volume. E olha que a editora já pagou ao Rothfuss pelo livro. Mas se ele não encontra tempo para escrever, e houve até uma justificativa de doença nesse meio tempo, é no mínimo estranho, para não usar termo mais forte, que ele encontre tempo e saúde para escrever RPG, lançar outros livros e até um podcast, mas série que é bom, "neca de pitibiribas".
O Rothfuss é um cara que eu queria esquecer. O que eu já passei de raiva com esse senhor não tá explicado. Ele, mais ainda que o Martin, foi um dos responsáveis pela minha decisão (para a vida) de nunca mais (NUNCA) adentrar numa obra começada e não terminada. Ainda mais se forem aqueles "épicos" que saem toda semana, que começam cheios de promessas de experiências incríveis e inéditas (qualquer similaridade com os boardgames não é mera coincidência), sagas de três (sempre três) ou sete (sempre sete) livros com intrigas e "plot twists" e "cliffhangers" a cada capítulo e toda essa parafernalha tosca e clichê do entretenimento moderno.
Nunca mais embarco nesses "trens do hype" do entretenimento.
Ainda quanto ao Rothfuss, acho que a maior cretinice que ele fez foi promover aquela arrecadação para uma suposta instituição de caridade para "liberar" o suposto primeiro capítulo do doors of stone (depois de ler o tal do prólogo que é idêntico ao dos dois primeiros livros) e não ter entregue nada até o momento. O cara arrecadou mais de um milhão de dólares, mentiu na cara dura pra milhares de fãs que deram (e dão) suporte a ele até hoje e segue impune.
Enfim, foi mal o desvio do tópico (sou bom nisso). Boa sorte com os Tiny Epics para quem for comprar, aproveitem os que saírem pois daqui alguns dias vão estar sendo vendidos por 700+ (vide TE Dungeons)
Caro
ChrisOliveira
Meu camarada, eu concordo totalmente consigo.
Esse seu comentário me lembra muito uma frase que eu gosto muito, e cujo a autoria eu acredito que seja indeterminada embora a internet indique um ou dois autores. A frase diz o seguinte: "a inocência perdida jamais pode ser recuperada". Em outras palavras, depois que se sabe, que se vê, que se ouve ou que se lê, até dá para esquecer (e isso eventualmente por algum tempo), mas não dá para "dessaber", "desver", "desouvir" ou "desler", o que é muito diferente de esquecer. Se eu pudesse optar por isso, preferia nunca ter começado a ler o Martin e o Rothfuss, nem te assistido o Game of Thrones, cujo final foi tão absurdamente horrível, quanto a série era boa nas primeiras temporadas. E esse foi o desejo de muita gente, ou pelo menos ter parado na 4ª ou 5ª temporada. Supernatural foi outra série que era fantástica até a 6ª temporada depois foi só ladeira abaixo.
Tanto o Martin quanto o Rothfuss foram os criadores desse movimento que cada mais se alastrar pelos leitores do mundo de só começar a ler uma série de livros depois que ela tiver acabado. Com isso, se a capa do livro tiver um "Livro 1" estampada, muita gente não dá a menor chance. Esse pensamento é potencializado no caso do Brasil, em relação as séries que as editoras lançam o primeiro volume e depois abandonam sem dó nem piedade. Infelizmente no nosso país nem todos dominam o inglês a ponto de conseguir absorver satisfatoriamente um romance. As pessoas sempre ficam com medo de começar a ler e de repente do nada a editora demorar a lançar os demais volumes da série, para em seguida anunciar que não lançará mais nada. Tudo bem que a editora não pode perder dinheiro, e se as vendas do primeiro volume não foram satisfatórias a editora não vai continuar insistindo. Mas mesmo assim isso é um balde de água fria nos leitores que gostaram da série. Só que nesse caso, se a série estiver acabada, pelo menos a pessoa pode dar um jeito de correr atrás, especialmente contando com os atuais programas de tradução, cada dia melhores, caso ela n!ao domine o inglês.
Porém, quando o autor simplesmente não acabou de escrever a série, não tem jeito porque o livro não existe. Uma coisa que eu percebo, e talvez isso seja um elemento de aproximação entre livros e séries de TV é que alguns autores tratam seus livros como uma obra fechada, mas que faz parte de um arco maior que é a história central. O Mistborn que você citou é uma série que depende da leitura dos três livros. Por outro lado veja o caso do Harry Potter, ou do Percy Jackson. N!ao há nenhuma dúvida possível de que é muito melhor ler os livros na ordem e desde o início. Mas cada um dos livros de cada uma das séries traz uma história completa, com início, meio e fim.
Por outro lado, um autor com o John Flanagan da série "Rangers: Ordem dos Arqueiros" (também muito boa por sinal) adotou uma abordagem diferente. O primeiro livro é independente (início-meio-fim), mas os três subsequentes dependem da leitura dos volumes anteriores. Minha impressão é que isso foi feito para consolidar a série, porque nos livros seguintes, ele adotou o formato cada livro uma história independente. Na sua outra série "Brotherband", foi a mesma coisa, ou seja, início dependente e livros posteriores independentes.
Agora veja o caso de Morgan Rhodes (Queda dos Reinos) e Sarah J. Mass (Trono de Vidro). Ambas começaram a escrever suas histórias, de repente, a coisa foi crescendo, os livros aumentando (afinal em time que está ganhando não se mexe), e no final algo que era para ser uma trilogia acabou virando uma série muito mais longa (com queda de qualidade, na minha opinião diga-se de passagem), e a história que era apenas uma história excelente, acabou virando uma coisa épica, gigantesca e megalomaníaca, que levou muita gente a parar no meio, só pelo medo delas seguirem o exemplo do Martin e do Rothfuss. Do nada, parece que todo mundo passou a achar que é o Tolkien e que consegue escrever uma obra verdadeiramente épica com se isso fosse fácil, e ao alcance de todos. É como eu sempre digo: o ótimo é inimigo do bom e o excelente é inimigo dos dois. Assim, a pessoa às vezes abidca de escrever uma história simples e boa, para ficar com uma saga épica, apenas mediana.
É por essas e outras que eu sempre recomendo os livros do universo Dragonlance da Margaret Weis e do Tracy Hickman, bem como os romances do R. A. Salvatore da série A Lenda de Drizzt, apesar da maioria estar em inglês. Em ambos os casos os autores trabalham com o formato padrão de trilogia, estabelecido pelo Tolkien com o Senhor dos Anéis. Assim sendo, em português existe as Crônicas de Dragonlance (Dragões do Crepúsculo de Outono, Dragões da Note de Inverno, Dragões do Amanhecer da Pirmavera, e publicado anos depois Dragões da Chama do Verão). No caso do Salvatore já existe em português as seguintes trilogias envolvendo o elfo negro Drizzt Do'Urden: O Elfo Negro (Pátria - Exílio - Refúgio), Vale do Vento Gélido (O Fragmento de Cristal - Os Rios de Prata - A Jóia do Halfling), O Legado do Drow (Legado - Noite Sem Estrelas - Cerco das Trevas - Passagem para o Alvorecer) e Caminhos da Escuridão (A Lâmina Silenciosa - A Espinha do Mundo - Mar de Espadas). São ao todo 13 livros excelentes, sem contar a outra trilogia, e depois disso possivelmente a pessoa nem vai mais querer saber de Martin ou Rothfuss.
Quanto ao que o Rothfuss, ele pode até escrever bem, mas o seu comportamento é de um profundo mau caratismo. Primeiro ele pegou adiantado o dinheiro da editora, e tem quase 15 anos que não entrega um linha seque do terceiro volume. Depois ele arrecadou um dinheiro enorme com a promessa de doar para a caridade e que em troca das doações ele lançaria o primeiro capítulo do livro. As pessoas doaram e até hoje o capítulo não deu as caras. E isso não é nem o pior, porque o dinheiro das doações foi a instituição Worldbuilders do qual o próprio Rothfuss é o fundado e presidente, e que na teoria repassa o dinheiro para instituições e fundações mais sérias. Então fica a pergunta: se as pessoas vão doar para uma instituição, que depois vai repassar os valores para outra instituição final, porque moitvo não se doa logo direto para a instituição final?!?! Não precisa de muita imaginação para entender o que aconteceu com a maior parte do dinheiro das doações levantadas pelo Sr. Rothfuss.
Não bastasse o total desrespeito com os fãs, essa falcatruas e histórias muito mal contadas já me dão vontade de nunca ter ouvido falar em O Nome do Vento, por melhor que o livro seja.
Para terminar, depois de tantos anos de espera, hoje em dia eu adotou o caminho que muita gente já adotou também. Em outras palavras, se Martin e Rothfuss estão cagando e não respeitam os fãs, há anos, então já passou da hora dos fãs também cagarem para eles. Por isso, hoje é indiferente se as série serão finalizadas ou não. Eu só escrevi tanto sobre os dois, porque tenho certeza de que muita gente aqui do Ludopedia também curte literatura em especial fantasia. Desse modo eu tento dar uma outra perspectiva a quem ainda tem esperança de ver as séries, e procuro abrir os olhos dessas pessoas que tanto Crônicas de Gelo e Fogo, como a Crônica do Matador do Rei, não são as únicas séries de fantasia que existem. Tem muita coisa boa por aí e com um detalhe, já finalizadas. Por isso, melhor do que ficar se martirizando e esperando eternamente por um livro que nunca vem e talvez nunca virá, melhoi virar a página e partir para outra.
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio.
P.S. Mais uma vez me desculpam, mas eu acabei me descuidando de novo e saiu mais um "textão".