Relato maravilhoso, sincero e nem um pouco piegas. Com certeza espalharei esse texto em outras mídias, mesmo para "não boarders", pois além de ser uma ótima história de vida, ainda é um "tapa na cara" daqueles q ainda olham para nossas queridas caixas de papelão e pensam (ou até mesmo alguns têm a pachorra de abrir a boca para falar) coisas como "perda de tempo", "deixa de ser infantil e vai fazer algo de útil" ou "vc já não tem idade o suficiente para finalmente crescer e deixar de lado os joguinhos de criança?". Pra isso, está aqui, nesse tópico, a resposta: olha oq esses "joguinhos de criança" podem fazer por alguém?
Jetro::Os jogos de tabuleiro me dão algo que pouca coisa faz. Eles dão liberdade dentro de uma estrutura construída; os jogadores têm o espaço social para bater uns nos outros como carrinhos de bate-bate, enquanto permanecem seguros e presos. Todos competem para conseguir algo — seja para se tornar rei, resolver o quebra-cabeça ou salvar o mundo. Os objetivos e regras formam uma espécie de arena alegre em um game show de Gladiadores. No seu jogo, você pode estar tentando assassinar brutalmente o personagem de outro jogador, mas o jogo sempre garantirá que todos estejam se divertindo, que todos estejam seguros. Cada regra é uma rede de segurança, permitindo que você ande na corda bamba sem medo. Para alguém aterrorizado e incapaz de lidar com situações sociais, essa rede de jogabilidade e regras é presente inacreditável.
Essa foi uma das descrições mais brilhantes q já vi de um dos maiores benefícios de se jogar um jogo de tabuleiro. Parabéns ao escritor pela sensibilidade.
Jetro::Entrar no café pela primeira vez foi uma experiência estranha. Tínhamos chegado cedo, então estava quieto. Um casal de meia-idade estava jogando algum tipo de jogo abstrato do tipo Go no canto. O lugar era bem iluminado, cheirando a café e bolo. O zumbido suave da música e da conversa pontuado por explosões de riso. Foi… legal.
Muitas lojas de jogos são, francamente, bem intimidadoras de entrar, cheias de pessoas olhando feio para a porta quando ela teve a audácia de se abrir. Mas esse café de jogos de tabuleiro era uma coisa bem diferente. Achei a equipe ativamente prestativa, gentil e ao meu redor havia grupos de pessoas se divertindo abertamente. Para qualquer um que tenha muita ansiedade, isso é algo importante a ser enfatizado.
Para começar, todos foram legais. Tão legais. Não importa quem você é ou de onde você é. Se você está lá para jogar e se divertir, você se sairá bem nesses eventos. As pessoas só querem jogar juntas — e com você. Certamente haverá um jogo para você entre as prateleiras lotadas. Não só isso, mas todas essas pessoas diferentes terão suas próprias ideias sobre o que querem jogar, expondo você a jogos novos e inesperados de uma forma que não seja agressiva ou repressiva. Bem pelo contrário, na verdade, já que você pode escolher o tipo de jogo com o qual se envolver — aquele grupo vai jogar um jogo de blefe estilo partygame, enquanto este está pensando em um jogo de estratégia cooperativa mais volumoso. Há uma democracia em ação aqui, limitada pela regra simples de “vamos nos divertir” e governada pela loja e sua equipe. Conheci algumas pessoas realmente adoráveis lá e tive algumas noites incríveis.
É bem isso, já fui em luderias e eventos completamente sozinho, e só quem é tímido, assim como eu, sabe como é difícil só de entrar em eventos sociais, ainda mais sem ter ninguém em quem se apoiar (e se esconder). E não lembro uma única vez de ter sido tratado mal ou ignorado. Pelo contrário, as pessoas tentam ao máximo serem receptivas e te deixar confortável, mesmo quem não está trabalhando no local e, portanto, teoricamente não está ganhando nada com isso.
No início assusta sim, mas depois da apreensão inicial de puxar assunto com alguém e/ou perguntar por uma mesa vazia, não há mais o quê temer.
Jetro::Nem sempre é perfeito. Às vezes, as pessoas vão querer jogar um jogo que acaba sendo completamente ruim. (O mais memorável é que joguei Smash Up , um jogo tão insuportavelmente ruim que tentei ativamente perder só para terminá-lo, e ainda assim acabei ganhando.) Mas mesmo quando estava imerso em jogos que eu nunca escolheria jogar, esses momentos não pareciam uma perda de tempo.
No meu caso, eu sempre penso q é, no mínimo, uma história nova para se contar. Eu não lembro da minha maior vitória, mas lembro da minha pior derrota. Não lembro de várias das minhas "jogadas geniais", mas lembro bastante de algumas das minhas trapalhadas, de ter feito uma ação errada ou jogado fora um carta q me daria a vitória. Eu não lembro da minha primeira partida do jogo da minha vida, meu top 1, mas vou guardar eternamente, fotograficamente, a sensação de vergonha q um jogo me fez passar tendo q jogar um dado com o nariz enquanto passava por debaixo da mesa (sim,
Dungeon Fighter, estou falando com vc). E foram todos momentos que me divertem até hj. E que bom que tenho os boardgames para me proporcionar isso.