Thales Muller::Proposta de Valorização e Melhoria dos Trabalhadores Brasileiros
Como brasileiro e descendente de escravos, sinto uma certa tristeza ao observar a mecânica dos trabalhadores brasileiros no jogo. Compreendo que o jogo segue eventos históricos, e que tanto os brasileiros quanto os escravos foram deixados de lado após a abolição da escravidão no Brasil.
No entanto, para me envolver completamente com este jogo e apreciá-lo plenamente, senti a necessidade de criar uma regra alternativa para os trabalhadores brasileiros. Embora eu não seja um designer de jogos, gostaria de ouvir a opinião de vocês.
Pensei em algumas sugestões:
- Atribuir pontos de vitória extras para quem tiver mais trabalhadores brasileiros.
- Conceder pontos de vitória adicionais para expansões que utilizarem exclusivamente trabalhadores brasileiros.
- Permitir que os trabalhadores brasileiros produzam mais (embora isso possa desequilibrar o jogo).
- Contar cada trabalhador brasileiro como dois trabalhadores (o que também pode ser desbalanceado).
Minha intenção não é quebrar o jogo ou alterar seu design a ponto de exigir mudanças no manual ou no tabuleiro, mas sim valorizar os trabalhadores brasileiros e, não apenas, utilizá-los como 2 critério de desempate.
Agradeço desde já a todos que contribuírem com esta discussão.
Esse jogo tava na minha prateleira da vergonha e esse tópico me deu vontade de colocar na mesa e fiz isso ontem, então primeiramente obrigado pelo tópico.
Sobre o debate e enquanto professor de História posso dizer que discordo bastante da proposição original, tanto sobre o tema quanto sobre a sugestão de house ruling. Acho que o manual contextualiza muito bem a questão da imigração no Brasil a partir de fins do século XIX e a política de embranquecimento que se estende do Império aos primeiros anos da República. Entendo que o jogo - que tem uma mecânica muito bem amarrada ao tema - tem sucesso ao mostrar a facilidade, e incentivo, de contratação de imigrantes por parte da elite nacional.
Nas primeiras fases do jogo há claramente um movimento voltado para expansão cafeeira com uso de mão de obra estrangeira, observado tanto na quantidade de imigrantes disponiveis para contratação, quanto pelas peças de expansão, que em sua maioria são de fazendas de café. Com o passar dos anos, e das fases do jogo, há uma redução da entrada de estrangeiros nos portos e é justamente isso que "valoriza" o trabalhador local, já que provavelmente você vai precisar contratar brasileiros, ainda que custem mais caro, se quiser preencher suas expansões, que nesse momento vão mostrar muito mais indústrias que fazendas. Essa referência ao processo de industrialização e necessidade do trabalhador nacional casa muito bem com a política do fim dos anos 20 e, principalmente, dos anos 30. Minha única crítica ao jogo dentro dessa discussão seria, talvez, sobre a representação dos trabalhadores iniciais serem todos brancos, já que muito da mão de obra previamente existente no país era negra, formada por ex-escravizados e seus descendentes.
TL;DR: Achei que histórica e mecanicamente Imigrantes é um jogo que funciona bem e retrata de maneira compreensível esse recorte do passado do país.