Olá amigo tabuleirista, bora pra mais uma resenha?
Me chamo Hild e estou de volta aqui no canal porque precisamos falar de Marco Polo!
"As Viagens de Marco Polo" é um jogo de tabuleiro estratégico para 2 a 4 jogadores lançado em 2015 pela editora alemã Hans im Glück e pela Z-Man Games. Foi criado pelos designers italianos Simone Luciani e Daniele Tascini, conhecidos por seus jogos complexos e temáticos.
Aqui no Brasil, ele foi trazido pela editora Devir e hoje ficou mais conhecido como Marco Polo 1, já que em 2019 foi lançada uma continuação chamada “Marco Polo 2: A serviço do Khan”.
Marco Polo chegou em 2015 aqui no Brasil pela Devir
Marco Polo 1 é mais do que um simples jogo de tabuleiro; é uma jornada através da rota comercial mais famosa da história. Ambientado no século XIII, cada jogador assume o papel de um mercador viajante, seguindo os passos do lendário explorador Marco Polo pela rota da seda. O objetivo é acumular riquezas e renome enquanto viaja de Veneza, na Europa, até Beijing, na China, negociando mercadorias valiosas, estabelecendo rotas comerciais e cumprindo objetivos ao longo do caminho.
O jogo oferece uma combinação perfeita de estratégia e aleatoriedade. Os jogadores devem tomar decisões cuidadosas sobre onde viajar, como e quando chegar em Beijing, quais mercadorias comercializar e como usar seus recursos limitados de maneira eficaz. Cada escolha é crucial para alcançar a otimização necessária para fazer tudo o que precisa, pois se tem um jogo que pode ser chamado de “cobertor curto”, esse jogo é Marco Polo 1.
Viajar pelo tabuleiro é custoso mas tem suas recompensas. Invista!
A mecânica principal do jogo gira em torno da alocação de dados e movimento ponto a ponto pelo tabuleiro. Cada jogador recebe um conjunto de dados que representam os seus "companheiros" e pode usá-los para realizar várias ações, como viajar, buscar recursos, negociar contratos ou obter favores do khan. No entanto, os jogadores devem lidar com a limitação dos valores dos dados, tornando a tomada de decisão uma parte importantíssima do jogo.
Uma das características mais cativantes de "As Viagens de Marco Polo" são as habilidades especiais únicas de cada personagem (que são extremamente fortes), permitindo que os jogadores tenham estratégias diferentes para alcançar a vitória. Essas habilidades adicionam uma camada extra de profundidade ao jogo, pois os jogadores precisam adaptar suas estratégias com base nos seus personagens e nas condições do jogo.
Poderes dos personagens: Berke Khan se destaca na minha opinião.
Não há como negar que esse jogo se tornou um clássico dos jogos de tabuleiro, e para aqueles que acreditavam que Marco Polo 2 chegaria para substituir o primeiro, posso afirmar que quem pensou desse jeito estava profundamente enganado.
Marco Polo 1 não só continua existindo como se destaca.
Perto dos 10 anos de existência, Marco Polo figura no rank 89 do BGG e rank 54 da Ludopedia, enquanto Marco Polo 2 figura no rank 169 do BGG e rank 81 da Ludopedia.
E não é só isso caro leitor. Marco Polo possui 2.700 partidas registradas na Ludopedia, enquanto que Marco Polo 2 possui 656 partidas registradas no momento que escrevo esse texto (abril/24).
Sei que voce deve estar pensando agora – Mas calma ai! Essa diferença de partidas já era prevista considerando que o primeiro jogo é de 2015 e o outro de 2019. São quatro anos a mais de partidas registradas.
Sim, meu amigo tabuleirista, você tem razão, mas veja só que interessante. Se fizermos um recorte menor e atual, considerando apenas as partidas registradas neste ano de 2024, você vai descobrir que Marco Polo 1 já tem 104 partidas registradas esse ano contra 40 partidas de Marco Polo 2.
Não estou aqui querendo discutir qual versão de Marco Polo é melhor, longe disso. Ambos os jogos são formidáveis e curto verdadeiramente os dois. Vide as estatísticas expressivas tanto de ranking quanto de partidas registradas de ambos.
Só estou querendo afirmar que, após tanto tempo no mercado, ambos os jogos tem seu público e o lançamento do segundo jogo não matou o primeiro. Ambos continuam coexistindo normalmente.
Tabuleiro individual do jogador: ótima produção e belíssimos componentes.
No entanto, não estamos aqui para explicar o jogo, já que Marco Polo 1 esta no mercado há quase 10 anos e dispensa apresentação.
Estamos aqui para jogar uma luz sobre a maior polêmica existente acerca deste clássico. Afinal, As Viagens de Marco Polo é um jogo em que viajar não vale a pena? Dá pra ganhar o jogo apenas cumprindo contratos?
Pra responder essa pergunta precisamos entrar numa outra questão polêmica dentro do hobby sobre o que voce prefere? Jogar o mesmo jogo diversas vezes ou jogar vários jogos poucas vezes para conhecer uma gama maior de jogos?
Diante da enxurrada de lançamentos que o mercado nacional vem trazendo mensalmente, tenho a impressão que a segunda alternativa acomete a maior parte dos integrantes desse hobby. Afinal, nosso tempo é precioso e cada vez mais escasso. É difícil se dedicar a apenas um jogo. Compreendo e também sofro desse mal.
Em razão disso, infelizmente poucos são os jogadores que jogam Marco Polo 1 repetidas vezes a ponto de percorrer toda sua curva de aprendizado necessária para entender as nuances do jogo e suas estratégias.
Assim, ouso afirmar que a maioria das pessoas que dizem que em Marco Polo não precisa viajar, normalmente são pessoas que tem uma, duas ou cinco partidas de Marco Polo. Trata-se apenas de primeiras impressões.
Quem já jogou partidas suficientes de Marco Polo para passar por essa impressão inicial, vai te dizer que esse argumento não pode ser levado a sério.
Afirmo que viajar em Marco Polo não é somente importante como é crucial para vencer a partida. Não acredita nisso? Convido a entrar numa partida online de Marco Polo no BGA ou no Yucata e tentar ganhar o jogo sem viajar e apenas cumprindo contrato.
Viajar é imprescindível caro tabuleirista. E não se engane. O próprio jogo já deixa isso claro em seu nome.
Viajando você consegue mais pontos de final de jogo cumprindo objetivos e alcançando Beijing, bem como colocar os dois últimos entrepostos comerciais do seu tabuleiro do jogador também concede pontos ao final. E acredite, jogadores experientes quase sempre conseguem pontuar dessa forma.
Mas não é só isso. Viajar lhe confere renda imediata e também no começo de cada rodada quando seu viajante chega às cidades menores. Viajar lhe abre novas possibilidades de ações quando alcança as cidades maiores (muitas vezes ações mais fortes do que as ações básicas do tabuleiro), como também bônus imediato se você é o primeiro a chegar naquele local.
Renda (income) das cidades menores: vantagem significativa para vencer!
Todos esses detalhes lhe permite obter mais recursos e benefícios do que aquele outro jogador que esta focado somente em cumprir contratos.
Fatalmente, mesmo viajando, você irá conseguir cumprir contratos tanto quanto aquele outro jogador, pois tera mais recursos à sua disposição (provindas de renda e de ações melhores).
Possíveis ações das cidades maiores: Confere recursos mais caros gastando apenas 1 dado.
E mesmo se você não conseguir cumprir mais contratos que aquele outro jogador, a diferença não será suficientemente grande para aquele jogador que não viajou conseguir compensar a pontuação de fim de jogo que você ira fazer por ter chegado a Beijing, pelos objetivos cumpridos e pelos dois últimos entrepostos colocados.
Afinal, a pontuação de fim de jogo de quem viaja pode chegar a 50 pontos (25 pontos de objetivos de viagem + 10 pontos do primeiro a chegar a Beijing + 15 pontos de entrepostos avançados), sem contar 1 ponto a cada 2 recursos que sobrar em sua reserva pessoal, que apenas quem chega a Beijing pontua dessa forma.
Não dá pra comparar com a pontuação de fim de jogo de quem faz mais contratos na partida, que no caso, são 7 pontos.
Portanto, viaje.
Bônus das cidades maiores: Chegue primeiro e receba!
No início você tera a impressão que viajar é muito custoso, porém o que lhe falta é apenas planejamento. Marco Polo é um jogo muito estratégico que lhe obriga ter que traçar sua rota até Beijing já no início da partida, assim que receber a cartas de objetivos de viagem.
Você precisa projetar em sua cabeça onde pretende chegar no tabuleiro em cada rodada da partida para conseguir cumprir todas as localidades das suas duas cartas de objetivo e ao mesmo tempo passar por Beijing.
Formular essa estratégia de início é fundamental. A aleatoriedade fica por conta dos dados, que dependendo dos resultados nas rolagens será necessário ajustes na estratégia e adaptações de sua parte durante o jogo.
Ai que esta a diversão. Conseguir equilibrar estratégia e ajustes táticos durante a partida para buscar a melhor otimização do seu plano de jogo faz de Marco Polo 1 aquele clássico obrigatório para todo eurogamer que se preze.
Portanto, fuja do senso comum de colocar aquele jogo novo na mesa toda semana e tente se aprofundar mais em um único jogo para extrair a melhor experiência possível dele.
E porque não começar com As Viagens de Marco Polo? Você irá se surpreender.
Já jogou As Viagens de Marco Polo? Curtiu? Comenta o que você achou!
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